O Brasil é um país com dimensões continentais, possuindo uma grande diversidade de solos, decorrente da ampla diversidade de pedoambientes e de fatores de formação do solo. Dentre todas as possibilidades, o solo arenoso merece destaque.
Visto como um solo improdutivo, o solo arenoso é constituído quase que exclusivamente por grânulos de areia, ou seja, quartzo, fazendo com que ele seja mais pobre em nutrientes quando comparado aos outros solos.
Mas essa deficiência em nutrientes não impede que atividades agrícolas sejam realizadas ali. Basta manejá-lo da forma correta para alcançar altas produtividades da cultura desejada.
Mas quais são as melhores culturas a serem cultivadas em um solo arenoso e o que fazer para alcançar maiores produtividades? Convidamos o professor Dr. Edemar Moro, docente e pesquisador do curso de agronomia da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) para direcionar agricultores neste sentido.
O que é um solo arenoso?
Os solos arenosos distribuem-se em extensas áreas presentes em todo o país. O professor Edmar Moro explica que os solos que apresentam na sua composição textural (areia, silte e argila) predomínio da fração areia, são considerados solos arenosos. “Solos com teores de argila menores que 20% são classificados como arenosos”, diz.
Além disso, o solo arenoso é caracterizado pela textura arenosa, apresenta baixa fertilidade natural, são mais susceptíveis ao processo de erosão e armazenam menos água e nutrientes do que solos argilosos.
Eles são mais suscetíveis à degradação e perda da capacidade produtiva, principalmente quando comparados aos de textura mais fina e em condições ambientais semelhantes, pois são pobres em nutrientes.
Também apresentam baixa capacidade de retenção de nutrientes e de água, por terem baixa capacidade tampão, relacionada aos baixos teores de argila e de matéria orgânica ou adubo orgânico.
O solo arenoso é também deficiente em cálcio, além de apresentar PH ácido, isso também explica seu baixo teor de matéria orgânica.
Cultivos que podem ser realizados em um solo arenoso
Na atualidade, terras onde predominam os solos arenosos são responsáveis por uma parte significativa do volume de produção de soja, milho, algodão, melão, manga e madeira para celulose, entre muitos outros produtos agrícolas.
No entanto, Moro relata que solos arenosos não são todos iguais. “Nos solos arenosos com teores de argila entre 15 a 20% as restrições de cultivo são menores. Assim, quando bem manejados pode se fazer o cultivo das mesmas culturas anuais cultivada em solos argilosos”.
Nos solos arenosos com menos de 10% de argila, por sua vez, o professor da Unoeste cita que as restrições são mais severas. Porém, quando pertencem à classe dos argissolos (concentração de argila em profundidade) e quando bem manejados, podem ser usados para culturas anuais (milho, soja…).
O professor completa: “Nas duas situações acima o sucesso dependerá de bons índices de chuva durante o cultivo. Nos solos arenosos com teores de argila menores que 5%, só é recomendado as culturas anuais quando se faz o uso de irrigação”.
Cuidados para cultivar bem em um solo arenoso
Como vimos anteriormente, alguns cuidados são essenciais para que o cultivo em um solo arenoso traga os resultados desejados. Dentre estes cuidados, o professor da Unoeste explica que a construção da fertilidade e da física destes solos são imprescindíveis. “Isso fará com que as raízes se desenvolvam mais e explorem maiores profundidades, onde a umidade é maior”.
Segundo Moro, estes cuidados farão com que as perdas por eventuais restrições hídricas por curtos períodos ocasionem menos perdas de produtividade das culturas.
Outro aspecto importante salientado pelo professor, é sempre buscar implantar as culturas anuais com o solo coberto por palhada. “Essa questão é bastante importante, pois os solos arenosos armazenam menos água e, portanto, a palhada reduzirá as perdas de água por evaporação, além da proteção contra o processo erosivo”, cita.
Sendo assim, um solo arenoso não é sinônimo de solo infértil ou improdutivo, ele apenas é mais propenso ao desequilíbrio de nutrientes e a reduzida quantidade de MO, exigindo por isso maior atenção e adubações adequadas para alcançar altas produtividades da cultura nele cultivada.
Diante disso, o professor salienta que a análise do solo arenoso é medida primordial. “As recomendações devem sempre ser baseadas na análise de solo e, um engenheiro agrônomo deve ser consultado para indicar as quantidades de calcário, gesso, e nutrientes a serem aplicados”.
Além disso, na maioria das vezes, recomenda-se que a adubação seja feita de forma constante, parcelada e equilibrada, havendo a necessidade de um gerenciamento e uma análise das condições locais, da cultura, da cultivar e dos resultados vislumbrados.