Diferentemente do que é dito, o Brasil não é um dos maiores consumidores de defensivos agrícolas do mundo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) o Brasil aparece apenas na 44º posição no ranking de países que utilizam tais substâncias químicas, com um consumo relativo de 4,31 quilos por hectare cultivado em 2016.
Escolha dos defensivos: Parte importante para o sucesso da aplicação
A quantidade e o tipo de defensivo a ser utilizado na lavoura tem fundamental importância para o sucesso do combate às pragas e doenças. Mas, segundo Sergio Decaro, coordenador de tecnologia de aplicação da UPL Brasil, essa definição irá variar bastante em razão da cultura ou do alvo biológico (gênero e espécie).
“Um herbicida pode requerer uma dose menor para controlar plantas daninhas mais sensíveis ou doses maiores para aquelas de menor sensibilidade ao ingrediente ativo do produto”, explica.
Outra situação citada por Decaro que pode ocorrer é a necessidade de doses maiores para plantas daninhas que estão em estágio de desenvolvimento mais avançado, ou seja, maiores em altura e mais enfolhadas, enquanto plantas em estágios de desenvolvimento mais inicial podem requerer menores doses para seu controle. Já para produtos que atuam no solo, para controle na pré-emergência das plantas daninhas, Decaro indica que a dose necessária também pode variar conforme a textura do solo.
“Tudo isso, pode parecer um tanto complicado, mas todo este trabalho exploratório já é feito com muita intensidade pelas empresas que fabricam e comercializam os produtos fitossanitários”, explica o representante da UPL.
Cabe ao produtor observar a bula e encontrar todas as variações necessárias de dose, conforme o alvo biológico, solo, ambiente, bem como as formas seguras para se aplicar o mesmo. Para isso, contar com a colaboração de um agrônomo é fundamental.
Planejamento da aplicação: essencial para redução do desperdício
Um dos grandes problemas da aplicação de defensivos é a excessiva perda de produto. Esta perda pode ocorrer por variados fatores, tais como deriva, perdas por chuvas ou problemas no equipamento pulverizador.
Estes fatores precisam ser melhor entendidos, possibilitando a adoção de medidas para que as perdas sejam reduzidas o máximo possível. Por isso, para Daniel Petreli, especialista em tecnologia de aplicação da Jacto Máquinas Agrícolas o planejamento de aplicação é fundamental. “O primeiro e mais importante ponto é o planejamento da aplicação, onde devem ser analisadas as condições climáticas da semana para evitar que o produto seja perdido”.
Também é fundamental estar com a manutenção das máquinas e pulverizadores em dia e com os trabalhadores devidamente treinados, evitando assim quaisquer problemas técnicos durante a aplicação.
Decaro explica que esse planejamento já vem sendo realizado de forma minuciosa por muitos produtores. “Hoje em dia, é muito comum entre os produtores um acompanhamento minucioso das condições meteorológicas no dia em que a aplicação está planejada”. Ainda segundo o representante da UPL, havendo qualquer risco de chuva, a aplicação deve ser remanejada para que não haja problemas, independentemente do modo de ação do produto, visando obter o maior intervalo em horas possível entre a aplicação a próxima chuva. “Não havendo a possibilidade desse intervalo, deve-se aplicar no dia seguinte ou quando a previsão não indicar a possibilidade de chuva próxima”.
Segundo Petreli, também que existem formulas mais tecnológicas à disposição do produtor. “Tais fórmulas são feitas, por exemplo, com moléculas que são rapidamente absorvidas pelo alvo, que em questão de minutos faz efeito e não interfere na qualidade da aplicação, caso haja alguma precipitação”.
Descarte de embalagens vazias: somos um grande exemplo
O descarte de embalagens vazias (parte importante da logística reversa) é a última, mas não menos importante, etapa do ciclo de aplicação dos defensivos. E, na atual conjuntura, o Brasil é um grande exemplo que deve ser seguido.
Dessa forma, Petreli explica que em todo o Brasil, o produtor deve, obrigatoriamente:
- Realizar a tríplice lavagem da embalagem para tirar todo o resíduo dos defensivos;
- Inutilizar o recipiente fazendo furos no mesmo;
- Armazenar em local apropriado para ser devolvido ao final de um período no local onde foram adquiridos, caso das lojas, cooperativas ou casas agrícolas.
Decaro salienta que no prazo de até um ano da data da compra, é obrigatória a devolução da embalagem vazia ao estabelecimento onde foi adquirido o produto ou no local indicado na nota fiscal, emitida no ato da compra. “Caso o produto não tenha sido totalmente utilizado neste prazo, e ainda esteja dentro de seu prazo de validade, será facultada a devolução da embalagem em até 6 meses após o término do prazo de validade”.
O coordenador de tecnologia de aplicação da UPL Brasil ainda explica que o usuário deve guardar o comprovante de devolução para efeito de fiscalização, pelo prazo mínimo de um ano após a devolução da embalagem vazia.
Vale salientar que estas e todas as outras informações relativas aos cuidados no manuseio e à aplicação dos produtos estão dispostas nas bulas e FISPQ de cada produto.
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