Com um agronegócio competitivo e muito produtivo, o Brasil é pioneiro na adoção de muitas inovações no campo. E tudo indica que o Brasil novamente inove. Um novo projeto busca, em uma mesma área, manter a produção agrícola e a geração de energia solar, num modelo de energia agrofotovoltaica.
Diferentemente do modelo convencional de geração de energia solar, que instala os módulos de energia solar rentes ao solo, o novo modelo, que está sendo testado em Minas Gerais, visa reunir as duas atividades no mesmo espaço.
Este projeto de integração foi concebido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) em colaboração com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD).
Energia agrofotovoltaica: energia solar e produtos agrícolas na mesma área
Na atualidade, o agronegócio é um dos setores que mais vem se beneficiando da energia solar. Quando ela é adotada, há a diminuição dos gases do efeito estufa e redução no custo dos alimentos produzidos.
No entanto, no modelo tradicional, as áreas em que as placas ficam instaladas são impossibilitadas de produzir alimentos. A energia agrofotovoltaica está sendo projetada para permitir isso.
Segundo Donorvan Rodrigo Fagundes, gerente de “P&D”, Inovação e Transformação da Cemig, a energia agrovoltaica, também conhecida como agrofotovoltaica, consiste em aproveitar uma mesma superfície de terreno tanto para obter energia solar quanto produtos agrícolas.
“Neste novo modelo, as placas solares convivem com os cultivos na mesma superfície, sem que um comprometa o outro”, salienta.
Funcionamento do modelo de geração de energia agrofotovoltaica
O sistema agrofotovoltaico, ou agrivoltaico, implica na instalação de painéis solares montados no chão em uma altura maior do que o convencional, com o intuito de deixar o solo abaixo disponível para a produção de alimentos.
O experimento que está sendo realizado em Minas Gerais terá quatro módulos, cada um com uma área entre 300 e 400 metros quadrados e sob as placas fotovoltaicas, serão cultivados melão, morango, feijão, alface e pastagem para criação de bovinos.
“Os painéis fotovoltaicos fornecem eletricidade em sistemas isolados (off-grid) ou conectados à rede de energia (on-grid), para a comunidade local, Já os alimentos produzidos podem servir como sombra e forragem para animais do pasto ou para serem comercializados no mercado”, destaca Fagundes.
Modelo de geração energética solar com muitas vantagens
Devido à escassez de territórios disponíveis, algumas regiões do mundo já estão deixando de ter áreas suficientes para a agricultura e para a produção de energia.
“Nessa perspectiva, o sistema agrofotovoltaico pode servir como uma solução para manter a segurança energética e a segurança alimentar em uma mesma área”, opina o gerente de inovação da CEMIG.
Fagundes cita ainda vários estudos que mostraram que, com a energia agrofotovoltaica, a produtividade da terra aumentou, beneficiando ainda mais o produtor rural.
Além disso, o sistema agrofotovoltaico oferece outras diversas vantagens como:
- Melhor uso da água
- Ganhos em termos de consumo de energia
- Maior produtividade
- Benefícios para economia local, com uma fonte energética limpa e mais barata
- Contribuição para diretrizes de sustentabilidade, tão importante dentro do atual contexto mundial
Para exemplificar esses benefícios, o gerente de “P & D”, Inovação e Transformação da Cemig explica que a sombra proveniente dos painéis solares reduz a evaporação da água dependendo do local, cultivo e arranjo do sistema fotovoltaico.
“Assim, ela pode ser usada como um mecanismo para armazenar água. Nessa mesma perspectiva, as culturas também necessitam de menos irrigação, o que contribui para o uso racional da água”, complementa.
Já a água usada para limpar os painéis pode ser reutilizada para a irrigação das plantações. De maneira recíproca, a vegetação sob os painéis diminui o calor das placas, aumentando sua eficiência energética.
Por fim, vale reforçar que o grande objetivo deste projeto é o de entregar ao produtor um modelo sustentável de produção agrofotovoltaica.
Nas pesquisas práticas será possível entender qual é a altura dos módulos, o custo inicial, em quanto tempo vai ter o retorno do investimento, as culturas adaptadas e os impactos ambientais, sociais e econômicos desse sistema.
“Nosso projeto estuda diferentes arranjos, culturas e criações com diferentes arranjos fotovoltaicos e aplicados em regiões de clima semiárido e ao final poderá responder diferentes questões como ganhos em termos de produção e da economia local, por exemplo”, finaliza Fagundes.