A rotação de culturas vem sendo uma técnica agronômica cada vez mais utilizada na agricultura brasileira. Como o próprio nome indica, este é um método que consiste na alternância ordenada de diferentes culturas, em determinado espaço de tempo (ciclo), na mesma área e na mesma estação do ano, representando alternância regular e ordenada no cultivo de diferentes espécies vegetais numa propriedade rural.
Quando comparado à monocultura, a rotação de culturas traz diversas vantagens à atividade agrícola, contribuindo com os efeitos sinérgicos que potencializam os fatores bióticos e abióticos capazes de incrementar os rendimentos, quando comparados aos rendimentos dos mesmos componentes quando são implantados isoladamente. Porém, mesmo com todas as vantagens da rotação de culturas fica a pergunta: Esse sistema funciona para mim? Funciona na minha propriedade?
O engenheiro-agrônomo e pesquisador da Embrapa Cerrados, Luiz Adriano Maia Cordeiro, afirma que funciona sim. E que as culturas que podem fazer parte de um sistema de rotação podem ser: espécies comerciais ou econômicas (cash crops), espécies para produção de volumoso (silagem, feno etc.) ou plantas de cobertura do solo, todas com significativa eficiência.
Cordeiro explica que este é um sistema planejado que preconiza o cultivo de espécies vegetais distintas em sequência temporal, sempre na mesma estação ou época do ano, numa determinada área ou gleba agrícola. O pesquisador da Embrapa ainda salienta que a rotação de culturas obedece a finalidades definidas, como o restabelecimento do equilíbrio biológico debilitado ou destruído pela monocultura excessiva, por exemplo.
Embora a rotação seja um método utilizado em todo o mundo, Cordeiro salienta que cada país ou região tem características específicas de sistemas de rotação de culturas. “Naturalmente, existe uma grande variação das espécies vegetais cultivadas para esse fim, portanto a variação de modelos de rotação costuma ser bastante grande”.
Além do mais, segundo o pesquisador, o Sistema de Plantio Direto baseado na rotação de culturas é o método mais característico do Brasil. “No Sistema Plantio Direto, um programa de rotação de culturas deve ser elaborado criteriosamente com base técnica e econômica, propiciando a intercalação de culturas comerciais (extratoras) e não-comerciais (recuperadoras)”, explica.
10 vantagens da rotação de culturas
Neste contexto, o pesquisador da Embrapa Cerrados explica que são muitas as vantagens para a adoção de sistemas de rotação de culturas. Ele lista algumas das principais vantagens:
- Diversificação de produção e de renda;
- Diminuição da incidência de doenças e pragas, por meio da quebra de ciclos;
- Aumenta a produção de fitomassa ou palhada para cobertura do solo, protegendo-o;
- Aumento nos teores de Carbono e Matéria Orgânica do Solo;
- Redução da emissão de Gases de Efeito Estufa;
- Aumento na infiltração e retenção de água e proteção do solo;
- Viabiliza o Sistema Plantio Direto;
- Reduz as perdas do solo pelo maior controle da erosão;
- Otimização no uso de máquinas e mão-de-obra;
- Manutenção e melhoria da fertilidade do solo;
- Reciclagem de nutrientes e redução na utilização de fertilizantes;
- Aumento e estabilização da produtividade das espécies vegetais;
- Aumento da eficiência econômica e agronômica dos sistemas de produção.
Ao observar todas essas vantagens e características da rotação, fica mais do que provado que esse sistema é plenamente adaptável, possibilitando que todo tipo de produtor consiga adota-lo. O pesquisador ressalta também que a rotação de culturas pode ter seu potencial maximizado com a adoção de “sistemas de integração”. “Os sistemas de integração são aqueles em que ocorrem sistemas de cultivo/criação de diferentes finalidades (agricultura ou lavoura, pecuária e floresta) que são integrados entre si, em uma mesma gleba da propriedade rural”, explica.