Há muito tempo o crescimento da população mundial vem sendo motivo de muitas preocupações. Uma delas é como alimentar cada vez mais pessoas. Está claro que a resposta passa pela elevação da produção de alimentos. Em contrapartida, seguindo outra tendência, essa necessidade global de mais alimentos deverá vir aliada a ações sustentáveis, ou seja, precisamos produzir mais na mesma área ou até mesmo reduzindo-a. Mas, como fazer isso?

Uma resposta é: a elevação da produção mundial de alimentos passará pela tecnologia, ou melhor, pela biotecnologia.

Pensando no futuro da produção mundial de alimentos, diversas ações biotecnológicas já são utilizadas no ambiente rural há anos. Elas têm por objetivo, dentre outras coisas, o tão sonhado aumento da produtividade. E dentre essas ações, as sementes transgênicas apresentam papel de destaque, com avanços intensos para lavouras do mundo todo.

Sementes transgênicas: responsáveis pela tão sonhada produtividade

Apesar dos ambientalistas ficarem com reticentes em relação aos transgênicos, está mais do que provado que essa biotecnologia trouxe avanços significativos para a agricultura em todo o mundo, principalmente em produtividade.

Por meio da engenharia genética (ou transgenia) é conseguida a introdução de características desejáveis às plantas, tornando-as mais tolerantes ou resistentes às secas, doenças e até de agrotóxicos, tudo em busca da produtividade.

O uso de transgênicos no Brasil

O Brasil é um país de destaque quando falamos em utilização de sementes transgênicas. A biotecnologia das sementes geneticamente modificadas está presente em muitas lavouras do nosso território, principalmente de soja. Em 2014, por exemplo, as lavouras transgênicas ocupavam 42,2 milhões de hectares, área que subiu para 44,2 milhões no ano seguinte.

O uso de sementes transgênicas na agricultura brasileira é defendido como uma alternativa fundamental para se aumentar a produtividade, aliada a significativa redução de custos de produção e menores impactos ambientais (relacionados à suposta menor necessidade de agrotóxicos).

Como comprar sementes transgênicas?

A tecnologia de sementes transgênicas é responsabilidade de seis grandes empresas de biotecnologia de âmbito global. Esses grandes grupos biotecnológicos, conhecidos como “Gene Giants” (Gigantes da Genética) são: Monsanto, Dow AgroScience, Dupont, Bayer, Basf e Syngenta.

As sementes transgênicas podem ser adquiridas em cooperativas ou revendas de produtos agropecuários de cada região. Para o engenheiro agrônomo Gerson Cazentini Filho, do Centro de Produção de Sementes da CATI/SP (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral do Estado de São Paulo), todas as grandes empresas produtoras de soja transgênica têm nas cooperativas e revendas seu canal de venda regional, difundindo essas sementes em todo o território.

No desenvolvimento dessas sementes, as empresas investiram (e ainda investem) bilhões de dólares. Por esse motivo, a produção é exclusividade delas. Muitos agricultores condenam este monopólio, porém é a situação que se apresenta no momento.

Apesar desse “porém”, a disponibilidade de sementes transgênicas para o mercado brasileiro é bastante grande, com diversas opções já liberadas pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) para plantio comercial.

Para o produtor que busca esse tipo de semente, a tendência é que não tenha dificuldades em localizá-las.

E o preço das sementes transgênicas? É maior que as tradicionais?

Qualquer espécie transgênica de uso comercial é protegida por patentes. Isso pode significar que o agricultor, ao optar por utilizá-las, terá de pagar royalties para a empresa detentora da tecnologia. Tal fato torna o produto transgênico com valor mais elevado que a semente tradicional. “Geralmente, custam quatro a cinco vezes mais no caso do milho e o dobro no caso da soja”, diz Cazentini Filho.

Mesmo com preço relativamente maior, as empresas do ramo citam que vale todo o investimento, devido ao ganho em produtividade que o agricultor terá ao optar pelas sementes transgênicas.

Comprei sementes transgênicas: como devo armazená-las?

O técnico da CATI/SP cita que as sementes, normalmente, ficam armazenadas em câmaras frias da empresa produtora ou da cooperativa (revenda) até o mais próximo possível do plantio. Ele complementa que, se for necessário, o armazenamento fora de câmara fria deve ocorrer por um período curto de tempo em galpões com um elevado pé direito, com ambiente fresco e arejado para permanência de sua qualidade.

Para comprar sementes, o produtor precisará fazer um contrato de compra. Nesse contrato, dados da propriedade e do proprietário ficarão cadastrados em um sistema. Além disso, será calculada a quantia esperada de produtividade da propriedade de acordo com a média da sua região. Com esse controle, as empresas poderão saber se o agricultor guardou sementes para a próxima safra (o que é proibido em contrato).

Generalizando, os cuidados de armazenamento são os mesmos que as sementes convencionais, “ambas são seres vivos e seus padrões têm que permanecer intactos”, diz Cazentini. Ele ainda destaca que o valor agregado das sementes é maior, “por isso os cuidados devem ser mais rigorosos”.

Apesar do rápido avanço do mercado de sementes transgênicas, a descrença ainda é grande. Mas de uma coisa estamos certos, as sementes transgênicas surgiram, se instalaram e provaram que aumentam a produtividade.

Você usa sementes transgênicas em sua propriedade? Compartilhe com seus amigos suas boas práticas.