O emprego de alternativas de manejo mais racionais e adequadas às condições de cada uma das regiões do Brasil, vem sendo uma necessidade bastante comum, principalmente em razão da sustentabilidade. Porém, para que atinja a sustentabilidade desejada é recomendável que se adote a rotação de culturas.

Um uso mais efetivo e adequado da rotação de culturas poderá evidenciar diversos benefícios, porém, para que sejam obtidos na sua totalidade é fundamental que a escolha das espécies componentes da rotação seja a mais assertiva possível, considerando as condições regionais e o perfil do produtor.

Para auxiliar nesta questão, conversamos com especialistas que explicam como deve se dar essa rotatividade e quais espécies utilizar para que a produtividade e a lucratividade sejam máximas.

A “melhor” espécie para rotação de culturas

Várias são as opções de espécies adotadas para a rotação de culturas, entretanto, Luiz Adriano Maia Cordeiro, engenheiro-agrônomo, doutor em Fitotecnia e pesquisador da Embrapa Cerrados, explica que não existe uma modelagem universal na escolha das espécies componentes de programas de rotação de culturas, ou seja, não há um único modelo.

As combinações sequenciais das culturas devem ser propostas com base em caracteres regionais, embasadas em resultados experimentais e/ou observações práticas de comportamento e adaptabilidade agronômica”, ressalta.

Cordeiro ressalta ainda que em algumas regiões com agronegócio mais dinâmico, é relativamente mais fácil planejar programas adequados e com resultados positivos esperados. “Nestas regiões já há uma ampla rede de pesquisa que ajuda na definição da melhor espécie para cada condição”.

Entretanto, o pesquisador lembra que ainda assim as dificuldades são grandes, como disponibilidades de sementes e insumos, poucas opções de mercado para culturas alternativas, falta de assistência técnica e inexistência de recomendações regionais capazes de impedir maior adoção de sistemas de rotação de culturas.

Esta opinião é compartilhada pelo professor doutor Paulo Claudeir Gomes da Silva, docente dos cursos de agrárias da Unoeste. Segundo ele, a escolha irá – além das características regionais -, depender muito do perfil do produtor e sua aptidão com essa ou aquela cultura.

Sequência de cultivos: outra preocupação comum na rotação

Além das espécies a serem escolhidas para a rotação de culturas, outra preocupação bastante comum é a sequência de cultivos que será utilizada neste sistema rotativo.

Neste contexto, Cordeiro explica que o uso de rotação de culturas conduz a diversificação das atividades na propriedade. Segundo ele essa diversificação pode ser, exclusivamente, de culturas anuais ou culturas anuais e pastagem.

Em ambos os casos a diversificação requer planejamento a médio e longo prazos para que a adoção se torne exequível”, salienta.

Para isso, tradicionalmente preconiza-se a alternância de espécies vegetais de famílias distintas na sequência dos sistemas de rotação de culturas, como o cultivo alternado de gramíneas e leguminosas, sendo esse um dos exemplos mais comuns.

Além disso, na escolha das espécies que irão compor o esquema de rotação, Cordeiro lembra que é preciso observar detalhes relativos às espécies antecessoras e subsequentes.

Por exemplo, antecedendo a cultura da soja, as espécies indicadas para o Estado do Paraná são trigo, cevada, aveia-preta, nabo forrageiro e azevém. Já para a região do Cerrado, várias culturas podem ser combinadas com as principais culturas econômicas que são a soja, o milho e o algodão”.

No caso do Cerrado, Cordeiro dá alguns exemplos. “Para culturas antecessoras da soja e do algodão pode-se utilizar o milho, milheto, trigo (sequeiro ou irrigado), arroz, consórcio milho + braquiária e pastagens de gramíneas tropicais”.

Devido a esse grande número de opções, Silva ressalta a importância do conhecimento da região onde se quer implantar o sistema, além de sempre consultar um profissional habilitado.

Como “não perder o ritmo” da rotação?

Tanto Cordeiro quanto Silva concordam que os princípios da rotação de culturas servem para qualquer região do Brasil, desde que se tenha um bom planejamento. Porém, nesta questão, Cordeiro salienta que cada região deve ter sistemas de rotação de culturas sempre avaliados e/ou validados levando-se em conta as seguintes questões:

 

  • Viabilidade técnica e econômica;
  • Exigências edafoclimáticas;
  • Mercado existente;
  • Infraestrutura e logística.

 

Além disso, para não “perder o ritmo”, o produtor não pode errar na adoção de sistemas de rotação de culturas, ou seja, não pode errar nas medidas nem nas avaliações dos resultados.

Se os resultados forem satisfatórios em termos de aumento da produtividade com redução de custos, certamente, o produtor rural vai continuar adotando”, diz o pesquisador.

Essa opinião é compartilhada pelo professor da Unoeste. Silva indica que quando a pessoa vê os resultados, ela continuará a adotar a rotação.

A pessoa que começa a utilizar as tecnologias disponíveis para potencializar a produção vegetal ou animal em sua propriedade não retroagirá após ver os resultados lucrativos determinados em seu planejamento”, salienta.

Entretanto, para que isso ocorra, todo produtor deve estar sempre atento à base de conhecimento científico existente no tema, além de sempre buscar uma boa assistência técnica.