O tomate está entre as hortaliças mais consumidas no mundo. Neste caso, o Brasil é um dos maiores produtores desta hortaliça, possuindo um papel importantíssimo sob o ponto de vista econômico, pelo grande volume produzido, e social, devido à geração de empregos. Porém, o transporte e o armazenamento de tomates costumam representar dificuldades recorrentes.

Isso ocorre porque o tomate é um fruto climatérico, isto é, continua seu processo de maturação mesmo após ser colhido sob o efeito do hormônio etileno. Este fato faz com que o tempo de prateleira do tomate seja comparativamente mais curto do que diversas outras hortaliças.

Dessa forma, convidamos você a entender como deve ocorrer o transporte e o armazenamento de tomates e quais são os processos associados que merecem maior atenção por parte de toda a cadeia dessa hortaliça.

Fisiologia pós-colheita: essencial para entender a importância do armazenamento de tomates

Na cultura do tomate, especificamente após a colheita, uma série de processos metabólicos promove alterações desejáveis e indesejáveis.

Segundo a pesquisadora da Embrapa Hortaliças, Milza Moreira Lana, uma dessas alterações está relacionada ao processo de maturação mesmo após a colheita.

“O tomate é um fruto climatérico, isto é, continua seu processo de maturação mesmo após ser colhido sob o efeito do hormônio etileno”. A pesquisadora explica que esse fato mantém a continuidade dos processos fisiológicos e bioquímicos no fruto, que podem ocasionar sua degradação.

Além disso, por ser um fruto concentrado em sólidos, açúcares solúveis e vitaminas e com grande porcentagem de água, o tomate pode ser atacado por diversas doenças após sua colheita. “Estes fatos fazem que o tempo de prateleira do tomate seja curto, quando comparado com diversas outras hortaliças”, cita Milza.

Assim, entender esses processos torna-se fundamental em sistemas de produção deste fruto para compreender porque as hortaliças se deterioram após a colheita.

A partir desse entendimento será possível estabelecer processos de trabalho e técnicas que aumentem sua durabilidade, principalmente relacionados ao transporte e ao armazenamento de tomates recém colhidos.

Boas práticas para melhor armazenamento de tomates

Para que o tomate apresente a mesma qualidade após colhido e no seu destino final, a adoção de boas práticas são essenciais. Segundo um livro sobre o tema citado pela pesquisadora da Embrapa Hortaliças, a adoção de boas práticas requer a capacitação dos colhedores e manipuladores, e a instalação de uma infraestrutura mínima para colheita e beneficiamento das hortaliças.

Também é importante determinar como será a distribuição dos tomates a serem colhidos, principalmente em relação à distância do mercado consumidor. Se os tomates forem destinados a mercados distantes do local de produção, a recomendação é que os frutos sejam colhidos logo que iniciarem o processo da maturação, mesmo que esteja com a coloração esverdeada.

Vale ressaltar também que o tomate é muito sensível às altas temperaturas, assim o principal método para aumentar a vida de prateleira dos frutos é mantê-lo sob temperaturas amenas. Mas vale ressaltar que temperaturas muito baixas também são prejudicais.

Outro ponto-chave relaciona-se à umidade relativa do ar no local de armazenamento de tomates, que deve girar em torno de 80 a 90%. “Isso evita que o tomate desidrate”, salienta a pesquisadora da Embrapa. Segundo ela, isso influencia no padrão de qualidade, taxa de comercialização do produto e no seu valor de venda.

Vale ressaltar que tomates acondicionados sob condições ambientes (em torno de 25º de temperatura e umidade relativa de cerca de 60%) podem perder mais de 0,40% de peso diariamente. Esta perda de peso representa perda direta de peso comercializável, ou seja, afeta também a produtividade e lucratividade final.

Deve-se estar atento, também, à armazenagem de tomates a umidades muito altas, acima de 90%, condição que pode favorecer a incidência de doenças.

Transporte de tomates: a qualidade do fruto precisa ser mantida

Mesmo que o produtor rural adote boas práticas durante a colheita, beneficiamento e armazenamento de tomates, este fruto pode ser danificado nas etapas seguintes da cadeia produtiva, anulando total ou parcialmente os esforços do produtor.

Assim, quando o produtor rural não possui transporte próprio, as deficiências na logística de distribuição fazem com que ocorram atrasos no transporte das hortaliças para o mercado, pois ele é feito por terceiros, o que pode comprometer a qualidade do fruto.

Em um trabalho que também fala sobre o tema, a Embrapa ressalta que o transporte do tomate nas principais regiões produtoras é feito a granel. Isso facilita a descarga nas fábricas, reduzindo o gasto com mão-de-obra, e os custos de aquisição, transporte e manuseio das caixas. Porém, este meio de transporte resulta em perdas para o produtor e para as indústrias.

“A perda referente ao produtor é decorrente da drenagem do suco, geralmente feita antes da pesagem; e da indústria, é resultante da perda de suco de frutos amassados na água de descarga e nas piscinas”, cita o trabalho da Embrapa.

Além da perda quantitativa o transporte a granel também reduz a qualidade da matéria-prima, pois os frutos amassados são facilmente contaminados por fungos e bactérias.

Dessa forma, selecionar o tipo de embalagem (caixas plásticas, papelão ou madeira) de acordo com o mercado de destino e o tipo de tomate são essenciais para maior qualidade. Os frutos dos tipos ‘Longa Vida’ e ‘Santa Cruz’, por exemplo, são mais firmes e suportam melhor transporte a longas distâncias.