Você é um produtor rural e anda tendo dificuldades em alcançar maiores produtividades da sua cultura? Vários podem ser os motivos para isso, mas a deficiência de nutrientes é um dos mais comuns.
Exatamente por isso, cabe ao produtor estar atento aos sintomas e a partir dele identificar quais são as deficiências para tomar as melhores providências, a fim de minimizar as perdas da plantação.
Dessa forma, alguns são os principais nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas, que, na ausência, apresentam um certo tipo específico de deficiência.
Principais nutrientes encontrados nas plantas e no solo
Para seu correto desenvolvimento, as plantas necessitam de nutrientes para completarem seu ciclo de vida. Elas absorvem estes nutrientes do solo, através das raízes, e através da sua parte aérea, através das folhas.
Neste sentido, Érico Corneta, pesquisador da Yara Brasil, explica que o Nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) são os três nutrientes mais importantes para o desenvolvimento das plantas, sendo denominados pela sigla NPK.
“Quando combinados e aplicados da forma correta, estes elementos garantem muitos benefícios ao desenvolvimento das plantas e a realização de seu ciclo de vida de forma completa”, complementa Corneta.
Contudo, cada um desses e muitos outros elementos é requisitado em quantidades diferentes. E, a partir dessa diferença, falamos sempre em macronutrientes (necessários em quantidades maiores), macronutrientes secundários e micronutrientes.
A diferença entre macro e micronutrientes é que o primeiro diz respeito a elementos requeridos em maiores quantidades, enquanto o segundo são aqueles necessários em menor quantidade.
“Podemos considerar que os macronutrientes são fornecidos em quilos por hectare, enquanto os micronutrientes são aplicados, na maioria das vezes, em gramas por hectare”, ressalta Corneta.
Para o diretor da Yara, esse conceito é muito importante para garantir que as lavouras recebam a adubação correta, sem excesso ou falta. “A deficiência de nutrientes vegetais é um problema, mas o excesso também”, afirma.
Ainda sobre isso, o Professor Tiago Tezotto, docente do Departamento de Ciência do Solo da Esalq/USP, ressalta que essa definição de macro e micronutrientes é estritamente em razão da ordem de grandeza da quantidade demandada na planta e não pela importância de cada elemento na sua composição.
“Para uma planta funcionar perfeitamente, a disponibilidade de macronutriente nitrogênio, por exemplo, tem papel tão importante quanto o micronutriente Magnésio. Ter isso em mente é fundamental”, garante.
Nutrientes: Por que são essenciais para plantas?
Para classificar os elementos como nutrientes, há a necessidade que eles atendam os seguintes critérios:
1. Um elemento é considerado essencial quando sua deficiência impede a planta de completar o ciclo de vida;
2. A função do elemento na planta não pode ser substituída por outro elemento; e
3. O elemento deve estar diretamente envolvido no metabolismo da planta.
Dessa forma, quanto um elemento químico atende essas premissas ele é classificado como nutriente ou elemento essencial.
Com base nisso, Érico Corneta explica que os nutrientes mais requeridos em quantidade pelas plantas (oxigênio, carbono, nitrogênio e hidrogênio — obtidos da água e do ar —, além de potássio, fósforo, cálcio, magnésio e enxofre) são essenciais para processos vitais da planta.
“Nas plantas, esses nutrientes são essenciais para realizar a transferência de energia, manutenção das relações hídricas e funções enzimáticas”, explica.
Já os micronutrientes constituem enzimas que, se não funcionarem corretamente, podem causar a morte da planta, além de serem responsáveis direta e indiretamente por enzimas dos mais diversos metabolismos.
Os principais micronutrientes são: boro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e zinco.
Dito isso, a deficiência nutricional é caracterizada pela ausência ou limitação no fornecimento de um nutriente, que influencia nas atividades essenciais do metabolismo da cultura.
Principais causas da deficiência de nutrientes nas plantas
Para Érico Corneta e Tiago Tezotto, as principais deficiências de nutrientes observadas nas plantas ocorrem em razão do fornecimento dos nutrientes aquém da demanda da cultura.
Dessa forma, para o professor Tezotto, a deficiência ocorrerá em razão dos seguintes acontecimentos:
- A exigência da planta é maior do que está disponível no solo ou adicionado via fertilizantes;
- Por fatores climáticos como temperatura alta, temperatura baixa e seca. “Estes fatores afetam a absorção do nutriente pela planta”, salienta o professor da Esalq;
- Por fatores do solo como compactação que reduzem o volume radicular das plantas para absorção dos nutrientes; e
- Por fatores de manejo que o produtor realiza ao longo do ciclo da cultura que indisponibiliza os nutrientes para absorção. Um exemplo é a aplicação de calcário que eleva o pH do solo e reduz a disponibilidade de micronutrientes como Fe, Mn, Cu e Zn, por exemplo.
Por essa última razão, Érico Corneta ressalta a importância do uso dos fertilizantes para repor os nutrientes que são extraídos pelas colheitas. “Somente com essa correção conseguiremos evitar que, safra após safra, os solos se tornem pobres”.
Sinais mais comuns de deficiência de nutrientes nas plantas
De forma geral, a limitação dos nutrientes no desenvolvimento das plantas é responsável pela redução do seu crescimento e consequentemente da sua produtividade, o que impacta diretamente na rentabilidade do produtor.
Mas, de forma mais detalhada, os sinais de deficiência na planta se manifestam de diferentes formas, dependendo da função que o nutriente em desequilíbrio causa na planta.
Assim, para o pesquisador da Yara Brasil, alguns dos mais característicos sintomas de deficiência em folhas mais velhas são:
- Folhas verde-pálidas e amarelas: sinal de deficiência de nitrogênio;
- Folhas opacas, sem brilho, com tons verde-azulados ou roxos: deficiência de fósforo;
- Queimadura e amarelecimento ao redor das bordas das folhas. A folha também pode apresentar uma forma côncava: deficiência de potássio;
- Amarelecimento irregular, geralmente com um triângulo verde que permanece na base da folha (ponta de lança). Às vezes apresentam formas de cor laranja ou vermelho brilhante ou queimadura: deficiência de magnésio.
Além disso, Tezotto explica que os elementos que participam da estrutura da planta, como o Ca e B, na sua deficiência apresentam deformação de suas folhas e frutos, por exemplo.
“Nesse caso há impacto maior nos legumes, frutas e verduras que perdem o valor em razão da qualidade visual do produto”, complementa o professor.
Já elementos que movimentam pouco dentro da planta apresentam amarelecimento das folhas novas em crescimento e elementos que se movimentam com facilidade na planta causam amarelecimento nas folhas mais velhas.
Como prevenir o aparecimento destes sintomas?
De fato, dentre todos os sintomas da deficiência de nutrientes nas plantas, a queda da produtividade causa grande preocupação.
Para evitar isso, tanto Tezotto quanto Corneta indicam que é preciso que exista um bom manejo da lavoura e, para isso, é preciso ter um programa nutricional adequado. Este é o melhor método para evitar deficiências, o que inclui recomendações como:
- Análise do histórico da área – O produtor precisa conhecer os cultivos já realizados, as respostas à adubação e o aparecimento de sintomas de deficiência nutricional em plantas para entender como está o comportamento em relação ao ambiente de cultivo;
- Fazer uso de ferramentas de avaliação, para análises de solo, tecido, seiva e folha. “Esses dados irão mostrar se as plantas estão recebendo todos os nutrientes que precisam, prevenindo os sintomas”, indica Corneta;
- Oferecer às lavouras fertilizantes de qualidade que forneçam os nutrientes nas quantidades necessárias, nas fases recomendadas e no local mais eficiente (semente, base, cobertura, foliar);
- Utilizar o conceito 4C sobre manejo de nutrientes, que define o produto, a dose, a época e o local correto para aplicação dos fertilizantes.
Neste contexto, as análises de solo são fundamentais para avaliar o quanto de nutriente está disponível para atender a produtividade e garantir maior eficiência da fertilização mineral para repor o nutriente extraído pela cultura, evitando sua deficiência.
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