Sabemos que nosso agronegócio é complexo e dinâmico. Por isso, as atualizações, sejam elas de produtos, normas ou procedimentos, devem ser feitas com grande frequência.

A demora em atualizar um conteúdo, serviço ou solução pode ser determinante para o retrocesso de uma empresa, acarretando em consideráveis prejuízos econômicos.

Cases, dentro do nosso agronegócio, poderiam preencher diversos livros. São histórias de propriedades que pararam no tempo ou de empresas que insistiram em fazer a mesma coisa durante vários anos, sem se atentar as mudanças na sociedade.

Uma observação

Antes que você me envie uma mensagem, cabe uma ressalva: não estou falando que todas as empresas ou todos os produtores são assim.

Só estou dizendo que esse cenário existe e que precisamos nos atentar a ele.

Até porque se todos fossem assim, não teríamos um agro forte, protagonista e vibrante.

Seguimos em frente

Exposto isso, vamos adiante. Quero propor a você uma reflexão sobre um tema importantíssimo, que vou expor a seguir.

Essa reflexão é importante por conta da sucessão familiar, das questões ESG cada vez mais em pauta e também pela própria essência do nosso agronegócio.

Tive a oportunidade de realizar junto ao MBA USP/Esalq um amplo estudo sobre governança corporativa no agronegócio e um ponto me preocupou.

Ponto de preocupação

Com a participação de 117 profissionais de marketing de agronegócio, a pesquisa teve 21 perguntas e analisou vários pontos.

Umas das questões enfatizou a frequência que o profissional se preocupa em atualizar as normas.

Um número expressivo de profissionais, 47,6%, se preocupa em atualizar as normas de governança corporativa pelo menos uma vez por bimestre. Outro grupo representativo, 25,6%, apontou que tem preocupação em atualizá-las uma vez por semestre.

Embora esse cenário possa ser explicado com base na natureza da governança corporativa, que engloba áreas como ética empresarial, gestão, liderança, psicologia social, direito, economia, finanças e contabilidade, entre outras, e exige uma abordagem multidisciplinar, trata-se de um cenário preocupante, uma vez que vivenciamos um período de dinamismo na produção e circulação da informação (Alves e Maciel, 2020; Silveira, 2021).

Cenário à vista

Tudo indica que essa frequência de atualização tende a diminuir nos próximos anos.

Isso porque a maioria dos profissionais de marketing entrevistados, 70,1%, optou por elencar “Ampliar a visibilidade” ou “Agregar credibilidade”, quando questionados qual a principal contribuição do marketing para as normas de governança corporativa.

Esse comportamento está em sinergia com o fato de que, mais do que em qualquer momento do passado, os consumidores têm acesso a melhores informações, mais escolhas, expectativas mais altas, mais acesso ao mercado e mais poder de compra (Wood, 2015).

Referências

Alves, M.; Maciel, E. 2020. O fenômeno das fake news: definição, combate e contexto. Internet & Sociedade 1(1): 144-171. Disponível em: <https://revista.internetlab.org.br/o-fenomeno-das-fake-news-definicao-combate-e-contexto/>.

Silveira, A.D.M. 2021. Governança corporativa no Brasil e no mundo: teoria e prática. 3ed. Virtuous Company, Vinhedo, SP, Brasil.

Wood, M.B. 2015. Planejamento de marketing. 1ed. Saraiva, São Paulo, SP, Brasil.

Rodrigo Capella é Diretor Geral da Ação Estratégica, empresa de comunicação e marketing com ampla experiência no segmento de agronegócio. Pós-graduado em Jornalismo Institucional, Capella (como é conhecido no mercado de agronegócio) é autor de diversos livros e artigos sobre comunicação e marketing. Idealizador do projeto “Alertas do Agronegócio”, que leva demandas do setor para o Executivo e o Legislativo, e fundador do site Marketing no Agronegócio.

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