Com produção crescente no Brasil, a cultura do algodão desempenha um papel fundamental na indústria têxtil global. Por muito tempo, éramos importadores, mas hoje, somos grandes exportadores.

No entanto, uma produção mais eficiente e produtiva depende de práticas de manejo adequadas em todas as fases do ciclo de cultivo. A aplicação do manejo certo é fundamental para controlar problemas e aumentar a produção e a qualidade das plumas.

Neste artigo vamos abordar os principais aspectos de manejo na cultura do algodão, com ênfase na busca pela maior produtividade, além de cuidados específicos em cada fase do cultivo.

Panorama de produção brasileiro de algodão

Segundo dados da ABRAPA (Associação Brasileira de Produtores de Algodão), na safra 22/23 no Brasil, foram semeados 1,66 milhões de hectares, com uma produção de pouco mais de 3 milhões de toneladas de pluma e produtividade média de 1,495 kg/ha.

Internacionalmente, nosso país se consolida como um dos líderes no mercado global de algodão, juntamente com a China, Índia, EUA e Paquistão. 

Tal cenário mostra o potencial do Brasil, estabelecendo novos padrões de produção e exportação. A forte tecnificação e a produção em grandes propriedades nos Cerrados, principalmente em Mato Grosso e no Oeste da Bahia, tem sido responsável pelo recente progresso.

No entanto, há muitos desafios climáticos e de manejo que demandam atenção redobrada quanto ao manejo das lavouras.

6 dicas de manejo do algodão

Para o produtor da pluma aqui no Brasil é preciso ter muito cuidado com a nutrição das plantas, o manejo adequado de pragas e doenças, irrigação e colheita, garantindo assim maior produtividade.

Confira algumas dicas:

1 – Preparo do solo

Para qualquer cultura, o preparo do solo é o conjunto de práticas que antecedem o plantio e objetivam que a cultura tenha condições ideais para a semeadura, germinação, emergência, estabelecimento das plântulas e desenvolvimento.

No caso do algodão, a planta é bastante sensível, principalmente em relação à matocompetição. Por isso, o cultivo da pluma exige alguns cuidados especiais durante todo o seu ciclo, especialmente no pré-plantio.  Veja o que deve ser feito:

  • Faça a análise do solo para estabelecer e proceder com as correções necessárias na área;
  • Prepare o solo, que pode variar de acordo com o tipo de solo, região e condições climáticas;
  • Garanta o espaçamento correto entre as plantas. Para o cultivo de algodão, indica-se o espaçamento entre 0,76 a 0,90 metros entre cada fileira. Caso a intenção seja realizar um plantio mais adensado, o espaçamento pode ser de 0,45 m a 0,50 metros.  

Além do correto preparo do solo e do espaçamento, é preciso estar alinhado com a época de plantio da cultura. Ao fazer isso, as chances de interferência das questões climáticas se tornam quase inexistentes.  

2 – Irrigação

A irrigação é um manejo que pode beneficiar a produtividade do algodoeiro, especialmente quando ele é cultivado em solos arenosos e em condições climáticas, onde é frequente a ocorrência de veranicos. 

O adequado fornecimento de água é um manejo que proporciona maior retenção dos botões florais, o que concorre para maior número de capulhos por planta e, com isso, maior produtividade.

A irrigação deve ser realizada regularmente, principalmente durante os estágios críticos (floração e formação das maçãs de algodão). 

Por isso, é importante monitorar a umidade do solo e evitar tanto a escassez quanto o excesso de água.

Na cultura do algodão podem ser empregadas as irrigações localizadas ou por aspersão.

3 – Fertilização

No algodão, a fertilização pode ser feita em três épocas: pré-plantio, plantio e cobertura. 

A adubação pré-plantio é adotada para facilitar o manejo da cultura. Seu uso aumenta o rendimento da operação de semeadura, sendo comumente usada para o fósforo.

No caso do nitrogênio e do potássio, os 3 tipos de adubação podem ser adotados. O mais seguro é a adubação de plantio mais o parcelamento da cobertura.

Já a adubação de plantio deve ser feita no sulco de semeadura, ao lado e abaixo da semente, com pequena proporção de nitrogênio (10-15 kg/ha), fósforo em dose total, metade ou um terço da dose recomendada de potássio e micronutrientes.

A adubação de cobertura pode ser única ou parcelada, quando necessário. A primeira dose deve ser feita entre 30 a 35 dias após a emergência, com N, K, S e B (1/2 da dose), caso esses dois últimos não tenham sido aplicados na semeadura. 

A segunda dose de cobertura com N e K (se necessário) deve ser feita cerca de 20-30 dias após a primeira.

4 – Controle de pragas, doenças e daninhas

As principais pragas do algodão se dividem entre pragas iniciais e tardias. 

Em cada período, existe uma variedade de insetos e fungos que podem surgir na sua lavoura de algodão, causando diferentes graus de danos. 

Por essa razão, condições de alta umidade e de calor se tornam perfeitas para a proliferação desses males.

Logo, o manejo das doenças deve se basear sempre em manejos integrados, desde o preparo da área e escolha de cultivares com resistência às pragas — passando pela limpeza de equipamentos e rotação de culturas — até o controle químico.

O controle de plantas daninhas também deve ser uma prioridade. Para evitar a presença de ervas daninhas, o plantio em área limpa é essencial, principalmente durante a fase de crescimento.

Assim, durante os primeiros 80 dias, o agricultor deve redobrar sua atenção para que as plantas invasoras não elevem a mato-competição, a ponto de comprometer o desenvolvimento das plumas.

5 – Desfolha

Aproximando o momento da colheita de algodão, a desfolha faz parte da importante decisão para o bom andamento da colheita. Os critérios devem seguir parâmetros técnicos.

Esse processo melhora a eficiência da colheita e preserva a qualidade da fibra do algodoeiro. 

Dessa forma, a aplicação dos desfolhantes é realizada quando cerca de 75% das maçãs estão abertas, com produtos à base de diuron e etefom. Após a aplicação desses produtos há formação de uma zona de abscisão e em seguida a queda das folhas. 

Nas condições brasileiras, após 14 dias da aplicação dos desfolhantes as lavouras estão prontas para a colheita. Entretanto, baixas temperaturas e baixa radiação podem atrasar e reduzir a eficiência da desfolha.

6 – Colheita

A colheita do algodão é uma das fases mais críticas para assegurar boas rentabilidades. Falhas resultam em fibras danificadas, resultando na perda da qualidade.

Para evitar erros comuns nessa etapa da produção, há alguns pontos que merecem muita atenção. Veja:

  • Boa desfolha, permitindo a abertura mais uniforme dos capulhos, melhor rendimento na colheita e menos contaminantes nas plumas;
  • Adote uma logística adequada para a colheita de algodão, iniciando a produção o mais rápido possível, quando o algodoeiro apresenta 100% dos capulhos abertos;
  • Monitore a umidade das plumas, que vai dizer a hora certa de iniciar a colheita de algodão.

A cultura do algodão é cada vez mais dependente do alto investimento. Logo, qualquer detalhe ou boa prática de manejo pode fazer toda a diferença, garantindo maior produtividade e rentabilidade da atividade!

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