Os efeitos da pandemia do novo coronavírus estão sendo devastadores para a economia mundial. No Brasil, a pandemia tem efeitos similares a ponto de representar uma retração econômica nunca vista. Contudo, nem tudo está sendo desastroso e a notícia boa vem do campo, principalmente com o crescimento das agtechs.
O bom resultado do agronegócio em plena pandemia vem, pelo menos em partes, do esforço, dedicação e capacidade de empreender das “startups do agro”, que trabalham incansavelmente para identificar problemas e oferecer soluções para resolve-los.
Estas startups conseguiram, mesmo diante da crise, crescer e tornar a produção agropecuária brasileira no topo do mundo quando o assunto é produção de alimentos. Mas o que explica esse rápido crescimento das agtechs? E quais são os fatores que contribuem com isso?
O agronegócio sofreu menos com a crise e as agtechs tiveram grande participação nisso
De acordo com um levantamento realizado pelo IBGE, o agronegócio foi o único setor de maior relevância da economia brasileira que vem saindo ileso da crise. Tanto que nos meses de abril, maio e junho o setor registrou crescimento. Já o PIB do agronegócio registrou avanço de 0,4% no mesmo período.
Segundo Rafael Malacco, gerente de Desenvolvimento de Mercado da SIMA – Sistema Integrado de Monitoramento Agrícola -, alguns fatores fizeram com que o setor sofresse menos com a crise.
“A alta demanda de soja e milho no mercado internacional juntamente com a alta no câmbio do Dólar fizeram com que os produtores brasileiros encontrassem um cenário bastante lucrativo nesse momento de crise. Com isso, não houve muitos prejuízos para o restante da cadeia de fornecedores”, complementa.
Neste cenário as agtechs têm papel fundamental, principalmente devido ao fato de a grande maioria delas possuírem soluções que impactam diretamente no ganho de gestão dos produtores.
“As agechs oferecem diferentes funcionalidades que visam uma diminuição do tempo gasto para as tomadas de decisão e, que muitas vezes resultam não apenas em uma economia de tempo, mas principalmente uma redução nos custos operacionais”, indica Malacco.
Além disso as agtechs oferecem normalmente ferramentas digitais, característica que facilita a comunicação e integração das equipes e permitem que, mesmo à distância, todos continuem tendo acesso às informações importantes.
Tecnologia e inovação são fatores que impulsionaram agtechs
Como crescer em meio à crise? Essa é a pergunta que certamente todo empreendedor deve estar se fazendo neste exato momento.
Quem falar que tem uma única resposta estará mentindo, afinal é muito difícil falar que existe uma fórmula padrão. Mas a notícia boa é que algumas estratégias podem ajudar a resolver essa difícil equação.
Um dos segredos que mais funciona é sempre ter no planejamento estratégico os mais diversos cenários que podem ser enfrentados e como seria o comportamento da empresa em cada um deles.
Assim, planejamento, análise de mercado, análise de riscos e oportunidades são cruciais para que, mesmo em meio à atual crise, se tome as decisões corretas.
Além disso, os próprios resultados financeiros positivos obtidos pelas empresas do agro já são uma justificativa para que o produtor esteja aberto a realizar investimentos em tecnologia e inovação.
Outro ponto citado por Malacco é que normalmente essas empresas de tecnologia estão acostumadas a realizar vendas à distância, por meio de videoconferências. “Mesmo com o distanciamento social e pela prática do home office, não houve muitos impactos na parte comercial das agtechs”.
A pandemia por si só já acelerou o crescimento de agtechs
O cenário de pandemia fez com que tivéssemos que nos adaptar à novas rotinas de trabalho remoto, diminuição massiva nas viagens de negócios, e principalmente pelas incertezas que cenários assim nos trazem.
Com tudo isso, Malacco explica que houve uma busca maior pelo uso de tecnologias relacionadas à digitalização do campo.
“O processo de digitalização do campo é realidade clara dentro do agronegócio brasileiro. Os produtores e empresas do setor já perceberam que o uso de tecnologia e uma eficiente gestão baseada em dados é a chave para uma produção mais rentável e consciente. Mas na pandemia esse processo ganhou uma importância ainda maior”, diz.
O gerente de Desenvolvimento de Mercado da SIMA cita o crescimento da própria SIMA no período de janeiro a agosto de 2019 comparado com janeiro a agosto de 2020: “Houve um incremento de cerca de 220% no uso do nosso aplicativo em campo pelos nossos clientes. Tivemos, também um excelente resultado comercial com a entrada de novos clientes”.
Certamente, em épocas como essas de crise, fica clara a importância da gestão eficiente, eliminando custos desnecessários, utilizando produtos de maneira mais consciente e tendo uma comunicação clara e objetiva com toda a equipe.