Estima-se que até um terço dos alimentos produzidos anualmente para o consumo humano se perde ou é desperdiçado! Segundo dados e informações da FAO esse volume equivale a cerca de 1,300 bilhões toneladas de alimentos. Por isso, ponderar medidas para reduzir o desperdício na produção agrícola é uma necessidade cada vez mais recorrente!
Pensando nisso, já há iniciativas em curso para criar um ecossistema global na indústria de alimentos proporcionando, a partir da tecnologia de blockchain, a máxima redução do risco e do desperdício na produção agrícola mundial.
Principais riscos que causam desperdício na produção agrícola
A agricultura é uma atividade que é fortemente marcada pela dependência dos recursos naturais, do clima e dos processos biológicos. Esta dependência reflete diretamente em muitos riscos que, dependendo da intensidade, podem ocasionar elevado desperdício das culturas e dos alimentos.
Assim, nessa atividade, vários tipos de riscos são passíveis de ocorrer com a produção agrícola, tendo nos riscos climáticos, de pragas, doenças e de queda de preço como os mais importantes.
O que acontece é que muitos destes riscos influenciam também na quantidade e volume de desperdício dos alimentos. Este desperdício pode estar presente em várias etapas da atividade, desde a colheita até o beneficiamento, armazenamento e transporte.
Por isso, gerar o máximo de informação em toda a cadeia de produção de alimentos, via blockchain, vem sendo uma medida adotada por empresas com bastante eficácia, pois irá reduzir os efeitos do risco e consequentemente o desperdício na produção agrícola.
“Uma rede de Blockchain conecta vários elos da cadeia agrícola, incluindo produtores, cooperativas, tradings e exportadores. Com essa rede, estes profissionais podem realizar transações, como de compra e venda, de maneira confiável”, explica cientista e pesquisador em Blockchain da IBM Brasil, Percival Lucena.
O compartilhamento de informações na cadeia ajuda também na tomada de decisão quanto ao armazenamento e logística, fatores que contribuem com a diminuição do desperdício.
Ainda de acordo com o pesquisador, os contratos inteligentes executados nesta rede podem depender de fontes de informações externas, conhecidas como Oráculos. “As informações disponibilizadas pelos Oráculos podem oferecer dados sobre riscos climáticos, melhor momento de colheita e riscos de pragas, podendo ser utilizados tanto pelos produtores quanto pela cadeia para a execução do plantio, manutenção, colheita e comercialização de produtos agrícolas”.
Benefícios da cadeia de blockchain na produção de alimentos
Muitas vezes a adoção de uma rede de Blockchain é um requisito mandatório de cadeias mais complexas, como no caso de vegetais no Brasil e produtos diversos em vários mercados.
Dessa forma, Lucena explica que a Blockchain torna todo o processo de rastreabilidade muito mais simples, permitindo muitos benefícios, como:
- Diminui custos deste processo;
- Protege e garante transparência na localização de cada produto e no desenvolvimento das colheitas;
- Possibilita e facilita processos de certificação no futuro;
- Ajuda nos processos de conformidade para mercados importadores que tenham a regulamentação especifica que pode ser provida pela rede de Blockchain.
Além disso, ao gerar produtos rastreáveis e diferenciar produtos sustentáveis, a blockchain ajuda a criar produtos de maior valor agregado, o que beneficia toda a cadeia. “Podemos citar o exemplo dos cafés especiais e produtos orgânicos, que já são rastreados no Blockchain e têm valor agregado maior”, completa o pesquisador.