William Marchió

 

Diretor Executivo da Associação Rede – iLPF

 

O Brasil agropecuário vem passando por algumas revoluções em suas últimas décadas, uma das revoluções mais significativas foi o domínio das áreas de Cerrado para produção de grãos, desenvolvimento de variedades capazes de serem cultivadas neste Bioma desafiador;  tivemos também o advento do plantio direto na palha que propiciou grande economicidade ao sistema produtivo; tivemos o desenvolvimento da possibilidade de fazermos segunda safra (safrinha) duas culturas simultâneas no mesmo ano agrícola sem irrigação. Agora temos a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, uma verdadeira revolução em curso; a possibilidade de estabelecermos uma “agricultura sem parar” sucessivas safras como a de soja, seguida do milho consorciado com gramíneas, pastagens com o boi e também a possibilidade da introdução do componente florestal no sistema, enfim uma fazenda que estará em produção agropecuária o ano todo. São várias as estratégias dentro da integração, as possibilidades de consórcio são imensas, podemos ter gramíneas com sorgo, com girassol, com videiras, com oliveiras, podemos ter bovinos, ovinos, caprinos, suínos, é possível termos o coco da Bahia, a macaúba o dendê.

Os arranjos produtivos possíveis a serem adotados são muito vastos, sempre estarão dependentes de diversas condições que vão desde o perfil e aptidão do produtor e sua equipe, das condições edafoclimáticas da região, das possibilidades de mercado, do fornecimento de insumos e logística. Agora passamos a lidar com um sistema de produção, com maior complexidade, porém com vantagens comparativas enormes, a resiliência ao revés climático, à diversificação de renda, à diminuição de riscos de mercado, a sustentabilidade sócio ambiental, o choque de gestão e profissionalização que a tecnologia provoca na fazenda e na equipe e principalmente pela melhoria na geração de renda do produtor e de seus colaboradores, tem impulsionado o uso da ILPF.

Acreditamos termos hoje cerca 14 milhões de hectares com algum modelo de integração no Brasil, estamos assistindo um crescimento em torno de 10% ao ano no uso da ILPF, com o avanço das pesquisas e o melhor conhecimento destes diferentes arranjos, este passa a ser um caminho sem volta para a agropecuária brasileira.

 

*foto: William Marchió