Produzidos por abelhas, o mel, a geleia real e as própolis são produtos provenientes da apicultura muito apreciadas pelo consumidor interno e externo, permitindo grande faturamento aos apicultores.

Por essa razão, essa é uma atividade que chama a atenção de muitos produtores familiares, principalmente por essa ser uma atividade que demanda menos espaço e investimento do que outras culturas agropecuárias. 

Diante disso, contaremos a você o que é apicultura, suas principais características e dicas para iniciar a criação de abelhas.

O que é a apicultura?

De acordo com a Associação Brasileira de Estudo da Abelha (A.B.E.L.H.A.), a apicultura consiste na criação de espécies de abelhas do gênero Apis para a produção de diversos itens, como mel, própolis e geleia real. 

No Brasil, a abelha mais popular é a Apis mellifera ou abelha-europeia, mas a abelha-africana também é bastante comum nas criações nacionais. Além disso, o Brasil possui uma flora apícola abundante e bastante diversificada, o que proporciona a produção de méis de excelente qualidade. 

Kátia Aleixo, bióloga da A.B.E.L.H.A salienta que a apicultura é uma atividade altamente sustentável em diversos aspectos. Segundo a bióloga, a apicultura nacional é fonte de renda para muitos agricultores familiares, além de ser de menor impacto à biodiversidade. 

Quando praticada de forma adequada, ela contribui para a manutenção dos serviços de polinização, fundamental para a reprodução das plantas com flores nos ecossistemas naturais e para a conservação da biodiversidade”. 

Além disso, as colmeias de Apis mellifera, em consórcio com cultivos agrícolas, como o melão, a melancia e a maçã, melhoram a produtividade e a qualidade de frutos e sementes. 

Neste caso, para uma polinização agrícola adequada, é preciso um planejamento com base nas características das variedades cultivadas e das abelhas.

Apis Mellifera: a abelha mais cultivada no Brasil

A abelha mais criada no Brasil (e no mundo) é a Apis melífera. Famosa pelo mel de qualidade e pela ferroada, ela é a grande representante do tipo de criação conhecido como apicultura. 

Contudo, no Brasil também há um outro grupo de abelhas sociais, ou seja, que formam colônias, conhecido como abelhas sem ferrão. “Diferente da Apis mellifera, as abelhas sem ferrão são nativas do Brasil e sua atividade de criação é a meliponicultora”, informa Kátia Aleixo.

Entre as espécies mais criadas estão as do gênero Melipona, como: mandaçaia (Melipona quadrifasciata), uruçu-nordestina (M. scutellaris), jandaíra (M. subnitida), uruçu-cinzenta (M. fasciculata), entre outras. 

Outras espécies muito criadas são a jataí (Tetragonisca angustula) e as dos gêneros Scaptotrigona e Plebeia. “Atualmente são conhecidas mais de 250 espécies de abelhas sem ferrão no país, cerca de 100 com iniciativas de manejo”, complementa a bióloga.

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5 pilares de uma criação de abelhas de sucesso

A apicultura é uma atividade milenar, com registros datando de 5 mil anos a.C. Daquela época até os dias de hoje, as técnicas se desenvolveram por meio da criação de colmeias artificiais e equipamentos para a extração mais eficiente dos produtos apícolas.

Consequentemente, colmeias populosas, saudáveis e produtivas são sustentadas principalmente por cinco pilares que, quando trabalhados de forma adequada pelo apicultor, geram bons retornos financeiros.

Veja uma abordagem geral destes pilares:

1 – Conhecimento sobre as abelhas

Para se tornar um apicultor de sucesso, os representantes da A.B.E.L.H.A. destacam que é necessário aprender o máximo sobre elas, seu comportamento e seu papel na natureza. “Ao conhecer o seu instrumento vivo de trabalho, o apicultor será capaz de tomar decisões que visem à melhora de sua produção”, destacam.

2 – Localização dos apiários

Definir onde será posicionado o apiário é uma das decisões mais importantes. Alguns fatores devem guiar essa decisão, pois interferem nos rendimentos pretendidos, na praticidade dos trabalhos e na segurança das pessoas e outros animais. 

Assim, para se ter sucesso nesse empreendimento, o apicultor precisa levar em consideração: 

  • Tipo de flora apícola na área; 
  • Presença de locais abrigados por árvores ou cercas-viva (conhecidos como quebra-ventos);
  • Sombreamento, topografia, condições do ambiente; 
  • Facilidade de acesso; e 
  • Segurança.

Vale ressaltar também que as abelhas campeiras podem realizar a coleta de alimento num raio médio de 3 km, mas quanto maior a proximidade das fontes florais das colmeias, maiores serão as chances de uma boa produção. 

A flora apícola (ou pasto apícola) deve ser rica e abundante num raio de 1,5 km do apiário, além de ser composta por espécies de plantas que apresentam complementaridade na floração para que exista alimento disponível ao longo do ano”, recomenda a associação.

3 – Gestão da atividade apícola

Cada colmeia é uma fábrica de produtos (mel, pólen, cera, própolis, geleia real e apitoxina), além de uma prestadora de serviços de polinização que gera retorno financeiro para o apicultor. 

Quando uma colmeia morre, enxameia ou produz pouco, dificilmente cobrirá os custos do apicultor com a produção. Dessa maneira, para obter uma boa produtividade, é importante considerar uma programação anual de manejo. 

Com essa medida, o apicultor poderá organizar melhor a gestão de suas despesas, receitas e de seu tempo de dedicação aos apiários. 

Existem diferentes períodos de floradas para os diferentes Estados brasileiros e a construção de um calendário apícola com a previsão da época de realização das principais práticas é uma boa forma de gestão na apicultura para a produção de mel”, recomendam os especialistas da A.B.E.L.H.A.

4 – Manejo produtivo das colmeias

Práticas gerais de manejo produtivo requerem o fortalecimento de colmeias nos meses anteriores às grandes floradas, trocas anuais de rainha e trocas de ceras velhas e escuras. 

Apesar de mais frequentes durante as floradas, as revisões devem ser rápidas, cuidadosas e as colmeias não devem ser manipuladas excessivamente. “Esse é um período em que as operárias estão trabalhando intensamente no armazenamento de alimento. Essa é uma atividade que deve ser preservada”, afirma a A.B.E.L.H.A. 

No período de menor disponibilidade de flores no ambiente, conhecido como inverno ou entressafra, o manejo deve limitar-se principalmente à alimentação suplementar energética e/ou protéica para evitar que as colônias enfraqueçam demasiadamente. 

É natural nessa época do ano que a população de abelhas diminua devido à escassez de alimento no campo. Os apicultores também devem realizar a retirada de melgueiras vazias, pois essa prática auxilia na regulação da temperatura interna do ninho pelas abelhas.

5 – Associativismo

Por fim, as associações são importantes espaços para o compartilhamento de conhecimento e troca de experiências. Por isso, os apicultores, quando associados, podem buscar uma melhor profissionalização e, dessa forma, serem mais competitivos, principalmente na comercialização do mel e demais produtos das abelhas.

Para ter detalhes, convidamos você a conferir este material desenvolvido pela A.B.E.L.H.A.

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Bônus: Nova plataforma da Embrapa reúne tecnologias e serviços para criadores de abelhas

Diante da importância da apicultura brasileira, pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental (PA) e a empresa Equilibrium Web, desenvolveram uma plataforma digital que reúne informações técnico-científicas, econômicas e de mercado sobre a apicultura e a meliponicultura. 

Acessado por computador e equipamentos móveis, o Infobee, traz os resultados da pesquisa agropecuária nas áreas de apicultura e meliponicultura, na forma de publicações, cursos, vídeos, animações e aplicações web. 

O propósito da solução é auxiliar o processo de tomada de decisão dos criadores de abelhas a partir do acesso a informações relevantes que possam promover a melhoria na gestão ou a superação de gargalos tecnológicos na atividade”, afirma o analista de sistemas Michell Costa, da Embrapa Amazônia Oriental.

Entre os destaques da nova plataforma estão: 

  • Calendário Apícola Digital, que disponibiliza informações sobre o local de ocorrência e a época de floração das plantas mais visitadas pelas abelhas na região amazônica; 
  • Meliponário virtual, que é uma maquete em três dimensões da estrutura do ninho, das caixas de criação e da morfologia da abelha; e 
  • Serviço denominado “zapbee”, que oferece respostas com o uso de inteligência artificial para atender aos criadores a qualquer hora e lugar.

Clique aqui e confira detalhes do Infobee que ajudarão você a conferir serviços e informações tecnológicas, econômicas e de mercado para conhecer e adotar boas práticas de manejo da apicultura.

Gostou deste tema? Então leia este artigo e entenda a importância da educação e da conscientização ambiental sobre o uso das abelhas