A demanda por energia limpa tem aumentado em todo o mundo, principalmente como forma de combater os efeitos do aquecimento global. Neste cenário, a produção do etanol de milho também está se expandindo no Brasil.

Com cada vez mais espaço no mercado nacional de biocombustíveis, o etanol feito a partir do milho vem atraindo investimentos em muitas regiões do país, especialmente por trazer um retorno mais rápido quando comparado às usinas de cana-de-açúcar.

Com este grande potencial, o etanol de milho já está gerando renda para produtores e abastecendo o país, a ponto de ajudar na redução do preço médio dos demais combustíveis.

Etanol de milho: rápido crescimento no Brasil

Já realidade nos Estados Unidos há alguns anos, o etanol de milho começa a adquirir grande importância também no Brasil, tornando a matriz energética nacional ainda mais limpa.

Os números mostram isso: segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), em 2022, a produção nacional do combustível deve chegar a 4,5 bilhões de litros, um avanço de 31% em comparação com 2021.

Atualmente, esse produto corresponde a 13% do total de biocombustível produzido. Mas, há dois anos, sua participação não passava de 6%, o que mostra a rápida evolução na participação do etanol de milho no mercado nacional.

Para os próximos anos, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) espera que 11 novas usinas sejam colocadas em prática e sete ampliações envolvendo especificamente a fabricação de etanol de milho.

Diante desses números, a expectativa é que sejam acrescentados 11,69 milhões de litros de etanol proveniente de milho à capacidade de produção nacional. Considerando um total atual de 376,58 milhões de litros diários, isso representaria um aumento de até 3,1%.

Tecnologia americana, mas com processos diferentes

Hoje, o maior produtor mundial de etanol de milho são os Estados Unidos. Eles detêm tecnologia e total expertise na produção desse combustível. Por essa razão, nossa produção tem origem na tecnologia americana, mas com algumas diferenças, como indica Guilherme Nolasco, presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem):

“O processo de produção norte-americano é caracterizado pelo uso de milho de primeira safra. Essas características são diferentes do setor de biocombustível brasileiro, que possui vantagens quanto ao uso do milho, principalmente de segunda safra e fontes renováveis”.

Assim, o milho que entra no processo de transformação é 100% aproveitado, ou seja, nada se perde. Inicialmente há o processamento do milho para a produção do seu carro-chefe, que é o etanol, produzido a partir do amido.

Mas, no mesmo processo, é possível separar a fibra, a gordura e a proteína, gerando um portfólio de produtos destinados à nutrição animal e, ainda, à exportação de energia.

Para que isso seja possível, o presidente-executivo da Unem explica que existem três modelos de usinas no Brasil:

  • Full: exclusiva de etanol de milho;
  • Flex: produz etanol de milho durante a entressafra de cana-de-açúcar;
  • Full Flex: produz etanol de milho e de cana simultaneamente.
Produção de etanol de milho

Quais as vantagens do etanol de milho?

Além de se destacar com a maior capacidade de competição com outros combustíveis e biocombustíveis, o etanol de milho traz ainda diversas vantagens que estimulam sua produção e o fazem ganhar espaço no cenário nacional.

Dentre essas vantagens, Guilherme Nolasco indica como as mais significativas:

  • Grande disponibilidade de matéria-prima, principalmente por utilizar milho de segunda safra no país, que ainda traz benefícios quanto à proteção da terra, reciclagem de nutrientes e carbono orgânico no solo;
  • Grande eficiência industrial;
  • Diversificação e agregação de valor pela fabricação de coprodutos, como óleo de milho e DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis), que são ricos em nutrientes;
  • Agregação de valor à produção de milho;
  • Fomento à cadeia produtiva de florestas plantadas;
  • Contribuição para processo de descarbonização da mobilidade como alternativa ao combustível fóssil.

Além disso, como já salientado por Nolasco, a produção de etanol de milho é positiva para a indústria do álcool como um todo, uma vez que as usinas podem produzir etanol a partir do grão durante a entressafra da cana-de-açúcar.

Apesar das vantagens, há alguns desafios na produção de etanol de milho que merecem atenção

Mesmo com as muitas vantagens e possibilidades associadas ao etanol de milho, há algumas desvantagens e desafios que exigem maior planejamento de produtores e usinas.

A maior desvantagem da produção de etanol de milho está ligada ao rendimento, principalmente quando há a comparação com o etanol de cana-de-açúcar. O milho até produz mais etanol, no entanto é necessária uma maior área para seu plantio.

Uma tonelada de cana-de-açúcar produz entre 70 e 90 litros de etanol, enquanto a mesma tonelada de milho produz de 390 a 410 litros. Entretanto, a cana produz em média 77 ton/ha (toneladas por hectare), e o milho apenas 6 ton/ha.

Outros grandes desafios citados pelo presidente-executivo da Unem fazem referência à infraestrutura logística ainda falha e a necessidade de aprimoramento da legislação tributária brasileira. “Isso dará mais segurança aos investidores e competitividade aos produtos brasileiros, seja no mercado interno ou externo”, explica o executivo.

Apoio a produtores no plantio de milho para produção de etanol

Como vimos, o mercado de etanol é crescente no Brasil e as expectativas para o futuro são animadoras. Assim, mesmo diante dos muitos desafios, Nolasco tem certeza de que o crescimento do setor trouxe previsibilidade e segurança de mercado ao produtor rural. “Produtores passaram a ter maior valor agregado e capital para investir em tecnologias e até ampliar produção”, diz.

Para aumentar ainda mais a disponibilidade de matérias-primas, o presidente-executivo da Unem explica que todo o setor está se movimentando e oferecendo total apoio aos produtores rurais.

“As usinas de etanol de milho disponibilizam atualmente todo apoio tecnológico para que o produtor rural possa atender a demanda das indústrias e melhorar sua renda”.

E, juntamente com as usinas, empresas fornecedoras de insumos e pesquisadores da área acompanham e dão suporte a todo o processo de cultivo do milho. Portanto, busque essa informação e considere entrar também no mercado produtor de etanol de milho.

Para mais dicas relacionadas à produção de milho, conheça também os cuidados que você deve tomar para evitar os danos causados pela cigarrinha do milho à plantação.