Técnica bastante aplicada na citricultura e viticultura, a enxertia começa a ser utilizada nos plantios de maracujá para prevenir a morte prematura, que apesar do nome, trata-se de uma doença causada por fungos de solo que pode provocar a perda completa das plantas e inviabilizar a produção em áreas contaminadas. A tecnologia desenvolvida no Polo Regional de Adamantina da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) usa espécies tolerantes à doença como porta-enxerto, que serve de base para a instalação de cultivares com características desejáveis.

Capaz de atingir todas as variedades comerciais de maracujazeiro azedo existentes, a morte prematura é atribuída à associação de fungos de solo, nematoides e bactérias, que atacam o sistema radicular e se espalham rapidamente, causando a morte das plantas em plena fase produtiva. “A aplicação de defensivos agrícolas não tem se apresentado como solução eficiente, já o uso da enxertia tem sido a solução para o plantio em áreas com histórico da doença”, diz José Carlos Cavichioli, pesquisador da Agência.

O melhor resultado foi obtido por meio da enxertia de garfagem no topo em fenda cheia

Dentre os testes feitos, o melhor resultado foi obtido por meio da enxertia de garfagem no topo em fenda cheia, com pegamento de até 90%, feita em plantas com 40 dias. Identificou-se também a espécie Passiflora gibertii com melhor comportamento como porta-enxerto.

Apesar de ser uma técnica de produção sustentável, o especialista alerta para que sua aplicação ocorra apenas quando o solo da propriedade estiver condenado pela presença dos fungos causadores da morte prematura. De acordo com Cavichioli, em condições normais a produção de maracujazeiro enxertado é menor do que a sem enxerto.

Atualmente, aproximadamente 40 produtores utilizam essa tecnologia na região do Alta Paulista, de onde saem 25% da produção de maracujá de São Paulo e que produz cerca de 5 mil toneladas da fruta por ano. Porém, ela tem condições de ser adotada em qualquer estado brasileiro.