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Pesquisa com nanotecnologia prolonga vida útil do morango na fase pós-colheita

Article-Pesquisa com nanotecnologia prolonga vida útil do morango na fase pós-colheita

Foto: Amanda Akashi Pesquisa com nanotecnologia prolonga vida útil do morango
Em uma parceria entre a Embrapa e a Unesp, pesquisadores desenvolveram uma película natural que, por meio da nanotecnologia, aumenta a vida útil do alimento de 5 para 12 dias. Entenda como funciona essa solução!

Um dos grandes desafios para produtores é a baixa vida útil dos morangos, mas uma parceria entre a Embrapa Instrumentação e a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) promete mudar isso por meio da nanotecnologia.

No estudo, os pesquisadores geraram um material de revestimento funcionalizado com resistência mecânica, térmica e à água, além de propriedades ópticas e antimicrobianas, que permitiu aumentar o tempo de vida do morango de 5 para 12 dias.

Basicamente, essa película forma uma barreira que limita a entrada de oxigênio, aumentando, por consequência, sua vida útil. Mas há várias outras vantagens do uso da nanotecnologia na produção de morango. Descubra quais são neste artigo!

Foto: Amanda AkashiRevestimento natural aumenta vida útil do morango

Entendendo melhor essa inovação em nanotecnologia

O estudo foi conduzido pelo bacharel em Agroecologia Josemar Gonçalves de Oliveira Filho, sob a orientação do pesquisador da Embrapa Instrumentação Marcos David Ferreira.

A proposta da pesquisa foi oferecer uma nova abordagem de revestimento, baseado em produtos naturais e de alta eficiência, em conformidade com a alta demanda por soluções sustentáveis, tanto em âmbito nacional como internacional.

No estudo, os morangos foram imersos em soluções de revestimento bionanocompósito, secos ao ar, distribuídos em caixas plásticas e armazenados por 12 dias em temperatura refrigerada.

Quando comparados a morangos sem o revestimento, a pesquisa constatou que a técnica, além de aumentar a vida útil do morango, também melhorou a qualidade dos frutos, minimizando a alteração de cor, textura, sólidos solúveis, pH, acidez titulável e teor de compostos bioativos benéficos para a saúde humana.

Assim, os pesquisadores acreditam que esse revestimento natural é uma estratégia inovadora para produtores rurais durante a pós-colheita, aumentando o período de comercialização da fruta.

“Isso retarda a troca de gases e umidade, resultando na redução da perda de água, respiração e taxas de amadurecimento”, explica o pesquisador da Embrapa.

Foto: Amanda AkashiEntenda como funciona o revestimento de origem vegetal

Exemplo do uso da nanotecnologia na agricultura

O revestimento em frutos é uma tecnologia já utilizada mundialmente e muito aplicada em frutas, em especial as cítricas, como a laranja e limão, o que pode ser observado comumente em pontos de venda de frutas e hortaliças, como supermercados de forma geral.

Mas, por meio da nanotecnologia, Marcos David Ferreira explica que é possível reduzir os tamanhos das partículas para a dimensão nano. “Por meio da nanotecnologia, estes revestimentos podem ser menores que um vírus, ou comparativamente mil vezes menor que um fio de cabelo”, afirma.

No caso dos revestimentos comestíveis, o pesquisador da Embrapa explica que é formada uma película invisível, que é muito mais uniforme e aderida à casca do fruto.

“Essa tecnologia proporciona alterações na troca gasosa, permitindo acúmulo de gás carbônico e diminuição no oxigênio. Com isso, conseguimos reduzir o metabolismo do fruto e consequentemente suas taxas respiratórias, protegendo contra a perda de água e também, em muitos casos, com ação antimicrobiana”, diz.

Na pesquisa realizada com os morangos, por meio da nanotecnologia, foi possível realizar alterações no tamanho da partícula em celulose e também na cera de carnaúba, alterando as suas propriedades. Com isso, pôde-se usar este composto como revestimento em um fruto tão sensível como o morango, prolongando sua vida de prateleira sem comprometer a qualidade.

Foto: Josemar FilhoPesquisa é resultado da aplicação de nanotecnologia

Alternativa sustentável e compatível com a demanda do mercado

A substância foi desenvolvida exclusivamente a partir de ingredientes de origem vegetal, tais como óleos essenciais de hortelã e capim, cera de carnaúba (uma palmeira típica do Nordeste), amido de araruta, uma planta medicinal e os nanocristais de celulose.

Sendo assim, Marcos Ferreira explica que, por serem “plant-based”, estes produtos estão dentro do contexto e demandas do mercado alinhados com as determinações de órgãos nacionais e internacionais, utilizando componentes Geralmente Reconhecidos como Seguros - GRAS.

O uso de revestimentos apenas de origem vegetal é outro diferencial, embora dentro da linha GRAS sejam permitidos componentes de origem animal e sintética. “Atualmente muitos consumidores, por razões distintas, como religiosas e também por restrições alimentares, evitam estes dois últimos componentes citados”, completa Ferreira.

O pesquisador da Embrapa complementa: “A nanotecnologia é uma ferramenta promissora para atender a uma demanda nacional e internacional pela capacidade de melhorar as propriedades desses revestimentos, principalmente à base de cera, reduzindo a necessidade de soluções sintéticas”.

Foto: Amanda AkashiOutro diferencial do revestimento é sua origem totalmente vegetal

Solução que vai além da busca pela qualidade

Um dos grandes desafios no momento para o setor de hortifrúti é a busca pela redução das perdas e desperdício de alimentos.  Os custos relacionados às perdas costumam variar muito de produto a produto, e também de acordo com o sistema de produção e comercialização.

De forma geral, são estimados valores entre 10% e 30% em perdas. Mas, para morangos em especial, o pesquisador da Embrapa explica que o impacto pode ser ainda maior. “Morangos são muito sensíveis ao manuseio e variações na temperatura, consequentemente podem ter perdas maiores”.

Desta forma, a pesquisa mostrou que a nanotecnologia auxilia na conservação e manutenção da qualidade dos frutos. “Por meio da tecnologia, você proporciona ao setor, em especial o varejo e o consumidor, maior tempo de prateleira e tempo hábil para consumo, reduzindo as perdas”, cita Ferreira.

Adicionalmente, essa tecnologia também possibilita o envio do alimento para locais mais distantes, onde o produto poderia ter maiores chances de deterioração durante o transporte.

Por fim, os pesquisadores ressaltam que a próxima etapa é a finalização da tecnologia com avaliações em condições comerciais, para sua inserção no sistema de produção e análise de aceitação do consumidor.

“O tempo estimado para validação da nanoemulsão junto ao setor de produção e comercialização, incluindo análise de mercado e escala industrial, é de dois a quatro anos”, conclui Ferreira.

Quer saber mais sobre o papel da nanotecnologia na agricultura? Então confira este artigo onde falamos sobre o primeiro nanossatélite brasileiro usado para monitoramento agrícola.

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