Quem procura por aliar soluções sustentáveis com vantagens competitivas vai encontrar duas ferramentas durante a Agrishow 2019: o RenovaCalc, ACV e Agrodimensões todas desenvolvidas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Desenvolvida em parceria com o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Agroicone e Unicamp a RenovaCalc é uma ferramenta de funcionamento similar a uma calculadora, pela qual as empresas cadastradas no RenovaBio, interessadas em créditos de descarbonização (CBios), deverão detalhar parâmetros técnicos dos processos agrícolas e industriais da sua produção de biocombustíveis que geram emissões de carbono.
Para incentivar o aumento da produção nacional de biocombustíveis, o RenovaBio deve trazer uma vantagem competitiva para as empresas que apresentarem processos produtivos com menos emissão de carbono. Para este cálculo entra a RenovaCalc. A calculadora, disponibilizada em consulta pública pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) mede os índices de Intensidade de Carbono dos Combustíveis do Programa Renovabio por meio do levantamento de parâmetros técnicos junto ao produtor, calcula as emissões de gases de efeito estufa do ciclo de vida dos biocombustíveis, gerando um índice de desempenho em g CO2eq/MJ de biocombustível.
Já a ACV (Avaliação do Ciclo de Vida) é usada por organizações para avaliarem a performance de seus produtos e o atendimento à atual demanda do mercado em termos de sustentabilidade, orientando os gestores nas tomadas de decisão. De acordo com a pesquisadora Marília Folegatti, que coordena o Grupo Técnico responsável pela elaboração do protocolo de desempenho ambiental dos biocombustíveis dentro do RenovaBio, “a ACV está se tornando um importante estímulo à melhoria dos processos produtivos agrícolas e agroindustriais para fins energéticos, com vistas à sustentabilidade ambiental”.
Agrodimensões (Ambitec-Agro e APOIA-NovoRural)
O Agrodimensões é um sistema de verificação e monitoramento do perfil socioambiental de propriedades agrícolas associado a mecanismos de comunicação com o consumidor. São métodos para auxiliar a avaliação de impactos em várias dimensões da sustentabilidade relacionadas ao trabalho no ambiente rural. As metodologias Ambitec-Agro e APOIA-NovoRural constituem parte fundamental nesse sistema.
Dois deles, o Ambitec-Agro e o APOIA-NovoRural compreendem procedimentos para a previsão, a análise e a mitigação dos efeitos ambientais de projetos, planos e políticas de desenvolvimento que impliquem em alteração da qualidade ambiental. De acordo com o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Geraldo Stachetti Rodrigues, idealizador dos sistemas, “o objetivo é prover uma avaliação simples, prática, rápida e de baixo custo dos impactos socioambientais de inovações tecnológicas e atividades rurais introduzidas em determinado sistema de produção, aplicável à avaliação multicritério de impactos socioambientais”.
O método Ambitec-Agro é um sistema de avaliação de impactos ambientais de inovações tecnológicas agropecuárias. Apresenta estrutura multicritério, pela qual observações de campo são pontuadas em 27 critérios e 148 indicadores de desempenho socioambiental. Consiste de um conjunto de matrizes multicritério que integram indicadores do desempenho de inovações tecnológicas e práticas de manejo adotadas na realização de atividades rurais em determinado empreendimento. São considerados sete aspectos essenciais de avaliação: uso de insumos e recursos, qualidade ambiental, respeito ao consumidor, emprego, renda, saúde e gestão e administração.
Já o método APOIA-NovoRural (Sistema de Avaliação Ponderada de Impacto Ambiental de Atividades do Novo Rural) é um sistema de indicadores voltados à avaliação de impactos para gestão ambiental de atividades rurais. Consiste de um conjunto de 62 indicadores de desempenho da atividade produtiva organizados em abordagem multi atributo, agrupados em cinco dimensões de sustentabilidade analisadas na escala de estabelecimentos rurais: ecologia da paisagem, qualidade ambiental (atmosfera, água e solo), valores econômicos, valores socioculturais e gestão e administração.
Os indicadores são obtidos em levantamentos de campo realizados com instrumental analítico e dados técnicos gerenciais dos estabelecimentos rurais, obtidos por meio de diálogos com o produtor rural ou responsável pelo estabelecimento e compõem os relatórios de gestão ambiental. Tem como foco avaliar o desempenho socioambiental de estabelecimentos rurais de acordo com determinados padrões de qualidade. De acordo com Rodrigues, “ele permite uma avaliação objetiva de qualidade ambiental e sustentabilidade das práticas de manejo em estabelecimentos rurais”.
“Os dados obtidos no campo e junto ao administrador do empreendimento são aplicados em matrizes de ponderação, nas quais são automaticamente transformados em índices de impacto e representados graficamente”, explica o pesquisador. Os resultados permitem averiguar quais práticas de manejo produzem maior impacto no desempenho das atividades testadas.
Os resultados da avaliação permitem também ao usuário averiguar quais impactos da tecnologia podem estar desconformes com seus objetivos de bem estar social. Ao tomador de decisões, possibilitam a indicação de medidas de fomento ou controle da adoção da tecnologia, segundo planos de desenvolvimento local sustentável e, finalmente, proporcionam uma unidade de medida objetiva de impacto, auxiliando na qualificação, seleção e transferência de tecnologias agropecuárias.