Do sensor no campo às estratégias de marketing mais avançadas: aprender a usar IA é urgente para todos os profissionais que atuam no agronegócio brasileiro. No marketing, mais especificamente, a inteligência artificial (IA) está mudando a forma como marcas se conectam com produtores rurais e tomadores de decisão no campo.
Isso acontece principalmente porque nos encontramos em um cenário onde o funil de compras tradicional já não se aplica, assim a tecnologia surge como uma ferramenta essencial para lidar com o excesso de estímulos e a velocidade das decisões de consumo.
“Não tem mais funil de compras. Tem estímulos, estímulos, estímulos o tempo todo”, afirmou Marcondes Farias, diretor do Innovation Hub da Microsoft, durante o 17º Congresso de Marketing do Agro ABMRA . Segundo ele, o modelo clássico de jornada do consumidor foi substituído por um ambiente dinâmico, onde a atenção é disputada em múltiplos canais e a tomada de decisão é cada vez mais rápida — inclusive no setor agropecuário.
IA no marketing rural: da análise de mercado à personalização em escala
Segundo o especialista, a aplicação da inteligência artificial no marketing rural vai muito além da automação de tarefas. Ela permite analisar tendências de mercado, prever comportamentos, personalizar campanhas e até simular reações de consumidores por meio de avatares digitais. “Você faz pesquisas com milhões, treina modelos de linguagem e cria avatares. A taxa de acerto comparada com humanos chega a 80%”, explica Farias.
Essas tecnologias são especialmente úteis no agronegócio, onde o relacionamento com o cliente é de longo prazo e a jornada de compra envolve múltiplos influenciadores. Com IA, é possível criar campanhas segmentadas, prever a intenção de compra e ajustar a comunicação em tempo real.
Segundo pesquisas do Polo Sebrae Agro, divulgados em janeiro de 2025, o mercado global de IA no setor agrícola deve crescer de US$ 1,7 bilhão em 2023 para US$ 4,7 bilhões em 2028 – um aumento de 176%. No Brasil, esse avanço também é expressivo, com soluções cada vez mais presentes no dia a dia do produtor.
Dados: o combustível da inteligência artificial no agro
O caminho, porém, não é utilizar essa tecnologia a qualquer custo. Para que a IA funcione com precisão, é essencial alimentar os sistemas com dados de qualidade. “A inteligência artificial não é capaz de acertar se você não fornecer a informação correta”, alerta Farias. Ele destaca que empresas multinacionais já consolidam dados internos — de vendas, pesquisas e comportamento — para treinar modelos próprios de IA, garantindo segurança e consistência nas decisões.
No agronegócio, isso significa integrar dados de CRM, histórico de compras, clima, produtividade e até comportamento digital dos produtores para criar estratégias mais eficazes.

O futuro do marketing agro é automatizado, mas humano
Apesar da automação crescente, o especialista acredita que o papel humano continua essencial. “A pergunta é: como eu influencio a resposta do ChatGPT?”, provoca, referindo-se ao fato de que consumidores já consultam modelos de linguagem para decidir o que comprar. Isso exige que as marcas pensem em estratégias de marketing voltadas para recomendadores automatizados.
A inteligência artificial no agronegócio não é mais uma tendência — é uma realidade que exige preparo, dados estruturados e uma nova mentalidade. Como conclui Farias: “Todo o processo de decisão e execução de compra tem que se adaptar a isso.”
IA no agro: uma revolução em curso
A transformação digital no agronegócio é inevitável. Segundo a CNA e o CEPEA-USP, R$ 25,6 bilhões devem ser investidos em soluções tecnológicas no campo até o final de 2025, sendo 45% desse valor destinado à coleta e análise de dados e à aplicação de IA nas operações agrícolas.
A inteligência artificial no agronegócio não é mais uma tendência — é uma realidade que exige preparo, dados estruturados e uma nova mentalidade. Como conclui Farias: “Todo o processo de decisão e execução de compra tem que se adaptar a isso.”