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Cigarrinha do milho: como evitar os danos causados à plantação?

Article-Cigarrinha do milho: como evitar os danos causados à plantação?

Danos causados pela cigarrinha do milho na lavoura
Causadora do enfezamento e do raiado fino, a cigarrinha do milho exige do produtor total controle e monitoramento da sua ocorrência na lavoura. Saiba quais são os sintomas e como controlar uma das principais pragas do milho no país!

Um inseto de pequenas dimensões, mas que gera grande preocupação aos milharais brasileiros: estamos falando da cigarrinha do milho

Essa é uma praga que não apenas provoca prejuízos diretos, mas principalmente transmite doenças com alto potencial de danos à lavoura de milho, de forma indireta. 

As perdas ocasionadas pelo enfezamento do milho e viroses transmitidas pela cigarrinha do milho podem chegar a mais de 90%, essencialmente quando se utiliza um híbrido sensível ao complexo de enfezamento. 

Para evitar essas drásticas consequências, entenda tudo sobre o ataque da cigarrinha do milho nas lavouras e veja quais são as melhores estratégias e medidas para controle desta que é uma das principais pragas do milho no país!

Cigarrinha do milho: o que é?

A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) é um inseto pertencente à ordem Hemiptera e à família Cicadellidae, de pequeno tamanho (3,5 mm a 4,7 mm de comprimento), com alta adaptação às condições ambientais do Brasil e de alto impacto econômico para a cultura do milho. 

Visualmente, a cigarrinha é um inseto de cor branco-palha, podendo apresentar-se levemente acinzentada, mas também podem ser observadas manchas negras no abdômen — que podem ser mais evidentes em indivíduos desenvolvidos em climas com temperaturas mais amenas. 

Cada fêmea pode colocar de 400 a 600 ovos durante seu ciclo. A temperatura ideal para incubação gira em torno de 26°C a 28°C e dura de 8 a 10 dias. A longevidade dos adultos pode chegar a 8 semanas.

Cigarrinha do milho

Leandro Boncompagni, Gerente de Marketing de Inseticidas da Syngenta, explica que a preferência de hospedeiro da cigarrinha são espécies do gênero Zea, sendo mais comum na cultura do milho. “Porém foi observado sua visitação em outras gramíneas como Sorgo, Braquiarias, Milheto, etc.”, complementa. 

Paulo Garollo, Especialista de Desenvolvimento de Mercado para Cultura do Milho no Cerrado da AgroBayer, salienta que a presença da praga ocorre desde a fase de estabelecimento da cultura do milho, com preferência a plantas jovens e, geralmente, infestando das bordas para dentro da lavoura. 

“Este inseto é altamente migratório e com hábito de buscar plantas mais jovens para se alimentar. Por isso, plantios escalonados promovem oportunidade de manutenção e incremento populacional desta praga”, explica.

Quais são os danos causados pela cigarrinha do milho?

Por ser um inseto-vetor de patógenos, os danos causados pela cigarrinha do milho se dão, quase que totalmente, de forma indireta. 

Neste caso, o dano é causado quando a praga, durante o processo de alimentação, transmite patógenos causadores dos enfezamentos pálido e vermelho, e da virose do raiado fino no milho

O que é enfezamento do milho? 

O complexo de enfezamento do milho é o nome dado às doenças transmitidas pela cigarrinha do milho. “Estas doenças são causadas por duas bactérias da classe dos Mollicutes. Poderão ocorrer de forma conjunta ou isoladas, dependendo da contaminação da praga”, explica Garollo.

Virose do raiado fino

O raiado fino no milho, por sua vez, é causado pelo Maize rayado fino vírus (MRFV), que é transmitido pela cigarrinha. A doença ficou conhecida como Raiado Fino. A cigarrinha no milho transmite o MRFV após período de incubação variável entre 8 e 37 dias, e mantém a capacidade de infectar por um a 20 dias. 

Independentemente dessas doenças, é importante que o produtor fique atento aos danos diretos. A presença da cigarrinha no milho em altas populações pode promover a perda de vigor por sucção de seiva, especialmente nos estádios fenológicos (fases de crescimento) iniciais da cultura do milho.

O que a cigarrinha provoca no milho? Veja os principais sintomas

Alguns são os sintomas da infestação com a cigarrinha do milho, principalmente em relação ao enfezamento, como explica Boncompagni. 

“Plantas com enfezamento pálido apresentam, inicialmente, largas listras descoloridas, amareladas ou verde limão na base das folhas infectadas. Posteriormente, todas as novas folhas emitidas pelas plantas apresentam o mesmo sintoma”

O gerente de marketing ainda ressalta que as folhas mais velhas apresentam coloração amarelada ou mesmo com tons vermelhos, com os primeiros sintomas aparecendo entre três e quatro semanas após a inoculação. 

A planta infectada, dependendo da idade em que ocorreu a infecção, pode apresentar encurtamento dos internódios (regiões do caule da planta entre dois nós), pequenas bonecas e espigas, deformações do pendão (flor macho do milho) e deformação ou total ausência da inflorescência feminina. 

Já quando a infecção ocorre em plantas mais desenvolvidas, as listras amareladas podem aparecer somente na bainha das folhas mais velhas ou nas folhas da gema floral e nas palhas das espigas verdes. “Em alguns casos, os sintomas podem ter manifestação muito leve ou mesmo estar totalmente ausentes”, complementa Boncompagni.

Sintomas do enfezamento vermelho do milho 

As plantas com enfezamento vermelho, por sua vez, apresentam os primeiros sintomas depois da segunda semana de infecção. As folhas mais velhas se tornam avermelhadas e, posteriormente, toda a planta se torna extensivamente avermelhada ou amarelada, dependendo da reação da cultivar. 

Podem ocorrer, também, encurtamento dos internódios, perfilhamento e desenvolvimento de várias gemas florais. “Essas características dão à planta a aparência de arbusto, que podem afetar também as espigas em desenvolvimento, com enchimento incompleto dos grãos”, indica o gerente da Syngenta. 

Quais os sintomas da virose do raiado fino no milho?

Os sintomas decorrentes do raiado fino aparecem com idade entre 8 e 14 dias, como pontos cloróticos sobre as nervuras das folhas, tomando aspecto de riscas que se projetam da base em direção ao ápice da folha. Estes sintomas também podem ser visualizados nas folhas de plantas adultas. 

Eles exigem um controle/monitoramento muito eficiente da presença da cigarrinha do milho na lavoura, além da adoção de soluções tecnológicas específicas para o milho.

Como controlar a cigarrinha do milho?

Para ter um melhor controle da cigarrinha do milho, Garollo e Boncompagni explicam que há diversas práticas de manejo que precisam ser adotadas conjuntamente.  

Boncompagni sugere que, para que seja feito um manejo mais eficiente, devem ser considerados três pilares

  1. Tolerância genética; 
  2. Manejo de sistema (milhos tigueras na soja); 
  3. Manejo químico.

Lavoura de milho

Com base nestes pilares, os dois especialistas ressaltam como medidas fundamentais para controle da cigarrinha do milho

  • Eliminação do milho “tiguera” (voluntário); 
  • Tratamento de sementes com produtos específicos; 
  • Aplicação de inseticidas químicos em conjunto aos biológicos; 
  • Utilização de híbridos mais tolerantes (especialmente nos períodos de maior risco de ocorrência); 
  • Maior controle de ervas daninhas; 
  • Rotacionar os modos de ação nas aplicações de produtos inseticidas; 
  • Aplicações complementares de bordadura entre as aplicações de área total; 
  • Maior cuidado na regulagem da colheitadeira — “Com essa medida, o produtor irá evitar perdas de grãos ou espigas”, indica Garollo; 
  • Cuidar para evitar perdas de grãos no transporte e rotação de materiais genéticos no mesmo talhão.

Importante ressaltar, também, que o uso de produtos químicos do grupo dos neonicotinoides são importantes nos estádios fenológicos em que ocorra presença de ninfas, dada sua ação translaminar (que penetra e se redistribui rapidamente no local tratado). 

Outra dica é usar, preferencialmente, produtos de contato nos estádios fenológicos iniciais da planta, quando chegam exclusivamente insetos adultos. 

Quer mais dicas relacionadas ao plantio de milho? Então veja as sugestões de um especialista sobre como corrigir o solo para cultivo de milho!

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