O Brasil é um dos cinco maiores produtores mundiais de algodão, e também está na lista dos maiores exportadores. Com cerca de 2,8 milhões de hectares de área plantada, manter a produtividade na cotonicultura é um dos objetivos fundamentais do produtor. Isso inclui adotar as melhores estratégias de controle de pragas do algodão — que, se não combatidas da forma adequada, podem causar grandes prejuízos à plantação.

A lista de danos causados pelas pragas do algodão inclui prejuízos como:

  • redução na capacidade fotossintética das plantas pela diminuição da área foliar;
  • apodrecimento de maçãs formadas já na fase avançada de desenvolvimento do algodoeiro;
  • deposição de açúcares na fibra do algodão;
  • migração dos danos para outras culturas, como milho e soja.

Neste artigo, vamos falar sobre as 5 principais pragas do algodão no Brasil, explicando como elas agem nas plantações e quais medidas podem ser adotadas para o controle e prevenção dessas pragas. Continue a leitura!

1. Bicudo-do-algodoeiro

Considerada a principal praga do algodão, o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) é um besouro que, em sua fase de larva, desenvolve-se dentro dos botões florais e maçãs do algodoeiro.

O período crítico tem início a partir da emissão dos primeiros botões florais e perdura até o momento em que a planta para de emitir estrutura reprodutiva. Normalmente, esse período vai dos 30 aos 120 dias após a emergência das plântulas. O bicudo-do-algodoeiro causa o amarelamento das flores e pequenas perfurações nos botões, levando-os à queda em apenas poucos dias.

2. Broca-da-raiz

A broca-da-raiz (Eutinobothrus brasiliensis) é uma praga que atinge o algodoeiro na fase inicial do cultivo (período que compreende, em média, os primeiros 80 dias depois da semeadura). 

A fêmea desse besouro ataca as raízes da planta, na região da parte terminal do caule, onde deposita seus ovos. As larvas, ao se alimentarem, formam galerias na planta que aumentam de tamanho na medida em que os insetos crescem, interferindo no crescimento do algodoeiro e provocando o murchamento e ressecamento das folhas.

3. Mosca-branca

Outra praga bastante conhecida é a mosca-branca (Bemisia tabaci), que pode ocorrer durante todo o ciclo do algodão. Ela é, no entanto, mais danosa no início, porque retarda o crescimento da planta e promove a fumagina (desenvolvimento de fungos).

Mas, ao final do ciclo, também é importante manter a atenção em relação a essa praga, pois a mosca-branca pode provocar o chamado “algodão doce” — situação que ocorre com a deposição de uma substância açucarada na fibra do algodão.

4. Pulgão do algodoeiro

Por preferir brotações e folhas novas, o pulgão do algodoeiro (Aphis gossypii) ocorre no início da cultura do algodão. Essa praga atinge a planta tanto de forma direta quanto indireta, podendo causar danos de mais de 40% na produção. 

Em sua ação direta, o pulgão suga a seiva da folha, causando deformação e encarquilhamento (enrugamento foliar) da planta. Indiretamente, a praga também ataca o algodoeiro por ser vetor de viroses que causam danos significativos à cultura, como o vermelhão do algodoeiro e o mosaico-das-nervuras. Além disso, a alimentação dos pulgões também é responsável pela liberação de uma substância açucarada (chamada de mela), que favorece a formação de fumagina.

5. Percevejo-castanho

O percevejo-castanho ou percevejo-castanho-da-raiz (Scaptocoris castanea) atinge as raízes do algodoeiro no início do cultivo, penetrando no solo e dificultando a sucção de nutrientes pela planta — cujas folhas tornam-se amareladas e murchas.

Sem o controle adequado, o percevejo-castanho pode causar sérios danos à plantação, podendo ser capaz de reduzir a produção dos algodoeiros em até 100%.

Outras pragas do algodão

Além das 5 principais pragas do algodão mencionadas anteriormente neste artigo, há outros insetos que também são comuns na cotonicultura brasileira, podendo ocorrer tanto na fase inicial quanto em etapas mais avançadas do crescimento dos algodoeiros.

Veja outras importantes pragas do algodão no Brasil:

Curuquerê do algodoeiro (Alabama argillacea)

Também conhecida como “lagarta desfolhadora”, é muito comum em algodões que não possuem tecnologia Bt (que torna a planta resistente a essa espécie de lagarta).

Normalmente ocorrem no início do plantio, quando o algodão está na sua fase vegetativa, mas podem avançar para algodoeiros mais desenvolvidos. Também podem causar redução na capacidade de fotossíntese das plantas pela diminuição da área foliar.

Lagarta-do-cartucho ou lagarta do cartucho do milho (Spodoptera frugiperda)

Essa praga se alimenta desde a emergência das plântulas até a fase reprodutiva do algodoeiro. São importantes porque migram de outras culturas, como milho e soja, e infestam a planta permanecendo e se multiplicando sobre ela.

Seus maiores prejuízos ocorrem na fase reprodutiva do algodoeiro, alimentando-se dos botões florais e maçãs.

Lagarta do gênero Spodoptera na flor do algodoeiro (Crédito: Edson Nere)

Adulto da Spodoptera. Foto Edson Nere

Foto 1: Lagarta do gênero Spodoptera na flor do algodoeiro (Crédito: Edson Nere) | Foto 2: Lagarta adulta do gênero Spodoptera (Crédito: Edson Nere)

Tripes (Frankliniella schultzei)

Atinge o algodoeiro na fase inicial do cultivo, atacando brotações e folhas, e é responsável por sintomas como braonzeamento das folhas, curvamento da planta e encarquilhamento das folhas. Se não controlada da forma adequada, essa praga pode reduzir a produção em até 50%.

Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)

O ácaro-rajado ataca diretamente as folhas do algodoeiro, em seu terço médio, dificultando a capacidade de fotossíntese da planta. Seu ciclo de desenvolvimento é rápido, com duração média de 5 a 21 dias, e sua ação compromete o desenvolvimento dos algodoeiros, levando à queda das folhas e à produção de maçãs pequenas e fibras de baixa qualidade.

Como fazer o controle das principais pragas do algodão?

Existem algumas estratégias de prevenção e controle das pragas que ajudam a manter a saúde e a produtividade do algodoeiro. Dentre elas, estão medidas como o controle biológico, por meio de inimigos naturais como predadores, parasitoides e microrganismos, e o controle químico, no qual é feita a aplicação de defensivos específicos para a espécie de praga que atinge a plantação.

Outra medida recomendada para o controle de pragas do algodão é o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que abrange técnicas de controle e monitoramento que visam reduzir a população de pragas de modo que sejam evitados prejuízos à produção.

Segundo a Embrapa, o Manejo Integrado de Pragas inclui, além de técnicas de controle biológico e químico, táticas como:

  • Controle cultural, que inclui ações preventivas como rotação de culturas e manejo de plantas daninhas;
  • Controle genético, com a produção de variedades de algodão resistentes a pragas, por exemplo;
  • Controle comportamental, que envolve a utilização de substâncias, como hormônios e feromônios, que podem ajudar no controle da população de pragas.

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