É muito importante para quem vive do agronegócio entender as interações da cultura com o solo e o clima. “A disponibilidade de água para as culturas depende da quantidade de chuva e da quantidade perdida por evaporação do solo e transpiração das plantas, a evapotranspiração”, explica o analista de pesquisa da Embrapa Pesca e Aquicultura, Balbino Evangelista. “Por outro lado, o volume de água perdida transferida para a atmosfera depende, principalmente, da radiação solar, temperatura, umidade do ar e do vento. Mas a água das chuvas que chega ao solo também é perdida pelo escoamento superficial e para as camadas profundas, onde as raízes das plantas não conseguem penetrar.”

A quantidade de água nas camadas do solo, possível de ser absorvida pelas raízes, não é a mesma para todos os tipos de solo. Depende de características como tamanho e estrutura de suas partículas, expressas pelos teores de argila, silte, areia, e de sua densidade. Solos mais argilosos tendem a armazenar mais água. Solos mais arenosos apresentam baixa capacidade de retenção e disponibilidade de água. Os solos de textura média, por apresentarem boa capacidade de retenção de água e boa condição de aeração e fácil manejo, são considerados os ideais para a maioria das culturas.

Mas é preciso entender que o volume de água extraída do solo pelas plantas está diretamente relacionado ao volume do solo explorado pelas suas raízes. Um sistema radicular profundo irá explorar maior volume de água e deixar a planta menos sujeita a riscos de deficiências hídricas em períodos de estiagens, os veranicos. “Assim, do ponto de vista da agrometeorologia, os melhores solos para cultivo são os bem desenvolvidos (profundos), bem estruturados e com médias ou elevadas concentrações de argila, o que permite às raízes condições ideais para se desenvolverem e explorarem as camadas mais profundas na busca da água.” Nesses solos, a oferta de água é maior, o risco é menor, o período de semeadura é relativamente amplo e neles podem ser obtidas maiores produções de sementes, com melhor qualidade.

O ciclo de desenvolvimento total e cada fase fenológica da cultura depende do tempo que a temperatura permanece em limites toleráveis pela planta. “A essa soma diária da temperatura, dá-se o nome de graus-dia e significa quantos graus de temperatura são necessários para a planta completar seu ciclo de produção.” O fotoperíodo é função da exposição local aos raios solares e pode determinar o potencial produtivo. “Por exemplo, muitas cultivares de soja só entram em produção quando ocorre uma quantidade mínima diária de horas de brilho solar, ou seja, duração do dia com luz solar.” Esses índices variam durante o ano e entre as diversas regiões. Cabe à agrometeorologia analisar a ocorrência desses fatores para delimitar zonas de baixos riscos e, nelas, determinar as melhores épocas de semeadura. “O objetivo é ajustar o ciclo das culturas às melhores condições locais do clima, para minimizar os riscos de perdas de produção.”