A aquicultura é uma das atividades agrícolas que mais cresce em todo o mundo. No Brasil não é diferente. Hoje o país ocupa a 13º posição na produção de peixes em cativeiro, com grande perspectiva de crescimento.

Este crescimento depende de uma melhor genética, maquinário, logística e profissionalização da atividade. Mas você sabia que, assim como acontece com a agricultura, a aquicultura também exige solos com qualidades específicas?

Exatamente por isso, é extremamente importante conhecer as qualidades de um bom solo para a aquicultura, além das características que ele deve ter para iniciar a escavação do viveiro.

Solo argiloso-arenoso: melhor opção para iniciar a aquicultura

Todo solo é constituído por uma parte sólida e uma parte porosa. A parte sólida é formada pelos agregados do solo, constituídos pelos minerais e por outra parte porosa, que representa os espaços vazios do solo.

Dependendo do arranjo entre essas partes, o solo terá capacidade de oferecer maior ou menor facilidade à passagem da água através de seus poros — e tal fato é essencial para a aquicultura.

Diante disso, Luiz Eduardo Lima de Freitas, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, explica que a melhor condição de solo para a escavação de tanques é aquela que possui solo médio argiloso-arenoso.

“Esse tipo de solo possui, em sua constituição física, frações de argila em maior quantidade e uma parcela significativa de frações de areia”, diz.

Quando compactado, este solo apresenta baixa permeabilidade de água, com essa característica sendo bastante importante para a construção de viveiros escavados destinados à aquicultura. Tal medida evita custos com impermeabilizações.

Exatamente por isso, a análise da textura do solo deve ser realizada antes de se implantar um tanque ou viveiro. Essa medida tem por finalidade verificar se o solo é mais argiloso ou arenoso, possibilitando ao aquicultor determinar corretamente a vazão de água dos tanques.

Como identificar bons solos antes da escavação de viveiros?

Bons solos argilosos-arenosos são aqueles que têm cerca de 30 a 40% de argila. Assim, segundo pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura, uma forma prática para saber se o solo é mais ou menos apropriado para a escavação de viveiros é realizar uma modelagem em forma de “S”.

Os próprios pesquisadores explicam como funciona essa técnica:

“Para fazer o teste, pegue um pouco de terra nas mãos, umedeça e tente “moldar” uma letra “S”. Se não for possível fazer essa forma, o solo é arenoso, apresentando menos de 15% de argila. Se a forma quebrar ou rachar trata-se de um solo de textura média, composto de 15 a 35% de argila”.

Os pesquisadores continuam: “Já solos argilosos são aqueles em que é possível fazer a letra “S”, indicando solos com mais de 35% de argila”.

Contudo, esse teste de campo não exclui a necessidade da realização da análise em laboratório para a exata identificação do tipo de solo analisado.

Outros pontos cruciais para iniciar a escavação do viveiro

Além da qualidade do solo, há outros pontos de importância que devem ser considerados pelo piscicultor antes de realizar a escavação dos viveiros.

Quanto à localização para a construção dos viveiros escavados, os mesmos pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura, explicam que a topografia e o relevo são características essenciais que devem ser observadas antes da construção dos viveiros.

“É bastante interessante dar preferência aos terrenos planos e que apresentem declividade suave, possibilitando menor movimentação de terra e consequentemente custo menor de construção”, explicam.

Também é importante verificar a taxa de infiltração do terreno, visto que a infiltração excessiva de água no solo pode inviabilizar a produção de peixes em locais onde há pouca água disponível.

Por fim, Silvio Tulio Spera, pesquisador da Embrapa Agrossilvopastoril, salienta quais são os principais cuidados a serem considerados antes de iniciar a escavação de um viveiro destinado à aquicultura.

  • Solos com profundidade efetiva > 100 cm;
  • Solos com pouca pedregosidade, já que estes aumentam a porosidade do solo;
  • Solos com textura argilosa-arenosa ou média, de preferência. “Devemos sempre evitar solos arenosos”, recomenda Spera;
  • Áreas preferencialmente planas com até 15% de declive;
  • Áreas com adequada disponibilidade de água.

Por fim, vale ressaltar que a construção de viveiros destinados à aquicultura, em geral, representa o maior investimento financeiro da atividade, com seu retorno ocorre no médio-longo prazo.

Diante disso tudo, a escolha do solo ideal deve ser mais assertiva, já que essas estruturas costumam apresentar longa vida útil e capacidade adequada de produção de peixes, de modo a permitir retorno do investimento.

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