O segundo dia do CNMA foi um sucesso entre o público e trouxe uma programação muito importante em relação ao futuro do agronegócio. A programação manteve as arenas lotadas durante todos os horários e contou com a participação de congressistas engajadas! Preparamos este artigo para que acompanhe o que aconteceu no último dia do evento:
Crescimento, Tecnologia e produtividade
No palco principal do evento, a programação iniciou com o tema “Brasil: a maior potência agroenergética do mundo”. O debate teve a participação de Cristin Malevic, Diretor da MWM Motores e Geradores; Francisco Turra, ex-Ministro da Agricultura e Presidente do Conselho de Administração da APROBIO; Luciano Rodrigues, diretor de Economia e Inteligência Estratégica da ÚNICA; e, Paula Packer, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente.
Packer começou a discussão explicando sobre o novo RenovaBio, no qual participou da formação. A chefe-geral da Embrapa contou sobre a importância de expandir a produção de biocombustíveis. Para o ex-ministro, Paulo Turra, o Brasil já cresceu muito e ainda pode crescer mais, por isso destacou a grande produção que existe no país e o crescimento dos combustíveis renováveis: “esperamos disseminar esperança e o otimismo que o agro transcende”.
Depois, Luciano Rodrigues destacou opções sustentáveis que vem se desenvolvendo no país como, por exemplo, o etanol de milho, um combustível de baixa emissão de carbono, e alternativa aos produtores que querem investir com o custo-benefício entre produção e custos. Cristian Malevic contou sobre a transição segura que os biocombustíveis trazem ao campo e a importância de novas tecnologias e pesquisas que apoiam nesse sentido, como a atuação da Embrapa, além das cooperativas com os pequenos produtores. Turra finalizou com um discurso enérgico sobre o papel da sustentabilidade no agronegócio e do fato de agregar valor durante a exportação do produto.
Lançamento: saúde e bem-estar animal nos cinemas
A pecuarista Carmen Perez deu sequência ao seu projeto “Quando Ouvi a Voz da Terra”. Durante o último dia do CNMA, Perez realizou um painel com cenas exclusivas e o pré-lançamento de seu novo filme “Um outro olhar – Uma jornada pelo bem-estar animal e sustentabilidade”. O projeto já contava com um filme lançado em 2021 e uma série documental lançada em 2022.
O novo filme será lançado em 2024 e conta com a pecuatista como protagonista, além da participação de Temple Grandin e Mateus Paranhos. O diretor Nando Dias Gomes e a produtora-executiva Flávia Tonin estiveram presentes no evento e participaram da discussão sobre o assunto. Quem também esteve presente durante a conversa foi Caio Penido, Presidente do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) e Fernanda Macitelli Benez, que se emocionaram ao falar da sustentabilidade na pecuária brasileira, além de reforçarem o compromisso com o bem-estar animal.
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Pesquisa: Percepção do Agronegócio Brasileiro na Europa
Os resultados da pesquisa mais aguardada do evento foram divulgados através de uma coletiva de imprensa nesta quinta (26). José Luiz Tejon, curador do evento, foi o mediador da pauta “Percepção do Agronegócio Brasileiro na Europa”, resultado de uma parceria entre Serasa Experian, Onstrategy, e Biomarketing. Participaram Marcelo Pimenta, da Serasa; José Antonio Silva, Head Associate da Onstrategy; Gislaine Balbinot, diretora-executiva da ABAG; e Fabiana Fonseca, ex USDA.
A pesquisa foi realizada com participantes do Reino Unido, França, Alemanha e República Tcheca e contou com a divisão em cidadãos, jornalistas e distribuidores. A escolha das regiões pesquisadas foi realizada de acordo com as relações comerciais entre estes países e o Brasil, Com indicadores qualitativos e quantitativos, a pesquisa buscou entender as variáveis de notoriedade, posicionamento, reputação e prosperidade.
“A pesquisa foi o primeiro levantamento feito sobre a percepção europeia quanto ao agro brasileiro. E para qualquer estratégia ou ação de melhoria é necessário, primeiro, saber onde estão as questões a serem trabalhadas. Então, do ponto de vista de uma empresa de dados como a Serasa Experian, era necessário ter uma primeira medida, entendendo e acabando com alguns mitos, principalmente para saber onde precisamos atuar”, explicou Marcelo Pimenta.
Na divulgação dos resultados, 57% das 590 mil fontes pesquisadas disseram que não conhecem nada sobre o agro brasileiro e apenas 11,2% indicaram conhecer bem. “Está na hora de uma abordagem efetiva para o mundo, o Brasil é um gigante desconhecido”, apontou Tejon durante a apresentação das conclusões.
No caso dos resultados entre cidadãos, o agro apresentou baixa notoriedade, já para os jornalistas esse é um assunto bem conhecido, e, entre os distribuidores, o tema apresentou os melhores indicadores. Diante disso, o português José Antonio Silva enxerga oportunidades: “Na Europa, o agro não tem compradores fiéis como no Brasil, fazer um trabalho de fidelização pode ser uma boa oportunidade”, pontuou em relação aos resultados entre distribuidores.
O grande destaque da pesquisa ficou por conta do café, foi o produto com melhores indicadores e resultados acima de 75% de avaliação positiva, tendo a Alemanha como país que melhor avaliou o produto.”O café é muito forte e puxa todos os indicadores do agro para cima”, apontou Silva.
No contraponto, o destaque negativo foi dos produtos florestais, que ficaram apenas com cerca de 40% de reputação positiva. “Chama atenção o aspecto da prosperidade, o Brasil é percebido como rico, que gera e traz riqueza nesse sentido, mas no aspecto social temos notas fracas e vulneráveis. Nos mercados euroupeus, é percebido como o agro que não distribui riqueza, empregos, saúde e diversidade”, completa o head da Onstrategy. A questão da governança foi um tópico abordado pela pesquisa como explicação para este resultados negativo, as fontes indicaram que há um vácuo de lideranças fortes e sustentáveis.
A pesquisa também trouxe os resultados dos arquétipos percebidos, que servem como uma indicador de aspectos que devem ser trabalhados para defesa do mercado agro brasileiro. Ficaram em destaque os termos: competência, racionalidade, visão, disciplina, força, coragem, modernidade e empreender.
Apesar dos números, a marca “agro brasileiro” tem percepção superior a marca Brasil internamente, o que indica que o setor traz mais visibilidade ao país que ao contrário e que, externamanete, a visão sobre nosso agro é melhor. Na apresentação das conclusões, Tejon apontou esse fator como algo que traz expectativas em relação aos aspectos únicos e a inovação no país, principalmente no que diz respeito aos processos sustentáveis, com os sistemas de agronegócio regenerativo, ILPF, bioinsumos, bioeconomia e bioenergia, mas é necessário um trabalho para além da comunicação, sendo necessário provar os resultados.
“Não basta apenas comunicar e falar o que fazemos. Vivemos em uma era de desconfiança e precisamos provar. Precisamos mostrar a nossa jornada pelo aperfeiçoamento e as conquistas já alcançadas. As realidades do agro brasileiro são muito maiores do que suas percepções. E são vitais para a vida no planeta Terra. Somos um paraíso de oportunidades para o Brasil e para o mundo”, apontou Tejon.
Vale destacar que entre os pontos de preocupação surgidos na pesquisa estavam questões relacionadas a químicos e desperdícios, além nos aspectos de empregabilidade, saúde e cuidados com as causas ambientais. Com isso, a apresentação também mostrou que o cooperativismo tem função primordial na construção de uma estratégia de comunicação para o agro consciente.
“O agro vem num amadurecimento. Essa pesquisa revela o quanto precisamos melhorar e a narrtiva é um ponto crucial. Temos produção adequada, processos corretos e empresas engajadas. O cenário é positivo, mas não conseguimos passar essa percepção”, avaliou Gislaine Balbinot.
A diretora-executiva da ABAG completou explicando quais esforços vem sendo realizados para mudar essa imagem: “Atuamos em projetos e ações que trabalham a base de toda essa comunicação, levando conhecimento em escolas, por exemplo. Essa pesquisa mostrou que realmente devemos trabalhar a construção dessa narrativa de forma integrativa, envolvendo a educação, a divulgação de informações corretas e a mídia”.
“De forma resumida, eu diria que a construção de percepção é crucial para o nosso País e ganha quem tem a melhor narrativa. Temos consistência e produtos de alto valor agregado, mas quem ‘sai na frente’ é quem constrói uma comunicação mais consistente”, concluiu a ex-USDA, Fabiana Fonseca.
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