Todo produtor rural sabe da importância do solo para sua atividade. É nele que o cultivo acontece e é ele que oferece os nutrientes necessários para o estabelecimento e o desenvolvimento da cultura.
No entanto, diante da grande variedade presente no território nacional, nossos solos são pobres em nutrientes, exigindo a necessidade de correção do solo.
Basicamente, a correção do solo é caracterizada pela intervenção humana que, por meio de diferentes técnicas, fazem com que esse solo tenha um reequilíbrio de seus nutrientes disponíveis para que as plantas possam se desenvolver com qualidade.
Correção do solo: Essencial para melhorar a produtividade agrícola
Por suas dimensões continentais, a composição dos solos presentes no Brasil é muito diversificada e orientada por muitos fatores edafoclimáticos que variam conforme a região.
O que ocorre é que, de forma geral, nossos solos possuem um pH muito baixo, que gera uma limitação na produção agrícola, sobretudo devido à toxicidade causada pela presença de Alumínio (Al), baixa disponibilidade de nutrientes e baixa saturação de bases.
A solução para esse problema é a correção do solo. Para Fernando Hansel, gerente agronômico da Mosaic Fertilizantes, essa é uma prática necessária para manter os níveis férteis destes solos.
“A correção do solo é um procedimento adotado antes do plantio com o objetivo de tornar o solo mais fértil, a partir da correção da acidez e do fornecimento de nutrientes para garantir o desenvolvimento saudável das plantas e, assim, garantir a boa produtividade”, explica.
No Brasil, os solos geralmente são ácidos
O gerente agronômico da Mosaic Fertilizantes explica ainda que a agricultura é uma atividade naturalmente acidificante do solo. “A adição de fertilizantes, resíduos orgânicos, e até mesmo a chuva, são responsáveis por este processo”, diz.
Assim, com o tempo, há redução na disponibilidade de nutrientes nos solos, seja pela extração destes pelas culturas e não reposição ou por perdas ocasionadas por erosão e lixiviação, impactando o potencial produtivo das plantas.
Além disso, a sucessão de safras e de culturas sem a correta manutenção da fertilidade química do solo gera um ciclo que retroalimenta a degradação, como explica Hansel:
“Um solo pobre em nutrientes gera plantas com baixo vigor e pouco produtivas. Consequentemente, elas não protegem o solo da ação das chuvas e proporcionam menor retorno econômico ao produtor, as chuvas lavam o solo e arrastam o pouco de nutrientes que lá estavam, reduzindo mais ainda a fertilidade e tornando a atividade insustentável”.
Para evitar isso, a correção do solo deve ser feita para garantir o equilíbrio das características físico-químicas-biológicas da lavoura de acordo com análises previamente realizadas.
“Nenhum produto deve ser aplicado em excesso ou em menor quantidade, do contrário, o produtor rural não obterá os melhores resultados na lavoura”, complementa Hansel.
Análise química: Essencial para a correta correção do solo
Para saber se o solo necessita de correção há a necessidade de realizar uma análise química deste solo. Este é o mais eficiente procedimento para avaliar a sua fertilidade no perfil do solo.
“Com esta análise, são mensurados o excesso ou falta de nutrientes e o nível de acidez do solo. Também permite identificar a presença de substâncias tóxicas que podem inibir o desenvolvimento das plantas”, salienta Fernando Hansel.
A partir desta análise, o produtor pode montar um diagnóstico para saber se é preciso ou não realizar algum tipo de correção do solo.
Também oferece informações para analisar qual é o melhor manejo a ser adotado, quais produtos devem ser aplicados e em que quantidade.
Neste contexto, Nitrogênio, Fósforo e Potássio são os macronutrientes que as plantas mais necessitam para um crescimento saudável. Mas quando há um aprofundamento, Hensel diz que é fácil entender as necessidades das culturas englobam além destes macronutrientes primários.
Segundo o gerente agronômico da Mosaic Fertilizantes há outros elementos que também devem ser considerados.
“Enxofre, Cálcio e Magnésio (Macronutrientes Secundários) e mesmo Zinco, Boro, Cobre, Manganês, Cloro, Ferro, Molibdênio e Níquel (Micronutrientes) precisam estar disponíveis no solo para que as plantas os absorvam e se desenvolvam de forma adequada, expressando o seu potencial genético como produtividade”.
3 tipos de correção do solo
O principal objetivo da correção do solo é corrigir sua acidez e, consequentemente, aumentar a disponibilização de nutrientes e precipitação do alumínio trocável do solo.
Para isso, além da calagem, que é a técnica mais comum para correção do solo, Fernando Hansel ressalta que existem outras recomendações importantes, como a fosfatagem e a gessagem.
Conheça mais sobre estes tipos de correções do solo a seguir.
1. Calagem:
Esse tipo de correção é caracterizado pela aplicação de calcário para elevar o pH do solo, neutralizando o alumínio, considerado tóxico para o desenvolvimento das raízes, e aumentando a disponibilidade de nutrientes para absorção pelas plantas, garantindo seu bom desenvolvimento.
Devido a necessidade de maior tempo para o calcário reagir no solo é recomendável que este procedimento seja feito na pré-safra, garantindo que seu efeito seja positivo para a cultura.
A calagem também contribui para o aumento do estoque no solo de nutrientes essenciais para as plantas.
2 . Gessagem:
A gessagem é a aplicação do gesso agrícola na terra para melhorar seu ambiente radicular.
Seu uso promove a redução na atividade do alumínio tóxico ao mesmo tempo em que aumenta o teor de cálcio em camadas mais profundas do solo. Com isso, cria-se um ambiente favorável para o crescimento do sistema radicular, condição que permite à planta maior tolerância aos veranicos (estiagem) e às secas.
Segundo Hansel, a gessagem deve ser feita após a calagem. “O objetivo da gessagem é o de melhorar a absorção de água e nutrientes por meio das raízes”.
3. Fosfatagem:
Essa técnica é responsável pela adição de fósforo ao solo, considerado o nutriente mais limitante em áreas agrícolas tropicais.
Segundo Fernando Hansel, a fosfatagem é recomendada principalmente em solos em início de atividade agrícola, resultando em aumento dos teores de fósforo no solo.
“A prática contribui para melhorar a eficiência da fertilização fosfatada, estabelecimento radicular e garante maior acesso a água e nutrientes, resistência à pragas e doenças, tornando a cultura mais produtiva”, complementa.
Diante disso, fica evidente a importância das técnicas de correção de solo para maior produtividade da agricultura. Mas para o sucesso dessas técnicas é imprescindível investir na análise do solo e correta aplicação dos nutrientes necessários.
Aproveite este tema para conhecer a nova técnica desenvolvida pela Embrapa Rondônia que potencializa o uso de biocarvão como fertilizante agrícola