A polinização assistida vem ganhando espaço na cafeicultura brasileira, influenciando diretamente a produtividade e a qualidade dos grãos. 

Nessa estratégia, as abelhas, como principais agentes polinizadores, desempenham um papel crucial na transferência de pólen entre as flores do cafeeiro, garantindo a formação de frutos e sementes saudáveis. 

Também contribuem para a biodiversidade, mantendo o equilíbrio dos ecossistemas e promovendo a saúde ambiental.

Logo, essa prática impulsiona a produtividade e a qualidade do café, como também promove a sustentabilidade ambiental. Leia o artigo e saiba mais!

O que é a polinização assistida com abelhas?

Cada vez mais comum, a polinização assistida é uma forma estruturada de aumentar o contingente de abelhas numa lavoura

Nela, são adotadas técnicas para aumentar as condições de que elas necessitam para polinizar a plantação naturalmente, de forma segura e com alta performance.

Para isso, há a introdução de colmeias nas plantações visando o aumento da presença desses insetos na área, que visitam as flores do café em busca de néctar e pólen.

Ao se moverem de flor em flor, as abelhas transferem o pólen, promovendo a polinização cruzada. 

Isso resulta em uma maior taxa de fertilização e na formação de frutos mais uniformes e de melhor qualidade.

Benefícios da polinização assistida com abelhas na cafeicultura

A adoção da polinização assistida com abelhas oferece uma gama de benefícios para a cafeicultura, abrangendo aspectos econômicos, ambientais e de qualidade do produto. Veja:

Aumento da produtividade

O uso de abelhas permite aumentar a taxa de frutificação, resultando em uma maior produção de café por hectare.

Estudos da Syngenta, em parceria com a Embrapa, demonstram um aumento de até 16,5% na produtividade, com potencial para elevar a produção de 32,5 para 37,9 sacas por hectare.

Melhora na qualidade do grão

A polinização eficiente garante a formação de grãos mais uniformes, com melhor desenvolvimento e maior concentração de compostos benéficos.

Com isso, os grãos tendem a apresentar melhor sabor, aroma e características sensoriais, agregando valor ao produto final.

O mesmo estudo cita que a nota sensorial da bebida aumentou em 2,4 pontos, mudando a classificação dos grãos de regulares para especiais. 

Esse salto de qualidade elevou o valor da saca em 13,15%, o que representa um ganho de US$ 25,40 por saca”, destacou o estudo.

Valorização do produto e ganho de rentabilidade

O café produzido com polinização assistida pode ser comercializado com um prêmio de preço, devido à sua maior qualidade e atributos de sustentabilidade.

O estudo da Embrapa e Syngenta estima um potencial de aumento de R$ 22 bilhões na receita anual do café arábica com a adoção generalizada da técnica.

Fortalecimento da sustentabilidade ambiental

A polinização assistida não apenas otimiza a produção, mas contribui para a conservação das abelhas, polinizadores essenciais para a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas.

Em entrevista para o site da Embrapa, Jenifer Ramos, uma das autoras do estudo, considera que a pesquisa oferece dados robustos para políticas agrícolas que integrem sustentabilidade e alta produtividade. 

O potencial dos polinizadores vai além do aspecto agrícola, afetando também o meio ambiente e a sociedade. Essa prática melhora a qualidade do agroecossistema e gera benefícios econômicos que abrangem toda a cadeia produtiva”, explica.

Ou seja, a estratégia promove a diversificação da fauna nos cafezais, fortalecendo a resiliência dos ecossistemas agrícolas.

A polinização assistida também diminui o uso de insumos agrícolas, já que aumenta a qualidade do fruto.

Como implementar a estratégia da polinização assistida no sistema de produção?

Pelo estudo, a Embrapa concluiu que a polinização assistida é uma excelente técnica para o café, especialmente por auxiliar na mitigação dos problemas gerados pelas imprevisibilidades.

No entanto, a implementação bem-sucedida da polinização assistida requer um planejamento cuidadoso e a adoção das seguintes práticas:

Seleção criteriosa das espécies de abelhas

Priorize espécies adaptadas ao clima e às condições locais, como a Apis mellifera e abelhas nativas sem ferrão (Melipona spp.).

Também considere a disponibilidade de recursos florais e a compatibilidade das espécies de abelhas com o cafeeiro.

Instalação estratégica das colmeias

Posicione as colmeias em locais próximos às floradas e de forma uniforme, garantindo o fácil acesso das abelhas às flores do cafeeiro.

Leve em consideração a direção dos ventos predominantes e a exposição solar para garantir o bem-estar das colmeias.

Manejo e monitoramento adequado das colmeias

Realize inspeções regulares das colmeias, monitorando a saúde das abelhas e a disponibilidade de recursos.

Também adote práticas de manejo sanitário para prevenir doenças e pragas nas colmeias.

Outro ponto importante é avaliar a atividade das abelhas nos cafezais, observando a frequência de visitas às flores.

Observe a quantidade de frutos chochos, e a uniformidade de maturação dos frutos.

A polinização assistida representa um investimento estratégico para a cafeicultura, impulsionando a produtividade, a qualidade e a sustentabilidade. 

Ao adotar essa prática, os produtores podem fortalecer seus negócios, contribuir para a preservação do meio ambiente e garantir um futuro próspero para a cafeicultura brasileira.

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