Tema sugerido pelo nosso leitor Edilson Auersvald
Em qualquer sistema de produção a pasto, a garantia de uma boa produção das pastagens está diretamente ligada à manutenção do equilíbrio no sistema solo-planta-animal, onde os nutrientes extraídos precisam ser repostos. E o uso do óxido de cálcio (CaO) como corretivo de pastagens é um ótimo caminho nesse sentido.
Obtido industrialmente por calcinação, o óxido de cálcio é um constituinte da cal virgem agrícola e apresenta reatividade aumentada devido a sua natureza química (bases fortes). Portanto, sua reatividade é muito elevada, podendo-se dizer que a reação desse produto é quase imediata.
Conheça os benefícios do óxido de cálcio como corretivo do solo e veja outras informações de grande importância para quem pretende aplicar esse produto em suas pastagens!
Como o óxido de cálcio é obtido?
Basicamente, o óxido de cálcio (CaO) é um produto obtido industrialmente por calcinação, ou seja, por meio da queima completa do calcário. Sua forma é a de um pó bastante fino.
Vale lembrar que a obtenção desse produto depende do calcário utilizado, como explica Alberto Bernardi, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste. “Há vários tipos de calcários e dependendo do tipo utilizado, ele pode conter, na verdade, óxido de cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO)”.
Bernardi ainda ressalta que esse produto é chamado também de cal virgem agrícola.
Principais benefícios do uso do óxido de cálcio em pastagens
Segundo Bernardi, o óxido de cálcio é caracterizado como um ótimo corretivo do solo, com seus efeitos benéficos sendo observados em diversos aspectos dentro da pastagem, tais como:
- Aumento da eficiência das plantas na absorção de água e de nutrientes;
- Diminuição das perdas de bases — potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg) por lixiviação;
- Diminuição da fixação do fósforo (P);
- Diminuição dos teores tóxicos de alumínio (Al) e manganês (Mn);
- Fornecimento dos nutrientes cálcio (Ca) e magnésio (Mg) às plantas;
- Favorecimento da fixação simbiótica do nitrogênio (N) pelas leguminosas;
- Melhoria das propriedades físicas e biológicas do solo.
Reação quase imediata em pastagens
Outro benefício bastante importante do uso de óxido de cálcio em pastagens é sua rápida reação assim que é aplicado, como explica o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste:
“A reação da cal virgem agrícola ou óxido de cálcio e magnésio é considerada quimicamente como uma base forte, ou seja, sua reação é rápida e quase que imediata, desde que haja umidade no solo”. Nesta rápida reação, há liberação de Ca2+, Mg2+, OH–, além de calor.
Porém, o pesquisador salienta que numa pastagem implantada, na qual não vai ser incorporado o corretivo, a aplicação da cal virgem ou óxido de cálcio pode ser um problema.
“Este corretivo deve ser incorporado logo após a aplicação, para evitar que haja um empedramento na superfície do solo, criando até um selamento superficial, o que não será nada benéfico”.
Frequência desse tipo de correção: depende da análise do solo
Bernardi explica que a recomendação da calagem ou de qualquer outro tipo de corretivo em pastagens deve ser feita com base na análise do solo. “Será por meio dessa análise que será possível indicar qual a real necessidade de correção”, diz.
Dessa forma, o pesquisador indica que no manejo intensivo de pastagens, com uso de pastejo rotacionado e adubações, a frequência anual de análise é a mais adequada. Já em sistemas mais extensivos, pode-se trabalhar com intervalos maiores.
“Será a partir dos resultados apresentados na análise de solo é que o técnico indica a necessidade de calagem, que é a quantidade de corretivo necessária para neutralizar a acidez do solo”, reforça o pesquisador.
Dessa forma, a quantidade de calcário depende do comportamento da cultura com relação à acidez e do método ou critério utilizado para a recomendação.
Outro ponto importante que o pesquisador considera é que, por ser um produto cáustico, o óxido de cálcio pode provocar irritação e queimaduras. “Sua aplicação exige maior proteção das pessoas que os aplicam, principalmente evitando-se o contato com olhos e pele”, diz Bernardi.
Por fim, ele explica que, por ser um pó fino, deve-se utilizar um equipamento adequado para a aplicação do óxido de cálcio. Devem ser observadas, ainda, as condições climáticas no dia da aplicação, visto que esse é um produto com alta possibilidade de perdas pelo vento.
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