A programação de congressos na Futurecom 2024 deu espaço para o agronegócio. Durante o evento, os congressistas puderam conferir o painel ‘Future Agro: a inovação à disposição do campo’.

O encontro reuniu especialistas de ambos os setores, agro e tecnologia, para destacar cases de sucesso na implementação e as barreiras tecnológicas que podem ser superadas, aumentando a adesão e os resultados.

Quem deu início ao painel foi o mediador Mauro Periquito, da Kyndryl. Como ele destacou, “é crucial que todos os atores do agro trabalhem juntos, a inovação não pode parar.”

Mauro comentou sobre a conectividade e sua importância para o agronegócio. “Além da expansão pública, temos um avanço da rede privativa.”

Continue lendo para entender as oportunidades que a conectividade promove ao agronegócio e, consequentemente, para a economia brasileira.

Panorama da conectividade rural

Antes de iniciar as perguntas abertas a todos os participantes do painel, Paola Campiello, presidente da ConectarAGRO, trouxe um vídeo da associação mostrando o que significa o agronegócio para quem é de tecnologia.

O agro corresponde a 26% do PIB brasileiro, e apenas 23,8% da área disponível para uso agrícola no Brasil tem cobertura 4G e 5G.

Segundo a associação, o impacto da conectividade no campo leva ao aumento da produtividade e a redução de custos, promovendo também a sustentabilidade e melhor aproveitamento de recursos.

Como Paola reforçou, “levar conectividade habilita o campo a realizar a transformação digital.”

Também foi apresentado o ICR – Indicador de Conectividade Rural, que foi lançado na Agrishow 2024.

IA e outras tecnologias no agro

Na sequência, o mediador do painel questionou os participantes sobre desafios, benefícios e impactos da inteligência artificial para o agronegócio, desde o grande produtor, passando pelas cooperativas, até os pequenos e médios.

A primeira a falar foi Ana Euler, Diretora-Executiva de Negócios na Embrapa. “IA e IoT não são o futuro, a agricultura digital já é o presente”, ela reforçou, detalhando como as unidades de negócio da Embrapa trabalham para aproximar as tecnologias do produtor e do extensionista rural.

“Temos o desafio de levar essas soluções para mais de 5 milhões de propriedades rurais no Brasil, e a iniciativa privada com as políticas públicas é o caminho para isso.”

Fernando Degobbi, CEO da CooperCitrus, apresentou como uma combinação de drones, captação de imagens, análise de dados e IA já traz resultados para as cooperativas. Outro case observado foi no monitoramento de animais.

Complementando, Rodrigo Oliveira, CEO da SOL by RZK, lembrou que “a base é a conectividade, não existe inteligência artificial sem dados. Expandir a conectividade é o primeiro desafio.”

Segundo ele, o segundo desafio é a integração de dados, transformando em informação para os produtores. Já existe ferramenta que integra dados e “traduz” análises para o produtor, com a inteligência artificial levando insights de maneira rápida e de fácil entendimento.

Uma outra barreira tecnológica levantada pelos palestrantes é a infraestrutura energética, que ainda é insuficiente em algumas regiões para garantir o básico de conectividade em rede.

Fernando da CooperCitrus ainda citou o uso de blockchain e a tokenização sendo implementados na cadeia produtiva, inclusive para atender exigências da União Europeia. A representante da Embrapa lembrou que a plataforma AgroBrasil+Sustentável já atua com essas tecnologias de rastreabilidade.

Tecnologia para gerar valor

“O Brasil é um país continental, uma dimensão que é um desafio de cobertura para qualquer operadora”, lembrou Alexandre Dal Forno, Diretor de IoT e 5G da TIM.

Nas iniciativas de conectividade para o campo, e com forte impacto para pequenos e médios produtores, o representante da TIM destacou que seu modelo de negócio já alcançou 17 milhões de hectares de áreas rurais conectadas em rede 4G pública, que ainda reflete na comunidade ao redor e promove inclusão digital e social.

Adriano Pereira, Diretor de Soluções, Parcerias e Inovação B2B na Vivo, também acrescentou ao conteúdo. “Independentemente da conectividade, existem dados sendo gerados, com sensores e dispositivos implementados.”

Gerar insights e, possivelmente, modelos preditivos para o agricultor é o que vai gerar valor para a cadeia.

Rodrigo Oliveira acrescentou que a SOL busca um modelo que dilua o custo de implementação das tecnologias, através de parcerias com fabricantes de máquinas e associações de produtores, bancos e financiadoras. Diminuir o custo da tecnologia para aumentar a adesão entre as propriedades rurais, garantindo a viabilidade econômica da conectividade.

Futuro da tecnologia no agro

Refletindo sobre os próximos passos da integração das tecnologias na produção rural, Alexandre reforçou que “a IA vai alcançar um patamar que vai gerar muito valor para o produtor rural, mas ele precisa estar preparado para isso.”

Os palestrantes concordaram que a conectividade deve chegar também nas escolas, contribuindo na formação de novos profissionais para o agro conectado.

“Em 5 ou 10 anos, imagino que a tecnologia vai convergir para termos de verdade a agricultura regenerativa, sem agressão do solo e utilizando recursos naturais de forma sustentável”, comentou Adriano, representante da Vivo.

Ana destacou que praticamente todas as unidades da Embrapa já estão trabalhando com soluções tecnológicas para a agricultura.

E sobre empreender no setor, Fernando recomendou: “Para quem é da tecnologia e quer trabalhar com o agronegócio, é importante entender a nossa operação.”

Fonte: Futurecom Digital