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Culturas de inverno: o que plantar na entressafra?

Article-Culturas de inverno: o que plantar na entressafra?

Culturas de inverno
Entre seus benefícios, as culturas de inverno podem ajudar o produtor a aumentar a fertilidade do solo e a rentabilidade da produção. Conheça as principais espécies cultivadas nessa época do ano e veja as dicas para alcançar bons resultados na entressafra!

Tradicionalmente, o cultivo agrícola ocorre no período primavera/verão e, em seguida, deixa-se o solo descansar até a próxima safra. No entanto, em algumas regiões, o plantio de culturas de inverno acaba sendo uma opção interessante.

As culturas de inverno são boas opções para pequenos, médios e grandes produtores, ao passo que diversificam a renda e promovem melhorias no sistema de produção como um todo.

Se você quer saber o que plantar no inverno, continue a leitura deste artigo! Você vai conferir quais são as culturas de inverno mais comuns e conhecer os benefícios que elas trazem ao solo e aos sistemas de produção.

Quais são as principais culturas de inverno do Brasil?

Ao longo das últimas décadas, com o avanço das tecnologias, boa parte das regiões agrícolas do Brasil apresentaram o potencial de outro cultivo ao longo do ano, chamado de safrinha, segunda safra ou, até mesmo, cultivo de entressafra.

Segundo Rodrigo Arroyo Garcia, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, esse tipo de cultivo nada mais é do que o cultivo de outono-inverno, após a colheita da safra principal.

O que plantar no inverno?

De acordo com Garcia, a “melhor cultura” é muito dependente das condições de clima e solo, que variam consideravelmente devido ao tamanho territorial do Brasil. “Em algumas situações, com uso de irrigação, por exemplo, há possibilidade de 3 colheitas por ano”, diz o pesquisador.

São consideradas culturas de inverno:

  • Trigo;
  • Triticale (cereal híbrido gerado a partir do cruzamento entre o trigo e o centeio);
  • Aveia;
  • Cevada;
  • Feijão guandu;
  • Nabo forrageiro;
  • Milho.

O pesquisador destaca que a produção nacional de trigo está em ascensão. “Essa espécie vem recentemente ganhando destaque, inclusive, no Cerrado brasileiro, com desempenho produtivo bastante favorável”, explica.

Quanto ao cultivo de milho, grande parte é concentrada na segunda safra ou safrinha, principalmente em áreas que tiveram a soja no verão.

Segundo Garcia, o modelo de produção soja/milho é o principal no Brasil, destacando-se nas diversas regiões agrícolas do país.

Quando falamos especificamente sobre o estado do Rio Grande do Sul, Leonardo Silva Paula e Pedro Paulo Arrojo Vendruscolo, da Equipe FieldCrops da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), indicam que várias espécies de plantas podem ser cultivadas para cobrir o solo no inverno.

“Separando por regiões agrícolas, a região da campanha e fronteira oeste aposta, com maior frequência, no azevém solteiro e em algumas situações consorciado com aveia preta, sendo este último geralmente em áreas de criação bovina”, comentam.

Já no planalto e alto Uruguai, eles sugerem a utilização de consórcios de cobertura de solo, com espécies de nabo forrageiro, ervilhaca e aveias, além do plantio de espécies destinadas à colheita de grãos, como a cultura do trigo, centeio, canola e aveias.

Outros cultivos também têm destaque nesse período do ano, como o feijão, sorgo, arroz e algodão. No caso do Mato Grosso, é comum a sucessão soja/algodão safrinha.

Quais as principais características das culturas de inverno?

Segundo Garcia, não há uma espécie de planta que seja a melhor opção de cultivo para todas as regiões e situações. “As espécies apresentam características positivas e outras negativas”, salienta.

Nesse caso, o pesquisador indica que o diagnóstico da área de produção é o primeiro passo que todo produtor deve realizar. “A partir desse diagnóstico, a escolha dessas plantas de cobertura será mais assertiva, com reflexos positivos no solo e nas culturas comerciais em sucessão”, diz.

Veja as características de algumas culturas:

Braquiárias

As braquiárias apresentam raízes mais volumosas e profundas, trazendo diversas melhorias ao solo e aumentando a produtividade.

Crotalárias e guandu

São muito eficientes no processo de fixação biológica de nitrogênio, além de controlarem boa parte dos nematoides de importância agrícola.

Milheto

Essa planta se destaca pelo crescimento inicial rápido e em solos arenosos com baixa oferta de chuvas.

Nabo forrageiro

Outra planta de cobertura com potencial de cultivo na entressafra, tanto em ambientes mais frios como em situações de período seco prolongado, como no Centro-Oeste.

“O nabo forrageiro também se destaca pela agressividade do sistema radicular e pela ciclagem de nutrientes como o nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio”, complementam Silva Paula e Vendruscolo.

Gramíneas

As gramíneas, como aveia, azevém e centeio, são extremamente importantes no sistema produtivo. “Elas apresentam rápida formação de cobertura vegetal, grande longevidade da palhada devido a sua alta relação C/N [relação carbono-nitrogênio] e ciclagem de nutrientes”, complementam os pesquisadores da UFSM.

Quais os benefícios das culturas de inverno para o produtor e para o solo?

Desde que bem planejado e com o correto posicionamento de espécies, o produtor pode ter um sistema de produção muito rentável no cultivo de inverno.

Pensando em cereais de inverno, como é o caso do trigo, da aveia e do centeio, é possível elevar os tetos de rendimento. “Quando há um eficiente manejo, teremos melhores índices de rentabilidade da fazenda”, opinam os pesquisadores da UFSM.

Já as espécies de cobertura de solo podem também ajudar a incrementar a renda de maneira indireta, aumentando a produtividade da cultura de verão. Um exemplo levantado pela Equipe FieldCrops, a partir de 853 lavouras do Rio Grande do Sul, mostrou que a ervilhaca em consórcio aumentou em cerca de 35% a produtividade de grãos de soja na medida em que se cultiva a espécie em pré-semeadura da soja.

Vantagens para o solo

A nível de solo, tanto o pesquisador da Embrapa quanto os da UFSM afirmam que são inúmeros os benefícios do manejo de culturas de inverno. A biota e microbiota são melhoradas pela transformação do material orgânico, ou da palha depositada na superfície em matéria orgânica.

Mas a qualidade desse processo depende do tipo de alimento que ofertamos a esses organismos. “À medida que passamos a oferecer uma palhada de maior qualidade e quantidade, otimizamos o fornecimento de nutrientes como nitrogênio, fósforo, enxofre e carbono. Isso otimiza a atividade destes agentes e, consequentemente, torna o solo mais rico e mais fértil”, explicam os pesquisadores da UFSM.

Além disso, pelo maior aporte de palha na superfície e de raízes em profundidade no solo, os modelos de sistema de plantio direto que utilizam culturas de inverno têm maior estabilidade na produção em situações de veranicos, como explica Garcia.

“Os incrementos de matéria orgânica no solo, por meio da rotação de culturas no SPD [sistema de plantio direto], são essenciais para a atividade agrícola, principalmente nas novas fronteiras agrícolas, com predomínio de pastagens degradadas em solos arenosos”, diz.

Cuidados ao plantar culturas de inverno

De forma geral, os cultivos de inverno têm menor investimento do produtor em virtude dos riscos. Por outro lado, as espécies também demandam manejo agronômico eficiente para maior expressão do potencial produtivo.

Assim, para as culturas graníferas, como cereais de inverno e milho, Garcia indica que o produtor rural sempre deve estar atento ao manejo mais adequado, com a expectativa de produtividades elevadas.

Cuidados nos cultivos de cobertura

Quanto às espécies cujo objetivo maior é trazer melhorias ao ambiente de produção, como as gramíneas forrageiras ou leguminosas de cobertura, também é importante adotar práticas adequadas para aumentar o crescimento das plantas. “Essa medida intensificará os benefícios ao solo e aos cultivos em sucessão”, explica o pesquisador.

Priorizar a qualidade da semeadura, utilizando sementes com boa procedência, também é uma medida importante. Caso contrário, os problemas com doenças e infestação de plantas daninhas podem ser intensificados. Leonardo Paula e Pedro Vendruscolo sugerem que o produtor redobre a atenção durante a semeadura dessas espécies.

“O produtor deve garantir o máximo de contato solo/semente e no período ideal de dessecação, pois devido à alta quantidade de palha pode comprometer a distribuição e o contato das sementes com o solo da cultura seguinte”, finalizam.

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