*Imagem: Pano de batida para ilustrar o MIP. Credito: RRRufino/ Arquivo Embrapa
No Brasil, as pragas em lavouras são as grandes responsáveis por tirar o sono de qualquer agricultor. Por isso, o correto planejamento agrícola é fundamental para o sucesso da atividade e, nesse sentido a adoção do manejo integrado de pragas pode ser um bom começo. Também conhecido como MIP, esse tipo de manejo utiliza diversas técnicas para manter a população de pragas abaixo do nível de dano econômico, relacionando com aspectos econômicos, sociais e ecológicos. Entretanto, para que esse conjunto de técnicas seja eficaz, ele precisa ser realizado de maneira planejada e harmoniosa, sendo essa a base para solidez de um programa de Manejo Integrado de Pragas.
Baseado nessa busca por um MIP eficaz, conversamos com Arnold Barbosa de Oliveira, agente de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja. Ele nos mostra como é feito o manejo integrado de pragas e porque o agricultor deve adota-lo.
Manejo Integrado de Pragas: O que é?
O Manejo Integrado de Pragas é a integração de diferentes estratégias destinadas ao controle de pragas para melhor proteção da cultura, sempre com o mínimo de efeitos indesejados.
Neste sentido, Arnold Oliveira explica que as intervenções de controle são decididas conforme algumas variáveis, tais como:
- Monitoramento periódico da lavoura;
- Características habituais das plantas; e
- Presenças e comportamentos das pragas e dos seus inimigos naturais, que contaminam as culturas ou delas se alimentam.
O pesquisador indica que será através do monitoramento periódico que podemos conhecer as espécies e os níveis populacionais das pragas e inimigos naturais presentes na área – e em alguns casos, as quantificações das injúrias já causadas às plantas.
Oliveira complementa: “Com base em um nível de controle pré-estabelecido, conforme a capacidade de recuperação da planta, podemos decidir a conveniência de intervir na lavoura ou deixar que ocorra a mortalidade natural das pragas por condições climáticas e inimigos naturais”.
Fazendo isso, o pesquisador indica que se busca implementar medidas de controle apenas com densidades populacionais ou intensidades de ataques capazes de evoluir para perdas econômicas superiores ao custo do controle.
“Com o MIP, preserva-se ao máximo, o controle natural que o ambiente exerce sobre as pragas, que costuma ser muito efetivo em manter baixas as populações de pragas e ter efeito mais prolongado”.
Como fazer um manejo integrado eficaz?
Oliveira salienta que o monitoramento das pragas na lavoura é bastante simples, podendo ser realizado por produtores de diversas categorias, desde que sejam devidamente orientados por consultores ou extensionistas que dominam o método.
“O monitoramento é feito com o uso de um instrumento denominado “pano de batida”, no qual as pragas e alguns inimigos naturais são derriçados, identificados, contados e registrados, de forma a orientar as decisões e a produzir um histórico de cada talhão na lavoura”, explica Oliveira.
Ainda segundo o agente da Embrapa Soja, a utilização segura e confortável do MIP depende apenas do entendimento do processo, de forma a reduzir o nível de ansiedade em relação às medidas de controle, que ele considera como um dos maiores empecilhos à utilização do método.
Por essa razão ele dá uma dica para iniciantes no manejo integrado de pragas:
“Muitas vezes é interessante que o produtor experimente o MIP em uma área delimitada da propriedade para dominar o método, internalizar a sua eficácia, e se sentir confortável com as mudanças a serem implementadas e com questionamentos comumente apresentados por terceiros”.
Informações de qualidade levantadas. Principal vantagem do MIP
O pesquisador da Embrapa Soja explica que muitas são as vantagens da adoção do Manejo Integrado de Pragas pelo agricultor. Mas na concepção dele, a vantagem mais significativa do MIP é a intervenção na lavoura baseada em informações coletadas.
“Esse tipo de intervenção será realizada apenas com o subsídio de informações levantadas na área, que chamamos de ações de inteligência”, diz. Segundo Oliveira, as informações levantadas na área permitem utilizar o melhor produto, no melhor momento, de forma a promover:
- Maior eficácia das intervenções;
- Redução dos custos de controle;
- Preservação de inimigos naturais;
- Prevenção dos efeitos indesejados; e
- Redução no uso de defensivos químicos aplicados de forma desenfreada
Resultados práticos da adoção do MIP
Segundo Oliveira, os resultados práticos da adoção do manejo integrado de pragas já comprovam a eficiência desse conjunto de ações.
Uma amostragem dessa eficiência é comprovada em trabalhos da Emater do Paraná e da Embrapa Soja. Desde a safra 2014/2015, essas instituições têm feito um trabalho para levar o MIP e outras boas práticas agrícolas aos produtores, tendo envolvido 612 propriedades referenciais, até o momento.
O pesquisador indica que os resultados médios dentro e fora das unidades de referência evidenciam as vantagens do MIP:
- Conseguiu-se reduzir o número médio de aplicações: de 4,1 aplicações observadas sem o MIP, para 2,1 aplicações com o MIP.
- Enquanto o agricultor comum esperou em média, apenas 38 dias para fazer a primeira aplicação, o produtor praticante do MIP esperou, tranquilamente, em média 67 dias, com base no monitoramento da lavoura.
- O MIP permitiu uma redução média no custo de aplicações correspondente ao valor de 2,3 sacas de soja em cada hectare.
- A produtividade média nas áreas com MIP e com outras boas práticas agrícolas foi de 59 sacas por hectare, enquanto que sem o MIP, foi de 57 sacas por hectare.
“Portanto, os resultados da adoção do Manejo Integrado de Pragas evidenciam as vantagens do MIP”, finaliza Oliveira.