O Brasil possui alto potencial hídrico, mas os altos custos produtivos dificultam o trabalho dos aquicultores, principalmente o preço da ração. Essa é uma das conclusões da Embrapa, que aponta uma despesa que varia de 70% a 80% apenas com esse insumo, exceto na malococultura (cultivo de ostra). A economista e pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, Andréa Muñoz, explica que as despesas restantes dependem, entre outros fatores, do sistema de produção utilizado, sendo os principais viveiros escavado e tanque-rede, além da intensidade tecnológica, gastos administrativos, alevinos, mão de obra e energia e combustível.
Uma das formas que os aquicultores têm encontrado para controlar o custo da ração é utilizar diferentes tipos de insumos para atender as exigências nutricionais dos peixes, de acordo com o crescimento dos animais. Além disso, outros mecanismos podem ser utilizados para racionalizar custos. “Em primeiro lugar, aumentar a eficiência do controle na propriedade, registrando todas as saídas e entradas de recursos, por meio de planilhas ou com o uso de softwares específicos para gestão de aquicultura, para melhor apurar a composição e evolução do custo de produção e das margens de rentabilidade do negócio”, sugere Muñoz.
Outro caminho é unir esforços por meio de associativismo ou cooperativa de produtores, para aumentar o poder de negociação na compra de insumos e formação de preços no mercado, além de atuar em conjunto com o poder público para o desenvolvimento de políticas para o setor. Outro passo importante é o desenvolvimento de canais de comercialização para a consolidação do setor aquícola como um todo, para oferecer ao mercado um produto com regularidade e menos dependente da sazonalidade da produção. “Abrindo novas oportunidades como fornecimento para alimentação escolar e ações de promoção de consumo de pescado em supermercados e outros pontos de venda.”
Entre as alternativas futuras e tendências para melhorar a lucratividade dos produtores, a pesquisadora aponta a realização de capacitações aos multiplicadores quanto ao manejo dos sistemas de produção (manejo alimentar, de qualidade de água, de biometria e despesca). Esses itens podem melhorar as taxas de conversão alimentar e, consequentemente, a rentabilidade e competitividade dos empreendimentos aquícolas. No caso dos peixes nativos, há necessidade de pesquisa para aprimorar o desenvolvimento de rações balanceadas para cada espécie e cada fase.