Processo desenvolvido em Israel, o cultivo protegido não é considerado, exatamente, uma novidade no País. Depois de uma primeira tentativa em que sua adoção não foi sustentável, houve uma pausa e, nos últimos dez anos, a técnica vem sendo aplicada de maneira mais intensiva. Porém, por ser uma tecnologia relativamente nova, ainda não está sendo utilizada tão rapidamente quanto se gostaria.

Parte dessa demora é porque faltam técnicos agrônomos treinados na prática para ajudar o produtor, plástico para as telas e, ainda, tecnologias apropriadas para países tropicais e regiões quentes como Manaus (AM) e Belém (PA), onde crescem os cultivos de hidropônicos. Esse desafio em adaptar o cultivo protegido no País deve-se à nossas motivações: proteger a plantação da chuva, pragas, insetos e luminosidade excessiva, enquanto países como Israel, Espanha e Holanda querem evitar o frio extremo. É o que explica o pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Hortaliças, Ítalo Guedes.

Contudo, mesmo com essas adaptações, as vantagens do cultivo protegido são inúmeras:

1 – As telas funcionam como uma barreira contra a entrada de insetos nas plantações, facilitando o controle biológico de pragas e até mesmo doenças. Caso uma lagarta esteja entre as plantas, é possível inserir vespas ali, que não oferecem riscos ao plantio e eliminam a lagarta. No caso de fungos ou pragas, é possível usar bactérias que atacam as pestes. Tudo isso com impacto ambiental quase nulo.

2 – Além das doenças, as estufas protegem hortaliças e frutas, ou quaisquer que sejam as plantações ali cultivadas de condições adversas do clima. No entanto, é preciso atenção com a temperatura interna das estufas, para que eles não fiquem quentes demais.

3 – Com a transferência do plantio do campo aberto para ambiente fechado, há uma racionalização do uso de recursos como água e fertilizantes, tornando-os mais eficientes e econômicos. No caso do cultivo protegido convencional, é realizada apenas uma aplicação de agroquímicos ante quatro ou cinco em plantações comuns, pois não há vento ou chuva para “lavar” a plantação, aponta Guedes.

4 – A irrigação no cultivo protegido convencional também se torna maior devido ao gotejamento.

5 – No caso do cultivo protegido de hidropônicos e semihidropônicos, a irrigação é ainda mais eficiente e econômica, pois são usadas as quantidades exatas direcionadas para as raízes das plantas. E assim, perde-se pouco por evaporação.

6 – Segundo o pesquisador da Embrapa, ao final desse processo há produtos considerados mais limpos, seguros e de melhor qualidade, com um apelo visual mais atrativo junto ao consumidor. “O brasileiro compra muito pela aparência”, diz.

Entretanto, há ainda desafios a serem vencidos:

1- O mesmo consumidor que busca produtos mais limpos, seguros e com visual agradável, desconhece, de maneira geral, essas qualidades em alimentos cultivados em estufas. Mas para Guedes, isso é uma questão a ser trabalhada por profissionais de marketing.

2- É importante que o produtor busque informação – em parte, devido à falta de profissionais para ajudá-lo – e que já tenha experiência com a cultura que pretende trabalhar.

3- Pensando na manutenção da estrutura da estufa que tem vida útil de aproximadamente 15 anos, é importante optar por locais com baixa incidência de ventos, boa luminosidade e pouca sombra, distante de regiões que possam ser alagadas e se instalar próximo a lugares com bom acesso à energia elétrica e dos centros comercializadores.