Responsável por 25% do total de aplicações de insumos e defensivos no Brasil, o que corresponde a 70 milhões de hectares, a aviação agrícola tem sido fundamental na manutenção da competitividade brasileira. Essa colaboração deve-se a possibilidade, por exemplo, de cobrir grandes extensões de lavouras e culturas de porte como banana e cana-de-açúcar, que devido à altura que atingem tornam ineficientes as aplicações com equipamentos terrestres.

“Depois de certa altura, o eucalipto é 100% dependente da aplicação aérea. Assim como plantações de arroz no Rio Grande do Sul, que são campos inundados”, explica o engenheiro agrônomo e coordenador do CAS (Certificação Aeroagrícola Sustentável), Ulisses Antuniassi. Segundo o especialista, outra vantagem dessa técnica é que a mesma aeronave pode ser utilizada de várias maneiras como aplicação de insumos e defensivos, combate a incêndios e nucleação de nuvens para provocar chuvas.

O modelo de aeronave mais utilizada no Brasil é o monomotor, porém dependendo do tamanho da área helicópteros são opção, desde que atendam ao RBAC 137 (Regulamento Brasileiro da Aviação Civil), da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), aplicável a qualquer pessoa física ou jurídica operando ou que pretenda operar aeronaves agrícolas, lembra o especialista.

O Brasil é o segundo país em quantidade de aviões para essa prática: 2 mil. A primeira posição é dos Estados Unidos, com 10 mil aeronaves

As empresas dependem de registros emitidos pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento) que só é emitido caso tenham engenheiro agrônomo credenciado pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) coordenando as atividades a serem desenvolvidas para aviação agrícola e pilotos licenciados pela Força Aérea Brasileira, com certificado de conclusão de curso de aviação agrícola reconhecido. Há ainda a Instrução Normativa nº 02, que informa que as empresas devem adotar equipamentos que abaixam as moléculas de agrotóxico, a fim de evitar a contaminação do local.

Já os pilotos, de acordo com Antuniassi, devem ter experiência atuando como privados e comercial e fazer um curso de, aproximadamente, 80 horas com atividades práticas e teóricas. Além disso, devem manter-se afastados de locais a até 500 metros de povoações, cidades, vilas, bairros e também áreas de mananciais de captação de água.

Locais para aplicação tem impacto direto sobre os valores de usar a aviação. “Do ponto de vista prático, quanto menor a área, maior o custo.” Isso porque existem preços fixos com a decolagem que podem ser influenciados pela quantidade de hectares e regiões muito pequenas acabam elevando os valores. “Porém quando é uma produção com alto valor agregado esse custo é diluído”, finaliza.