A primavera é uma estação que tem um papel importante para o desenvolvimento da agricultura. É neste período em que há o florescimento das plantas e o desenvolvimento inicial dos frutos.
Com a chegada da nova estação, produtores vivem a expectativa de como será a nova estação e como ela pode impactar a produção agrícola. Eles têm esse receio porque tiveram um inverno seco e quente, resultando na quebra de safra em diversas áreas.
Assim, fica a dúvida: como será a primavera na agricultura?
Convidamos Alexandre Nascimento, sócio-diretor e meteorologista da Nottus, empresa especialista em meteorologia para negócios, para falar quais são as expectativas para a nova estação e como se comportar diante dela.
Quais são as previsões para a chegada da primavera?
Em 2024, a primavera no Brasil começa no dia 22 de setembro de 2024, às 9h44. O que esperar da estação, principalmente diante de um inverno extremamente seco e quente?
De fato, a agricultura brasileira está saindo de um período atípico, com quebras de safra em diversas áreas. Por consequência, a expectativa para a primavera é bem grande, como destacado por Alexandre Nascimento.
“Infelizmente, nosso país está queimando de norte a sul e boas chuvas, características da primavera, seriam muito bem-vindas para, ao menos, reduzir os prejuízos”.
O especialista explica que todos esperam ansiosos pelo retorno da chuva ao longo da primavera, em grande parte do Brasil. “Aos poucos, isso deve acontecer, diferente da primavera de 2023 onde a chuva atrasou”, diz.
Já no final de setembro, e início da nova estação, a chuva volta ao Sul do país. “Durante o finalzinho de setembro e principalmente ao longo de outubro a chuva deve ir se espalhando pelo Centro-Oeste e Sudeste do país”, complementa.
E ao longo do final de outubro e principalmente em novembro, ou seja, no terço final da estação, chegar nas áreas produtoras do Norte e do Nordeste.
Nascimento explica também que não há previsão de geadas tardias esse ano e com o avanço da umidade pelo Brasil as ondas de calor também deixam de existir.
Porém, é preciso ter atenção com o fenômeno La Niña. De acordo com a última projeção do International Research Institute for Climate and Society (IRI/CPC) há:
- 81% de chance de ocorrência do fenômeno no trimestre outubro-novembro-dezembro; e
- 83% para o trimestre novembro-dezembro-janeiro.
Ele deve trazer o retorno das pancadas de chuva frequentes e generalizadas para partes do Brasil a partir do início de outubro.
Por que a primavera é tão importante para a agricultura?
Assim como as outras estações do ano, a primavera tem uma grande importância para o desenvolvimento da agricultura.
A agricultura tem ligação direta com as condições climáticas, e a primavera traz o equilíbrio ideal para as atividades do campo, tornando bastante favorável para gerar alimentos de qualidade.
Normalmente é o período em que os agricultores estão finalizando (ou já finalizaram) a colheita das plantações e realizam o preparo para o plantio de mais uma safra.
Dessa forma, Nascimento explica que a estação marca o retorno da umidade e do calor ao país.
“Sob estas condições as árvores florescem e temos condições de semear. Basicamente é isso o que acontece e se a umidade não vem temos problemas”, destaca.
Entretanto, o meteorologista da Nottus explica que estamos vindo de algumas temporadas ruins. Ele cita os exemplos do Rio Grande do Sul e da região do cerrado.
“No Sul choveu muito em 2024, mas antes tivemos uma seca absurda (anos de La Niña, seguido de El Niño). Em contrapartida, a chuva atrasou demais no Cerrado e houve mais de um replantio”.
Por isso, Nascimento diz que é bastante importante planejar. Para isso, os agrônomos e produtores devem se informar com consultorias em meteorologia.
“Essa é a melhor forma de antecipar as intempéries e evitar gastos desnecessários e em momentos errados”, reforça.
Impactos da primavera na agricultura
A primavera marca a transição entre o inverno e o verão, ou seja, sob condições normais, ela representa a saída de uma estação mais seca e fria para uma estação mais quente e úmida.
Porém, esse ano é anômalo, como explica Nascimento. “Nosso inverno foi quente e muito mais seco, mas possivelmente a primavera deve ser menos quente”.
Dessa forma, se primavera entra normal, ou seja, com as pancadas de chuva acontecendo dentro da normalidade, há o florescimento das árvores frutíferas (como os laranjais e cafezais).
O solo, por sua vez, começa a ter condição para receber a semeadura de culturas como soja e milho.
Além disso, ao longo da primavera, a força e a frequência da chuva aumentam e isso vem para contribuir com as fases de maturação das plantas e enchimento dos grãos, assim como o surgimento dos frutos nas árvores.
Desafios e oportunidades surgem com a chegada da primavera
O retorno do calor e da umidade é essencial para a agricultura, mas há também alguns desafios, como os destacados pelo meteorologista da Nottus.
“Se chover demais e não houver a incidência do sol (invernada) podem surgir doenças fúngicas, resultando em pragas e doenças”.
Diante disso, a importância de um bom manejo é muito grande, exigindo que o produtor:
Aproveite as janelas mais secas para pulverizações;
Adote um melhor manejo da água. Por exemplo: se chover bem, vale desligar os pivôs;
Maneje corretamente os mananciais etc.
O especialista da Nottus destaca que, durante a primavera, os meteorologistas ainda ficam de olho na possibilidade de geadas tardias, além de eventuais janelas secas que podem dar replantio. Logo, a informação é fundamental:
“Os agricultores não podem se apartar das informações do clima nesse momento extremamente importante”, recomenda.
Mas há também boas oportunidades. A agricultura de precisão, por exemplo, se tornou uma alternativa bastante interessante para superar os desafios.
Suas tecnologias permitem saber como estão as condições de solo e ativar ou desativar sistemas de irrigação.
Também são recomendadas para dar algum alerta para que se façam aplicações a mais ou a menos, de acordo com os dados de monitoramento climático.
“Estar juntos (agricultor e previsor) é bastante importante ao longo de todo o processo”, finaliza Alexandre Nascimento.
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