“O agricultor quer ser mais eficiente, oferecer mais segurança para o trabalhador; o 4g é solução mais simples e aplicável para fazer isso”, afirma o head of sales digital industries Latin America Nokia, Renato Bueno, lembrando que a rede é acessível e aberta e que a digitalização traz economias para a propriedade: “Com agricultura digital, uma propriedade rural de 1.500 hectares fez um investimento de estrutura em internet que resultou em um benefício de R$ 266 k/ano. Economia de R$ 177,87 por hectare”, aponta.
Bueno lista ainda como vantagens da digitalização a gestão e manutenção em tempo real e preditivas de máquinas e implementos; gestão de ativos e animais, de recursos naturais e insumos.
O engenheiro de pesquisa da Jacto, Paulo Villani, afirma que a digitalização dos processos traz as mesmas vantagens para pequenos, médios e grandes produtores como identificação de ervas daninhas e redução no desperdício de insumos; “o que vemos na prática: projetos de alto impacto que se pagam na primeira safra”.
Já na opinião do diretor de inovação da Arqia Datora, Daniel Tibor Fuchs, o grande desafio para essa digitalização é cobrir as proporções continentais do Brasil. “A solução foi adotar parcerias, nós com as funções consideradas centralizadas e provedores de internet com equipes para lidar com as necessidades das fazendas”, revela.
Formação de parcerias é um movimento reforçado por Ana Helena Andrade da ConectarAgro, “existem áreas com grandes propriedades em que a iniciativa privada viabiliza soluções. Há um projeto com o governo do estado de São Paulo para levar conectividade e políticas públicas, como o Paraná que vai usar o ICMS para taxas de instalação de infraestruturas” pondera e ressalta que cooperativas têm papel importante me levar conectividade para produtores.
Oportunidades de comercialização para agricultura familiar
O consultor do Sebrae, Marcelo Rondon Bezerra, alerta para os cuidados que o produtor deve tomar ao comercializar sua produção: “hoje não se discute a qualidade do produtor, seja quem for o consumidor: porta em porta ou supermercado, é uma característica fixa”.
A lista de exigências engloba produtos padronizados, como é a entrega desses itens – caixa, maço, ramo, quilo, pacote, sacola etc. – “Não adianta entregar a caixa com tudo o que foi colhido” -, cuidados durante o transporte – “Optar por raio de entrega pequeno” – e entregar aquilo que o cliente quer, “se um cliente precisa dez caixas de vagem por semana, precisamos suprir expectativa do cliente quanto à frequência”.
Também vale buscar por itens que agreguem valor ao seu produto: selo orgânico, unidades menores de venda – “Um pé de alface ao invés de três” – produtos minimamente processados como produtos descascados ou picados ou ainda a DAP (declaração de aptidão ao Pronaf).
Sucroenergético: para qual direção caminha a produção de cana de açúcar no Brasil
De acordo com a pesquisadora do IAC, Regina Cleia Pires, o uso racional da água impacta fortemente a produção: “Água é fator de segurança, com impactos no aumento da produtividade e longevidade do canavial, nas fases de crescimento das mudas”, porém não basta “simplesmente” irrigar o canavial, pois diferentes apresentam diferentes respostas à água e há ainda impacto em mudas pré-brotadas (mpb).
No caso dos cultivares, o pesquisador do IAC, Mauro Alexandre Xavier, lembra que cada melhoramento leva de 12 a 15 anos para ser disponibilizado no mercado – “tempo relativamente grande” – e que por não haver interrupção nas pesquisas, todo ano o setor recebe novos pacotes de variedades.
Quanto às mpbs, o produtor Renato Trevizoli, revela que começou a produção começou por insatisfação com o que era encontrado: “os materiais de propagação buscávamos na usina ou com outro produtor e não sabíamos se tinha praga ou se era sadio. Hoje produzirmos de mudas pré-brotadas, temos um leque de materiais. E acompanhamos hábitos de crescimento. Podemos mudar rapidamente o plantel varietal”.
Ainda segundo Trevizoli, as mpbs agregam para produtos e serve para pequeno, médio e grande produtor; “Ao pequeno (especialmente), eleva potencial produtivo”.