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Aquicultura: vale a pena começar uma produção?

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Com um mercado aquecido, iniciar a produção na aquicultura pode ser uma boa opção. Porém, alguns pontos devem ser considerados pelo produtor.

Que tal empreender em um mercado bastante promissor, com ótima rentabilidade econômica, custo de investimento e operação compensadores, e com grandes chances de sucesso empresarial? Estamos falando da aquicultura!

Para Fábio Sussel, Pesquisador Científico do Instituto de Pesca de São Paulo, a Aquicultura é a nova fronteira para alimentar o mundo! “A proteína aquática (aquicultura + pesca comercial) é a proteína animal mais produzida e mais comercializada no mundo!”, destaca.

Além da questão financeira envolvida no negócio, a aquicultura ainda tem importância dentro do contexto de fonte alimentar para a população mundial, indicando que o investimento em produção de organismos aquáticos é o negócio do futuro.

Neste artigo, você irá entender o que é a aquicultura, seus benefícios para a saúde humana, além dos principais desafios para sua implantação.

O que é a aquicultura?

A aquicultura é o cultivo de animais que possuem ao menos um ciclo de vida na água, por exemplo: peixes, crustáceos (camarão), rã, jacaré, etc.

Segundo Fábio Sussel, o cultivo de organismos aquáticos pode ser praticado tanto em água doce, quanto em água salgada ou água salobra, no continente ou em alto mar. 

A aquicultura pode ser realizada em viveiros escavados no solo, em tanques escavados revestidos com geomembrana, em tanques elevados revestidos com geomembrana ou de alvenaria e em tanques redes flutuantes”. 

Além disso, as produções podem ser classificadas como extensiva, semi-intensiva ou intensiva, conforme o nível de tecnologia aplicada e as densidades (número de animais por metro) usadas. 

Produção brasileira da aquicultura

De acordo com a PEIXE BR (Associação Brasileira da Piscicultura), em 2023 foram produzidas 887.029 toneladas de peixe, sendo 579.080 toneladas (65,3%) de tilápias, com receita de cerca de R$ 10 bilhões. 

A piscicultura gera cerca de 3 milhões de empregos diretos e indiretos. O Brasil é o quarto maior produtor mundial de tilápia.

Sussel destaca a produção de tilápia, tambaqui e camarão marinho. “Estas são as 3 principais espécies produzidas no país. Mas também há a produção de truta, pintado, pirarucu, carpas, lambari, rã, jacaré, entre outras”. 

O estado do Paraná é o maior produtor de peixes (213.300 Ton. – 2023), com destaque para a produção de tilápias em sistema semi-intensivo, em tanques escavados no solo. 

No estado de São Paulo (segundo maior produtor de peixes 82.400 Ton. - 2023) a tilápia também é a principal espécie produzida, porém, não em tanques escavados, mas sim em tanques-rede instalados nos reservatórios de água.

No estado de Minas Gerais também se destaca a produção de tilápias no sistema de tanques-rede.

No caso do tambaqui, os estados do norte do Brasil se destacam na produção, sendo Rondônia o maior produtor de tambaqui. “O principal sistema de produção de tambaqui é em viveiros escavados no solo”, complementa o pesquisador. 

No caso do camarão, os estados do Nordeste são os maiores produtores, sendo o Ceará o maior produtor. 

No caso do camarão, que é cultivado em viveiros escavados no solo, cabe destacar o processo de migração dos cultivos do litoral para o interior, onde são cultivados em águas de baixa salinidade e principalmente por micro e pequenos carcinicultores, configurando-se como nova e rentável oportunidade de renda para pequenas famílias”, destaca Sussel. 

Por fim, a piscicultura (produção de peixes) marinha é incipiente no Brasil.

A proteína aquática é uma excelente fonte de alimento

A proteína aquática, seja oriunda da aquicultura ou da pesca comercial, é, segundo Fábio Sussel, uma excelente fonte de alimento. “Por característica, a proteína aquática é uma proteína de fácil digestão”, diz. 

Os alimentos aquáticos possuem ainda uma gordura mais saudável do que as demais proteínas de origem animal, com destaque para a boa relação de ômega 3/ômega 6 nas espécies de águas mais frias, espécies estas que podem ser consideradas como alimentos funcionais, já que comprovadamente melhora a saúde de quem consome. 

No caso específico da proteína aquática oriunda da aquicultura, cabe destacar o bem-estar dos animais, desde a forma de produção até o abate, e a segurança alimentar dos produtos.

Os animais já que são abatidos e manipulados em frigoríficos com inspeção sanitária e muitos deles até mesmo certificados”, afirma Sussel.

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O que considerar antes de iniciar a produção aquícola?

Como o consumo de peixes no Brasil vêm crescendo, tanto de espécies oriundas do mercado interno quanto externo, mais produtores rurais começam a ver na aquicultura uma oportunidade de aumentar os lucros.

Para isso, alguns fatores devem ser considerados, tais como:

  • Viabilidade econômica 

Sussel sugere ao produtor definir qual a melhor espécie para suas necessidades. Qual é o sistema de criação a ser explorado e para qual mercado irá escoar a produção?”, pergunta.

  • Disponibilidade de recursos

Para o pesquisador este é o ponto que irá determinar o tamanho do negócio. 

A aquicultura ainda oferece oportunidades para micro, pequenos e grandes produtores. Diferente da avicultura, da suinocultura ou da bovinocultura de leite, por exemplo, onde somente os grandes (ganho em escala) conseguem sobreviver no negócio”. 

  • Licenciamento ambiental

Esse é o grande entrave da aquicultura, porém, necessário. Este é inclusive o maior desafio da aquicultura na opinião de Sussel. 

No Brasil as regras são rígidas, sendo diferente em outros países e até mesmo na Europa. Pela dificuldade da regularização ambiental, não se consegue ter acesso a crédito, já que isto é uma exigência dos bancos”, destaca.  

  • Escolha da modalidade de produção

Essa escolha deve ocorrer em função das características naturais do local (onde se pretende montar o negócio), além da capacidade de investimento.

Rendimentos excelentes da aquicultura

Desde que bem planejado e manejado, o investimento em um dos vários ramos da aquicultura é quase uma garantia de sucesso, especialmente pelo custo de produção e baixo retorno.

Fábio Sussel destaca que o custo de produção do camarão marinho é entre R$ 10,00 a 12,00/kg, e o produtor recebe em torno de R$ 20,00/kg para o camarão de 10 gramas de peso médio. 

Conforme aumenta o tamanho do camarão, R$ 1,00 a mais por grama adicional. Exemplo: camarão de 15 gramas = R$ 25,00”, complementa o pesquisador.

No caso da tilápia, no cenário do estado de São Paulo, temos um custo de produção por volta de 7,60 kg e uma venda no frigorífico média de R$ 9,50/kg para peixe com peso médio de 900g. “No Ceagesp, o peixe com peso médio de 1.1 kg tem um preço de 10,00/kg”, cita Sussel.

No caso do Tambaqui, o produtor recebe em torno de R$ 7,90 a 9,00 por quilo para peixes com peso médio de 2 kg. Para peixes maiores, em torno de 3 kg, o preço do quilo varia entre R$ 9,10 a 10,50/kg. O custo de produção fica em torno de R$ 7,00/kg para peixes menores e R$ 7,50/kg para peixes maiores.

Dessa forma, para bons resultados, a estratégia do produtor deve se basear na intensificação da aquicultura (especialmente a sustentável), no manejo efetivo da pesca e boas cadeias de valor.

Mas, como já destacou Sussel, investir em produção de organismos aquáticos é o negócio do futuro!

Aproveite para conferir este artigo e conhecer as características ideais para a escavação de viveiros para a aquicultura

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