O agronegócio é uma indústria a céu aberto e clima impacta e pode atrasar plantio e colheita. Assim, de acordo com o produtor de soja e milho no Rio Grande do Sul, Marcelo Chiappetta, o maior desafio é não ficar ansioso com futuro distante; “Vai ter seca, mas quando? No plantio ou na colheita? Temos que aprender a lidar com ela e trabalhar com mercado futuro, quem tem sangue frio e cabeça usa isso como estratégia”.

Chiappetta afirma também que muita ou pouca chuva podem afetar o psicológico do produtor da mesma forma, afetando as projeções. E sugere que o produtor analise o solo e contrate uma análise meteorológica, buscando essas informações sempre das mesmas fontes para ter um histórico. E lembra que é impossível dominar a natureza, sendo necessário trabalhar a favor dela.

Opinião semelhante à do head de agronegócios da Climatempo, Willians Bini, para quem ainda que tenhamos fatores como La Niña ou El Niño, nunca a situação climática é parecida com anos anteriores. “Por mais que tenhamos sazonalidades sempre teremos inverno com característica mais pontual. Clima é uma variável que o homem do campo não pode controlar, mas podemos ter uma previsão. A ciência tem papel em ajudar esse planejamento”, explica.

Efeito dominó

O agrometeorologista da Climatempo, Celso Oliveira, comenta que muito do panorama percebido no primeiro semestre deste ano tem relação com o clima com a produção das lavouras, mas que para entender o que aconteceu devemos voltar à primavera de 2020, quando houve um atraso significativo do retorno da chuva em boa parte do País e, assim, uma safra tardia. Para quem produz a segunda safra houve um atraso, especialmente no milho segunda safra que sofreu com estiagem e geada entre junho e julho do ano passado. Situação semelhante ao café, laranja cana e algodão.