Luiz Carlos Corrêa Carvalho – Presidente do Conselho Diretor da ABAG
“Que tempos são estes, em que temos que defender o óbvio?”
Bertold Brecht
Vive-se dias muito difíceis no Brasil. Na política, a esquerda somente trata de um virtual lado “B”, num processo autodepreciativo para nossa cultura, inteligência, economia e, principalmente moral. Nessa ladainha, alimenta o famoso “complexo de vira-latas” do admirável Nelson Rodrigues. A direita defende-se, citando um passado próximo de corrupções e incompetências da esquerda, enquanto a mídia coloca holofotes no lado “B”. É muito triste e depressivo aos brasileiros. E são argumentos muito usados por países desenvolvidos, nossos principais competidores, buscando desvalorizar as conquistas brasileiras.
O lado “A” tem coisas incríveis. Entre a década de 1970 e a da virada do século XX, o Brasil saiu de importador de alimentos de todo tipo para um dos três maiores exportadores do mundo. A produtividade do Agro cresceu exponencialmente, mais que três vezes o crescimento da área cultivada. Nossa balança comercial só cresce em resultado líquido e o mundo todo sabe da enorme evolução tecnológica do setor. O Brasil fez o seu Agro com base em ciência e tecnologia e contando com a força e a coragem dos agricultores locais. Fomos de biocombustíveis substituindo derivados do petróleo ao uso intensivo dos solos, com 2 a 3 safras no mesmo ano. Integramos a agricultura com pastagens e florestas e reduzimos as operações agrícolas com redução dos custos e aumento da produtividade. O Agro brasileiro é o lado “A” do país pois rompeu com estigmas que lhe são impostos, como a sina dos trópicos em ser inferior e sua miscigenação como fonte dos problemas.
Dos insumos modernos, máquinas e equipamentos, das culturas de grãos, frutas e verduras, semi-perenes e perenes, o Brasil é mestre e ensina. Apesar de rápido, o caminhar desse setor seria muito mais acelerado não fosse o protecionismo dos países à sua agropecuária menos competitiva.
As principais montadoras de veículos estão todas no Brasil, com um acordo de trabalho com produtores de etanol e sindicato de autopeças que assegure ter uma plataforma para veículos flexíveis híbridos e investimentos em P&D visando futura célula de combustível.
O lado “A” é a nossa geopolítica, nosso balanço. O lado “B” é a criação de um narciso reverso (www.psicanaliseclinica.com ), para valorizar o outro antes dele mesmo. Em outras palavras: é preciso uma aprovação externa como um selo de garantia!
Ora, vamos lá! Nossa floresta amazônica é um pulmão para o mundo. E um rio que voa e molha o Agro brasileiro. As florestas dos outros, onde estão? E são os outros que jogam pedras, mesmo que o poder público brasileiro tente trabalhar melhor a questão.
E a nossa mídia, conhece e trata bem o Brasil?
É o momento de unir os interesses brasileiros, sem alimentar os extremos, mas melhorar a renda do nosso povo, valorizando a educação, com narrativas saudáveis aos estudantes e não “fake news” para criar o lado “B”.
Seriam as grandes petroleiras tratadas como as grandes empresas de tabaco? A pergunta é da The Economist (jan, 24/22), que salienta o fato de ambos afetarem o meio ambiente e a saúde mas, ao contrário dos charutos, o petróleo segue essencial à economia mundial.
O lado “A” é para todos e não para alguns. O lado “B” é o demônio, travestido de democrata e aproveitador da vaidade humana.