Armazenar grãos em silos vem sendo uma estratégia bastante comum para produtores rurais brasileiros que esperam o melhor momento para vender seus grãos por preços melhores.

Fazendo isso, o produtor rural tem a possibilidade de se livrar da chamada “boca de safra”, representada pelo período de maior volume de grãos e baixo valor das commodities. Ao armazenar, ele poderá comercializar na entressafra a produção guardada, época de preços mais aquecidos.

Porém, muitos produtores, principalmente aqueles menos experientes com o armazenamento, não sabem exatamente qual é o real funcionamento do silo, nem as medidas de segurança a ele ligadas.

Conheça os principais silos de armazenagem

No campo, existem vários tipos de silos com suas respectivas funções e divisões. A primeira divisão dos silos é quanto ao material utilizado para a sua construção. Há silos metálicos, de concreto, de alvenaria e de madeira. Há também um tipo de silo denominado silo-bolsa, geralmente utilizado de forma emergencial para o armazenamento de grãos.

A docente dos cursos de Agronomia e Zootecnia da Unoeste (SP), Fabiana Lima Abrantes, indica também que os silos são divididos quanto à sua aplicação. Ela explica as diferenças básicas neste sentido:

  • Silo armazenador: recebe o produto limpo após secagem em secador e recebe aeração quando necessário para uniformizar a umidade e resfriar a massa de grãos;
  • Silo secador: recebe ar natural ou aquecido para secagem dos grãos. “Este processo é lento e a umidade não deve ser elevada, já que pode ocorrer o aquecimento da massa e fermentação, o que afeta sua qualidade”, explica Fabiana;
  • Silo de espera (também chamado de silo pulmão): são silos de apoio durante o recebimento dos grãos, pois armazenam os grãos limpos, porém úmidos, por poucas horas até o momento dos grãos irem para o secador e atingir a umidade desejada para o armazenamento. “Esse tipo de silo deve possuir sistema de ventilação de ar natural para evitar o aquecimento da massa de grãos devido a umidade elevada”, lembra a docente;
  • Silo de expedição: são silos suspensos que recebem os grãos dos silos armazenadores, através de transportadores e os grãos são liberados, por gravidade, sobre o veículo transportador (caminhão ou vagão ferroviário).

Funcionamento do silo: Importância da temperatura e umidade

Para o correto funcionamento do silo, tanto a temperatura quanto a umidade são fundamentais, exercendo grande influência na qualidade dos grãos. Neste sentido, Fabiana indica que a umidade e a temperatura elevada são variáveis que afetam a qualidade do grão, promovendo o aquecimento da massa e até a sua deterioração.

A decomposição dos grãos também irá provocar a liberação de gases inflamáveis (metano), podendo inclusive gerar explosões. Além disso, a professora indica que se a umidade dos grãos ficar muito baixa, haverá maior facilidade de ocorrência de danos mecânicos, como grãos quebrados ou trincados, o que diminui o valor do produto.

Assim, tanto a umidade quanto a temperatura devem ser controladas, variando em função da espécie e composição química dos grãos. Fabiana indica que em média, a umidade de armazenamento dos produtos fica em torno de 13%, valores maiores serão prejudicais aos grãos.

Quero começar a armazenar em silos – Qual escolher?

Há silos de tamanhos, tecnologias e preços diferentes. Em razão disso, as variáveis que o produtor deve considerar ao escolher o silo que melhor se adéque às suas necessidades são muitas.

Entre as ações que podemos considerar na escolha, podemos citar:

  • Grão que será armazenado;
  • Quantidade estimada de grãos (para indicar a capacidade do silo);
  • Frete (para comparar com o armazenamento com silos de terceiros);
  • Capital para o investimento
  • Pessoal capacitado, dentre outras coisas;

A professora indica que independente do modelo adotado para a unidade armazenadora, esta deverá apresentar as condições básicas para preservação da qualidade do produto, além de ser economicamente viável.

O funcionamento do silo poderá ser simples, porém deverá seguir os princípios básicos da armazenagem, ou seja, deverá beneficiar (limpar), secar e armazenar os grãos de forma eficiente“.

Principais cuidados para o bom funcionamento do silo

Para evitar surpresas desagradáveis, alguns cuidados precisam ser ponderados pelo gestor da propriedade, principalmente aqueles relacionados ao funcionamento do silo e à prevenção de acidentes que porventura podem ocorrer. Quanto ao funcionamento do silo, a professora indica dois cuidados essenciais. Aeração e controle de pragas.

A aeração é uma ferramenta muito útil no armazenamento para manutenção e conservação do produto armazenado, diminuindo a sua umidade e temperatura. “Porém, se manejada de maneira errada, pode promover umedecimento da massa ou secagem excessiva, afetando negativamente a qualidade e conservação”, explica.

Além disso, o controle de pragas no armazenamento (como gorgulho, roedores e traças) que se desenvolvem em grãos com baixa umidade, podem comprometer a qualidade dos grãos, favorecendo a penetração de fungos. Neste sentido, ter um controle efetivo de pragas é medida fundamental para o bom funcionamento do silo.

Em relação aos riscos de acidentes, a professora indica que há riscos de explosões, problemas respiratórios e oculares, quedas e sufocamento. Para reduzi-los, a professora mostra algumas dicas importantes:

  • O profissional nunca deve entrar em espaço confinado sem aferir a concentração de gases, além do mais deve ter sempre um outro funcionário do lado de fora;
  • Sempre usar cinto de segurança preso em trava-quedas, durante as operações de limpeza ou manutenção do silo carregado;
  • Usar máscara de poeira, que pode ser tóxica e afetar a saúde dos operadores;
  • Dispor de detector de gases para ajudar a evitar explosões.

Por fim, para o bom funcionamento do silo e para a maior segurança do operador, o uso de equipamentos de proteção individual e equipamentos de proteção coletiva é fundamental.