O comércio global de alimentos, fibras e energias renováveis é cada vez mais competitivo. Novas demandas por parte de consumidores, compradores e investidores estimulam o agro nacional a ampliar o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação, e a trabalhar em conjunto com a ciência agronômica para aprimoramento de técnicas e metodologias de preparo da terra, manejo e colheita.
De acordo com o Position Paper: Visão da Inovação e da Competitividade do Agronegócio, elaborado pelo Comitê de Inovação da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), as principais tendências de inovação estão ligadas à agricultura de precisão, inteligência artificial, equipamentos autônomos, aplicativos e softwares de gestão. Outras tecnologias relevantes têm relação com a rastreabilidade, como blockchain e agricultura verticalizada.
A percepção é que a inovação deve permear toda a cadeia produtiva. Assim, é fundamental incentivar e estimular o desenvolvimento de novas tecnologias produtivas para agricultura de precisão e de novas ferramentas de gestão, governança, fomento financeiro, bancos de dados e compartilhamento de informações.
Esse movimento consolida a tecnologia como um vetor de eficiência no campo, oferecendo soluções para todos os perfis de produtores, dos pequenos aos grandes. Recursos que asseguram proteção ao meio ambiente, redução de custos e aumento de rentabilidade são a base para cadeias cada vez mais sustentáveis e integradas a uma indústria que também demanda eficiência e inovação.
Nesse cenário de integração entre campo, indústria e varejo, objetivando a sustentabilidade e o respeito ao consumidor, destaco como oportunidade a evolução das tecnologias de rastreabilidade, que permite identificação da procedência de produto oriundo do campo ou que utiliza como matéria-prima commodities agrícolas, reforçando o compromisso do agro nacional com a agenda ambiental.
Com essa visão, o documento da ABAG conta com o driver pesquisa ↔ inovação, entre outros, e tem como base cinco norteadores: inovação para maior produção e maior competitividade frente aos custos e regulações cada vez mais restritivas; o setor se tornar uma referência de agrotecnologia, exportando know-how e inovação; ampliação do fomento voltado para aquisição de ferramenta e equipamentos inovadores; maior conectividade no campo; e considerar as realidades distintas no país ao desenvolver tecnologias.
Esses norteadores são importantes para que o agronegócio brasileiro se mantenha competitivo diante de um comércio global que está em transformação, com blocos definindo regras protecionistas e precaucionistas, países anunciando subsídios para produção agrícola e para desenvolvimento de tecnologias verdes e outros blocos buscando atender às regras multilaterais de comércio.
Ademais, o documento da ABAG revelou que a competitividade também está relacionada à infraestrutura do país, aos efeitos das mudanças climáticas e às regulações e políticas públicas. Quando se trata dos gargalos internos, o destaque fica por conta da necessidade de melhorar a gestão e governança das empresas do setor. Outro ponto é que o engajamento de startups e agroempresas pode ser produtivo em questões de competitividade, ganho de eficiência, produtividade, escala, empreendedorismo e novos modelos de negócio.
Nesse panorama, a integração entre a iniciativa pública e privada para desenvolver soluções para os principais gargalos do agro é estratégica, uma vez que as experiências vivenciadas pelas empresas e entidades de classe podem embasar as decisões do poder público e de entidades internacionais, a fim de beneficiar o crescimento sustentável do agro, que é um setor fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do país, pois gera empregos, alavanca o desenvolvimento, traz divisas ao Brasil garante independência e proporciona liberdade de escolha ao consumidor.
Por Gislaine Balbinot, diretora-executiva da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio