Você já ouviu falar sobre as tigueras de algodão? Em um primeiro momento elas podem até parecer inofensivas, mas se não forem controladas corretamente, podem trazer muitos problemas, principalmente por serem um oásis para o bicudo, um terror na cotonicultura.
Por isso, é preciso monitorar a presença das tigueras no cultivo do algodão, além de ponderar eficientes medidas de combate para que a produtividade do algodão e o custo de produção não sejam comprometidos.
O que são as tigueras de algodão?
As plantas tigueras de algodão, também conhecidas como “plantas voluntárias” são plantas de algodão provenientes de caroços de algodão que caem sobre o solo durante a colheita (perdas na colheita) e que emergem na safra seguinte, se tornando uma planta infestante ou planta daninha, além de possibilitar maior multiplicação de pragas e doenças.
O pesquisador da Embrapa Algodão, Valdinei Sofiatti, explica que todas as áreas onde há o cultivo de algodão e que é feita a rotação de culturas (que é uma prática altamente recomendada) estão sujeitas à presença de plantas tigueras.
Dessa forma, o problema das tigueras de algodão ocorre principalmente quando se cultiva soja e/ou milho na safra seguinte ao cultivo do algodão. “Tal ocorrência faz com que essas plantas tigueras se tornem plantas daninhas, além de permitir multiplicação de pragas e doenças”, explica Sofiatti.
Danos causados pelas tigueras de algodão
Segundo o pesquisador da Embrapa Algodão, dois são os principais danos causados pelas tigueras de algodão. São eles:
- Competição por água, luz, nutrientes e CO2 com a cultura principal, caso da soja e do milho; e
- Multiplicação de pragas e doenças do algodão que acabam prejudicando as lavouras vizinhas de algodão.
Sofiatti explica que quando as plantas tigueras estão presentes no meio da soja e do milho, as principais pragas – entre elas o bicudo do algodoeiro – e doenças – como a ramulária – se multiplicam nessas plantas uma vez que não são controladas pelo produtor (não atacam a cultura principal). “Ao se multiplicar essas pragas e doenças migram para as áreas vizinhas que são cultivadas com algodão, infestando precocemente a lavoura”, diz.
O pesquisador cita que essa ocorrência aumenta a necessidade de aplicações de inseticidas e fungicidas, resultando em aumento do custo de produção e em muitas situações sendo capaz de reduzir a produtividade da cultura.
Como evitar e combater as tigueras de algodão?
Para evitar e combater a planta tiguera alguns passos tornam-se essenciais e precisam ser considerados pelo produtor.
O primeiro passo nesse sentido é buscar realizar uma colheita eficiente, com o menor percentual possível de perdas, evitando assim que plantas involuntárias do algodão possam emergir na safra seguinte.
Valdinei Sofiatti também não recomenda fazer o cultivo do milho na safra seguinte ao cultivo do algodão, devido à dificuldade de controle das plantas tigueras de algodão nesta cultura.
Já quando é realizado o cultivo da soja após o algodão, recomenda-se fazer o uso de herbicidas pré-emergentes seletivos à soja e que tenham boa eficiência no controle de plantas tigueras de algodão.
Além do uso de herbicidas pré-emergentes, o pesquisador da Embrapa Algodão salienta que existem alguns herbicidas pós emergentes utilizados na cultura da soja que tem um bom controle de plantas tigueras de algodão. “Dessa forma, para um controle mais eficiente eu indico utilizar ambos os herbicidas, ou seja, pré e pós emergentes”, recomenda o pesquisador.
Além disso, quando a variedade de algodão utilizada na safra anterior não apresentava transgênia para resistência ao herbicida glyphosate, o pesquisador indica que o uso desse herbicida na soja transgênica também pode ser uma forma de controlar as plantas tigueras de algodão.
“Mas, como a maior parte das novas cultivares de algodão possui transgênia que confere resistência ao glyphosate, em poucas áreas é possível fazer o uso deste herbicida para controlar as tigueras, sendo necessário pensar nas outras formas de controle”, finaliza Sofiatti.
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