O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo. De norte a sul do país, temos polos produtores com mais de 2,5 milhões de hectares cultivados e 58 milhões de toneladas de frutas produzidas, que representam 5,4% do total mundial.
Mas tudo indica que uma região tem todas as condições para ser o novo polo de frutas do Brasil. Essa transformação tem sido trabalhada no âmbito da Rota da Fruticultura RIDE-DF, que reúne o Distrito Federal e 33 municípios dos estados de Goiás e Minas Gerais.
Neste artigo, vamos conhecer mais sobre o projeto e quais serão as próximas etapas da Rota da Fruticultura no Cerrado. Acompanhe!
O que é a Rota da Fruticultura?
A Rota da Fruticultura engloba o eixo organizador de toda a cadeia produtiva da fruta, desde produtores rurais até os setores de logística, armazenamento, embalagens, entre outros.
A ideia da nova Rota da Fruticultura é que a região da RIDE-DF se torne referência nacional no plantio comercial (não extrativista) do açaí, típico da região Amazônica.
Para isso, centenas de variedades de açaí desenvolvidas pela Embrapa (BRS Pará e BRS Pai d´Égua) já começaram a ser distribuídas para agricultores familiares dessa região do Cerrado.
Em um primeiro momento, serão plantados mil hectares de açaí, envolvendo a participação de cerca de 100 cooperativas e mais de mil produtores rurais. A meta é entregar mais de um milhão de mudas até maio de 2023.
Como fazer parte da Rota da Fruticultura?
Para fazer parte do projeto, é necessário que sejam utilizadas as mudas certificadas pela Embrapa, o que garante qualidade e produtividade. Além disso, ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação estão previstas dentro do projeto.
Com isso, é possível monitorar os pomares implantados e atender as demandas reais do setor produtivo.
Os idealizadores do projeto afirmam que diferentes frutíferas exóticas e nativas serão trabalhadas na Rota da Fruticultura. Para isso, atividades estão sendo realizadas para reunir fruticultores, agentes públicos e privados, técnicos, profissionais do setor e grupos empresariais dispostos a ajudar no desenvolvimento da fruticultura no Cerrado.
Quais frutas farão parte do cultivo na Rota da Fruticultura?
De acordo com o coordenador da Rota, Luís Curado, a ideia sempre foi focar os trabalhos em cultivos de alto valor agregado, caso do açaí, do mirtilo e de outras frutas vermelhas (berries). Mas também haverá foco no cultivo do morango, amora, framboesa e jabuticaba.
Ainda terão espaço e incentivo outras frutas cultivadas com sucesso na região do Cerrado, como goiaba, mamão, maracujá, pitaya, abacate, citros, além dos frutos nativos da região.
Segundo Curado, o trabalho da Rota da Fruticultura é referência e serve de exemplo para outras rotas de integração nacional.
“Simplificamos a metodologia do programa. Nosso objetivo é identificar os problemas, suas causas e soluções. Além disso, nosso planejamento é amplo e vai desde a muda certificada até o consumidor final”, conta.
Tropicalização da fruticultura no Cerrado
Para que o sucesso da Rota da Fruticultura na região se confirme, é importante a realização de pesquisas para o desenvolvimento, transferência de tecnologia e inovação que permitam a “tropicalização da fruticultura no Cerrado”, como explica o chefe-adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Cerrados, Fábio Faleiro:
“A região do Cerrado é próspera para a fruticultura. Temos mais de um milhão de propriedades rurais, sendo a maior parte de pequenos agricultores. A fruticultura é uma excelente opção para a viabilidade econômica na pequena propriedade”, afirmou.
Para isso, o pesquisador ressalta que é fundamental que os produtores, independentemente do perfil, utilizem a tecnologia no sistema de produção. “O empreendimento tem que ser tratado de forma empresarial. Não há como abrir mão disso”, enfatizou.
De acordo com Faleiro, várias tecnologias desenvolvidas ao longo dos anos foram importantes para a tropicalização de diferentes espécies de grãos e estão sendo importantes também para a tropicalização das frutas.
“Nós temos tecnologia para produção de cultivo protegido de várias frutíferas, o que garante alta produtividade, longevidade do pomar, alta qualidade dos frutos, produção na entressafra, menor ocorrência de doenças e pragas e é uma alternativa para rotação de culturas”, explicou.
Outras pesquisas são realizadas pela Embrapa no ramo da fruticultura
De acordo com Faleiro, as principais pesquisas com fruticultura na Embrapa envolvem uma série de possibilidades que englobam:
- Melhoramento genético dos materiais;
- Sistemas de produção específicos para o Cerrado (propagação, manejo fitossanitário, nutrição, irrigação); e
- Agregação de valor (na colheita, pós-colheita e na agroindústria).
“O material propagativo com genética superior é a base do sucesso do pomar. É muito importante que os produtores utilizem materiais propagativos (sementes e mudas) desenvolvidos pela pesquisa com características geneticamente superiores”, conclui Faleiro.
De acordo com Luís Curado, o objetivo do programa é gerar riqueza no campo. “Para isso, estamos adotando um trabalho integrado, com foco no cooperativismo, no associativismo, na organização e capacitação dos agricultores”, completa o coordenador do projeto.
Vale ressaltar que a Embrapa já registrou no MAPA mais de 420 cultivares das mais diferentes frutíferas (exóticas e nativas). Para ter informações sobre estas cultivares e o contato de produtores idôneos de sementes e mudas, basta acessar o site da Embrapa.
Fonte: Agência Embrapa de Notícias
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