Produzir mais e melhor com qualidade, com menor incidência de pragas e doenças e garantindo um crescimento equilibrado para as plantas é um dos maiores desafios da produção de alimentos na agricultura. O cultivo protegido, popularmente conhecido como “estufas” oferece essa melhora.
O plantio em estufa eleva em até 30% a produtividade em comparação com cultivo tradicional, em áreas abertas. Os motivos são diversos: maior controle do microclima, menor incidência de pragas e plantas daninhas, solos muito mais saudáveis e manejo facilitado.
Para iniciar o cultivo de tomates na região de Bauru (SP), a engenheira agrônoma Aline Retz montou uma estufa integrada, modelo dente de serra, com 12 mil metros para abrigar a produção de tomates das variedades Italiano, Grape e Coquetel.
“Esse sistema evita a infestação de pragas e garante que a gente tome decisões mais rápidas quando algum erro acontece. Essa estrutura toda foi pensada com o objetivo de garantir o maior equilíbrio às plantas, resultando em uma produtividade alta, com tomates que se diferenciam dos demais nos supermercados”, relata a produtora.
Diferente do plantio convencional, feito diretamente no solo, a produção de Aline é feita em vasos, dispostos em calhas que evitam o contato com o solo. A estufa conta com tecnologias que facilitam a climatização, com janelas automáticas que se movimentam de acordo com a intensidade do vento, telas que cortam a radiação solar e um sistema de irrigação.
No total, a estufa possui 12 mil vasos, que geram uma média de 3 mil quilos de tomate por semana. Em parceria com a Coopercitrus, Aline enxerga grande potencial para o cultivo protegido, planejando ampliar a área das estufas e, por consequência, aumentar ainda mais a produtividade, com qualidade e reconhecimento.
Já o administrador hospitalar Paulo Câmara apostou na diversificação de culturas no Sítio São José, em Itaju (SP), ao cultivar pimentão em estufas de metal e tela. “O pimentão em área protegida vem com uma qualidade bem superior, demanda menos insumos e, com isso, temos uma produção com um padrão superior”, afirma Paulo, que conta com o suporte do sócio, Acácio Leocádio da Silva, para administrar a área.
No total, são cinco estufas de ferro, com 18 mil vasos de plantas. Destes, 2.500 vasos – uma estufa completa – é dedicada ao plantio da pimenta Sweet Palermo, uma variação do pimentão tradicional, com maior concentração de brix e, por isso, mais adocicado.
“Produzir em estufa é produzir mais, em menos espaço, chegamos à colher 10 mil caixas dos pimentões vermelho e amarelo”, afirma Câmara.
Há oito anos, os sócios Daniel Vicentin e José Paulo Martins decidiram transformar a horta que tocavam, na região de Itápolis (SP), e investiram na construção de estufas para a produção de pimentões vermelhos e amarelos. “O primeiro ano foi bom, o segundo também. Percebemos que a produtividade era boa e decidimos continuar”, relata Vicentin.
Diferente da Aline e do Paulo Câmara, as estufas são de madeira, com 3 arcos cada, e as plantas são cultivadas direto no solo. O manejo leva matéria orgânica, fertirrigação por gotejamento e, para proteger o solo, é feita a forragem com milheto. Paulo calcula que cada planta produz uma caixa de pimentão por safra, aproximadamente 30% a mais do que a produção convencional.
Essas três experiências demonstram que, na produção de hortifrúti, não existe receita pronta. Independentemente do método utilizado e do nível de tecnificação, uma coisa é certa: um manejo cuidadoso, a administração balanceada de defensivos e fertilizantes e um apoio especializado fazem a diferença no cultivo protegido.