O biogás vem sendo uma das fontes alternativas de produção de energia renovável de maior relevância da atualidade, já que há uma importante elevação na demanda por esse tipo de energia.

Com esse aumento na demanda por fontes renováveis, principalmente diante das metas de “descarbonização” a serem cumpridas pelo Brasil até 2030 – segundo o Acordo de Paris – os resíduos podem servir como uma excelente matéria-prima para a geração de energia renovável em diversos setores da economia.

Um deles é o setor sucroalcooleiro. Este setor é um grande produtor de resíduos, como vinhaça, torta de filtro, sobra de bagaço e palha de cana. Estes, por sua vez, podem servir como excelentes matérias-primas para produzir biogás em boa quantidade, a ponto de contribuir com a geração energética para a própria usina.

 

Como funciona a produção de biogás?

 

No biodigestor, ocorre o processo de biodigestão da matéria orgânica, sendo esta realizada por bactérias, na ausência de oxigênio e em um ambiente com pH e temperatura estabilizados. Neste processo a matéria orgânica será convertida em biogás, composto prevalentemente de metano e gás carbono”, explica o engenheiro de energia e diretor de negócios da Sebigás-Cótica, Lorenzo Pianigiani.

Ainda de acordo com o engenheiro, o resíduo que entra no biodigestor há parte da matéria que não é biodigerida, chamada de digestado. Pianigiani comenta que o digestado se torna um fertilizante excelente devido a pH estabilizado, carga orgânica reduzida e manutenção do NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) presentes no resíduo antes do processo de biodigestão.

 

Vantagens desta solução para o setor sucroalcooleiro

 

O biogás é uma fonte de energia renovável, podendo ser usado como combustível para produção de energia elétrica e térmica, sendo essa a primeira vantagem da solução. Mas também pode ser purificado, separando o metano do gás carbono, obtendo assim biometano.

O biometano representa um produto que pode ser comercializado de acordo com os padrões da ANP (Agência Nacional de Petróleo), tendo equivalência inclusive ao GNV (Gás Natural Veicular).

Além dessa possibilidade, Pianigiani ressalta que o aproveitamento dos subprodutos da cana (vinhaça, torta de filtro, sobra de bagaço e palha de cana) pode proporcionar à usina aumento da sua receita através de duas possibilidades: a geração de energia elétrica e a produção de biometano.

O engenheiro explica que na energia, além da produção oriunda do biogás, é possível estender a geração de energia para a entressafra, no caso das usinas que realizam cogeração.

Já com o biometano, além das receitas geradas, é possível potencializar os Cbios (créditos do Renovabio), ao produzir o biometano e a conversão de frota da usina, realizando a descarbonização do processo da usina.