O uso de modernas tecnologias da agricultura 4.0 está revolucionando a forma com que conduzimos a atividade no campo. O uso da inteligência artificial, por exemplo, permite que máquinas executem tarefas, tomem decisões e resolvam problemas de forma autônoma.
Neste contexto, um equipamento desenvolvido pela Embrapa em parceria com a startup LiveFarm está revolucionando a cultura do algodão. Essa inovação permite levar maior eficiência ao monitoramento do bicudo do algodoeiro, considerada a principal praga da cultura do algodão.
Essa solução utiliza a inteligência artificial para realizar a contagem automática dos insetos em tempo real, otimizando tempo e recursos com o monitoramento, além de reduzir o número de pulverizações.
Entenda mais sobre o uso dessa inovação na cultura do algodão e os demais usos da inteligência artificial na agricultura.
Inteligência artificial na agricultura: tomada de decisão mais rápida e precisa
A agricultura moderna é uma atividade bastante dinâmica e complexa. Hoje em dia, o sucesso de qualquer sistema de produção requer a geração de múltiplas informações.
Essas informações são cada vez mais importantes para ganhos de produtividade com maior dependência de máquinas e menor esforço humano.
Consequentemente, a utilização de bases de dados com informações de composição do ambiente de produção depende de sensores e dispositivos de medição integrados a soluções computacionais para realizar tarefas complexas.
Para estes casos, Everaldo Medeiros, pesquisador da Embrapa Algodão, explica que a inteligência artificial na agricultura tem grande valia. “As informações coletadas pela IA auxiliam e permitem a tomada de decisão muito mais rápidas e precisas, o que pode tomar muito tempo quando realizado por pessoas”.
A inteligência artificial está embarcada em plataformas digitais com algoritmos e tecnologias que processam dados com rapidez, gerando informações de alta complexidade organizadas local ou remotamente.
No ambiente agropecuário, essa é considerada uma vanguarda com vantagens e ganhos que têm promovido impactos positivos sobre o ambiente de produção, com uso inteligente de insumos, de defensivos e o monitoramento fitossanitário.
“A IA proporciona melhoria de produtividade e rentabilidade à atividade, traz também impactos ambientais positivos, como redução na pegada de carbono, baixa toxicidade residual no solo, produtos saudáveis, dentre outras [vantagens]”, complementa Medeiros.
Entendendo a importância da inteligência artificial no monitoramento de pragas do algodão
Como você pode ver, a inteligência artificial é uma grande aliada da agricultura moderna, permitindo benefícios em muitas esferas dentro do setor, e uma das inovações mais interessantes é seu uso no monitoramento de pragas do algodão.
A cultura do algodão é caracterizada pelo potencial de perdas devido à incidência de insetos e doenças. Consequentemente, há o uso intensivo de produtos agroquímicos para o controle destes.
Para evitar maiores prejuízos, uma das estratégias racionais é a combinação de recursos de inteligência artificial com práticas sustentáveis como o Manejo Integrado de Pragas, como explica o pesquisador da Embrapa:
“A combinação de técnicas de inteligência artificial e sensoriamento remoto tem permitido muitas aplicações na cultura do algodão, como o monitoramento e a indicação de pulverizações localizadas, por exemplo”.
Os avanços no uso de recursos de visão computacional, sensores ópticos, câmeras espectrais e VANTs (Veículo Aéreo Não Tripulável) são alguns dos recursos que embarcam os sistemas de inteligência artificial, com o objetivo de intensificar o monitoramento e diagnóstico de forma precisa.
“Como recurso tecnológico, a IA requer a interface com outras tecnologias, além de forte conhecimento agronômico da cultura de maneira que viabilize soluções com fundamentação técnica”, complementa o pesquisador.
Nesse contexto, a Embrapa Algodão e a startup LiveFarm estão utilizando a tecnologia para aperfeiçoar a estratégia de controle e a aplicação de inseticidas, com reduções potenciais de 30% a 50%.
Como funciona o equipamento que monitora as pragas do algodão?
O equipamento consiste em um sensor que é acoplado às armadilhas convencionais de feromônio e envia os dados para um aplicativo, facilitando a tomada de decisão do produtor quanto ao manejo da praga.
“Ao passar pelo inseto, a IA faz a identificação e envia as contagens para a nuvem. O sistema se diferencia pelo método de contagem e pelo fato de funcionar sem a necessidade de sinal telefônico ou de internet de satélite, sendo possível adaptar a qualquer ambiente”, explica Joélcio Carvalho, sócio-fundador da LiveFarm.
Outros usos da inteligência artificial na cultura do algodão
As aplicações da inteligência artificial ainda poderão ser exploradas em diferentes eixos dentro da cultura do algodão. No entanto, Everaldo Medeiros explica que esses eixos requerem uma organização mais estruturada de dados para tomada de decisão. “Há a necessidade de adotar ferramentas computacionais, em combinação ou não com outras tecnologias de aquisição de dados”, diz.
Mas, de forma geral, dentro da cultura do algodão, os processos que poderão receber estratégias com inteligência artificial são aqueles que permitem intervenções sistematizadas no campo ou no algodoeiro, ou ainda seguir até o consumidor final como uma forma de rastreabilidade e qualidade da pluma, por exemplo.
Dessa forma, sistemas de modelos inteligentes em fazendas digitais podem, dentre outras coisas:
- Monitorar a fertilidade do solo;
- Gerenciar as variáveis de produtividade;
- Monitorar os atributos nutricionais foliares.
“Essas são algumas das soluções consolidadas e em uso pelo setor produtivo com alto aporte tecnológico”, salienta Medeiros.
Desafios associados ao uso da inteligência artificial na agricultura
Como vanguarda tecnológica, há sempre riscos associados ao uso da inteligência artificial na cultura do algodão ou em qualquer outro cultivo.
Segundo Everaldo Medeiros, a parte crítica pode ser dividida em dois pontos:
- Geração do conhecimento científico necessário, que requer tempo para consolidação;
- Aparato da tecnologia avançada, que é basicamente importado de outros países.
“A ampliação no sentido de difusão e amplo acesso às tecnologias passa pelo domínio técnico-científico e disponibilidade dos recursos tecnológicos. Estes ainda são de alto custo para as mais diversas aplicações”, explica Medeiros.
Também vale destacar que as tecnologias de inteligência artificial ainda são pouco acessíveis para pequenos e médios produtores. “Devido ao elevado custo para aquisição de soluções usando IA, e a falta de técnicos capacitados, ela é ainda inacessível aos pequenos e médios produtores no país”, garante o pesquisador.
Seja na cultura do algodão ou em qualquer outra atividade realizada no campo, o uso da inteligência artificial vem adquirindo grande importância. Mas, para o sucesso dessa inovação, é necessário investir em conhecimento e em modernas tecnologias.
Quer saber mais sobre o uso da tecnologia na agricultura? Então confira neste artigo quais são as expectativas para a agricultura 5.0, a nova era digital no campo!