Na agricultura que conhecemos hoje, uma das principais preocupações é o excessivo uso de defensivos agrícolas nas plantações. Essa prática se tornou indispensável na agricultura, principalmente nas grandes plantações.
Por muito tempo, foram os defensivos agrícolas os grandes responsáveis pelo aumento da produtividade das plantações. Porém, hoje já se sabe que o contínuo crescimento do uso de defensivos, quando utilizados de forma indiscriminada, pode acarretar diversos problemas ambientais.
O problema se agrava ainda mais quando se observa aumento no uso de agrotóxicos piratas, onde é feita a compra de defensivos no mercado paralelo, sem nenhum cuidado com a segurança.
Riscos da compra e uso de defensivos no mercado paralelo
Para serem comercializados, os defensivos agrícolas passam por um rigoroso controle dos órgãos responsáveis (Ministério da Agricultura, Anvisa e Ibama), garantindo maior segurança de uso nas plantações.
Porém, segundo o gerente de produto do Sindiveg (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal), Fernando Henrique Marini, explica que quando os defensivos são adquiridos no mercado paralelo (em razão principalmente da oferta de preço reduzido) não há nenhum controle, não sendo possível ter a garantia de segurança para o uso.
Em razão disso, a venda ilegal de defensivos no mercado paralelo também é perigosa, visto que estes produtos apresentam componentes tóxicos, e que dependem de condições salubres de transporte e manuseio, que devem ser controlados desde o início da produção até a sua destinação final.
“Por serem ilegais, tais defensivos não são avaliados pelo Mapa, Anvisa e Ibama e, portanto, não garantem segurança quando utilizados”, ressalta Marini.
Além da segurança, o uso desses produtos também coloca em risco um dos principais setores da economia, o agronegócio, que tem participação fundamental nas exportações do Brasil.
Defensivos no mercado paralelo já representam 10% do total
A compra de defensivos no mercado paralelo já movimenta quase 10% do total de defensivos utilizados no Brasil, ou seja, a cada 10 unidades compradas, uma é provinda do mercado paralelo e, portanto, não dispõe de nenhum controle. Esse “mercado paralelo” movimentou aproximadamente R$3 bilhões em 2016.
Para tentar reduzir esse tipo de mercado ilegal, o SINDIVEG, desde 2001, vem trabalhando na Campanha Contra Defensivos Agrícolas Ilegais, como explica Marini.
“Essa campanha tem por objetivo conscientizar os agricultores e as revendas sobre os riscos que esse tipo de atividade pode trazer não só para a plantação, como também para o patrimônio do agricultor, o seu negócio, a sua família, a saúde e o meio ambiente”.
Marini explica ainda que o total de produtos apreendidos entre 2001 e 2016 chegou a 529 toneladas. “Esse número representa aproximadamente seis milhões de hectares em área que ficou protegida de produtos ilegais e 15 bilhões de quilos de alimentos que ficaram protegidos desses produtos”.