O algodão é um produto de extrema importância socioeconômica para o Brasil. Figuramos entre os cinco maiores produtores de algodão do mundo. Na safra 2020/21, o Brasil somou 2,63 milhões de toneladas com um rendimento de 1.733 quilos por hectare.
Para o futuro, há a expectativa que o setor algodoeiro brasileiro eleve ainda mais seu volume de produção, fazendo com que o país alcance elevadas posições dentro do cenário mundial.
Mas, para alcançar o sucesso, cabe aos produtores brasileiros investir em boas práticas para que o plantio de algodão resulte em uma nova safra muito mais produtiva.
Cultura de algodão no Brasil: significativo avanço nos últimos anos
Quando presenciamos uma lavoura de algodão pelos campos do país, logo esperamos aquele campo já branquinho, muito bonito e pronto para a colheita. No entanto, até chegar a esse estágio, muito trabalho, planejamento e paciência foram necessários.
O mais interessante é que hoje produzimos fibra de ótima qualidade e ao mesmo tempo alcançamos alta produtividade.
Isso só é possível devido à inserção de novas tecnologias e boas práticas ao sistema de produção, como biotecnologias, novas cultivares, nutrição e manejo fitossanitário específico.
No entanto, mesmo com os últimos avanços, a cadeia da cotonicultura continua complexa e de alto valor agregado. Consequentemente, os desafios já se iniciam durante a etapa de plantio de algodão, que exige vários cuidados e boas práticas que merecem atenção.
5 Boas práticas para um plantio de algodão mais eficiente
De forma geral, a cultura de algodão é muito produtiva e rentável, mas para ter sucesso é fundamental que o cotonicultor se qualifique para executá-la.
Para isso, há algumas boas práticas que devem ser adotadas e serão fatores determinantes para conquistar um incrível plantio de algodão. Veja:
1 – Priorize o preparo do solo
Em qualquer cultura, uma das etapas determinantes para o sucesso da plantação é o preparo do solo. Portanto, se determinado solo tiver sido utilizado durante muito tempo para uma mesma cultura, a recomendação é realizar a aração para que ele esteja preparado para o novo plantio de algodão.
Além disso, se a sua propriedade tiver ocorrência da presença de ervas daninhas, é recomendado fazer duas arações.
Quanto à profundidade, o mais adequado é fazer uma aração de 30 centímetros, isso porque as raízes do algodoeiro ficam em uma profundidade média de 20 centímetros.
2 – Realizar o plantio na época certa
As condições climáticas são fatores que influenciam significativamente no desempenho do cultivo de algodão. Portanto, é preciso conhecer as características climáticas da região para identificar a época mais propícia para promover o plantio.
Veja, a seguir, a época de plantio de algodão mais recomendada para cada região:
Região Norte
- Tocantins: Plantio entre dezembro e fevereiro.
Região Nordeste
- Maranhão e Piauí: Plantio entre dezembro e janeiro.
- Bahia: Plantio entre novembro e fevereiro.
Região Centro-oeste
- Mato Grosso: Plantio entre dezembro e fevereiro.
- Mato Grosso do Sul: Plantio entre novembro e janeiro.
- Goiás: Plantio entre dezembro e janeiro.
Região Sudeste
- Minas Gerais: Plantio entre novembro e março.
- São Paulo: Plantio entre outubro e dezembro.
Região Sul
- Paraná: Plantio entre outubro e dezembro.
Como você pode notar, os períodos de plantio do algodão no Brasil são distintos em função da diversidade climática de cada região, beneficiando dois aspectos principais:
(1) a compra dos insumos será realizada de maneira escalonada, permitindo um melhor fluxo destes em direção às propriedades rurais.
(2) O algodão, ao ser colhido em diferentes épocas, fará com que os embarques internacionais e abastecimento doméstico seja realizado também de maneira periódica, permitindo maior fluidez ao longo do ano.
3 – Adote a correta adubação
A adubação é essencial para qualquer cultura e, no cultivo do algodão não seria diferente. Para isso, é preciso conhecer as características do solo e considerar o desempenho esperado para a variedade de algodão utilizada.
Para isso, há a necessidade de realizar uma análise do solo para ajudar a garantir a oferta de micro e macro nutrientes necessários antes mesmo da fase de semeadura, que ocorre no sulco.
Já em relação ao uso de nitrogênio, o produtor precisa fazer o cálculo de acordo com o desempenho que deseja para a produção.
4 – Priorize espaçamentos adequados para a cultura do algodão
Na cultura do algodão, quanto maior o número de plantas em uma área, maior será a competição por água, luz e nutrientes, o que pode comprometer a produtividade.
Para evitar isso é essencial priorizar a determinação de um espaçamento adequado que garanta a máxima produtividade da cultura, permitindo que ela expresse todas as suas características.
De forma geral, os seguintes espaçamentos devem ser considerados:
- Espaçamento entre fileiras de 0,76 m a 0,90 m;
- Se o cotonicultor optar pelo cultivo adensado, o espaçamento deve ser de 0,45-0,50 m;
- Densidade de 8 m² a 10 plantas por m².
Vale ressaltar que maiores densidades são mais indicadas para variedades de menor porte e para solos arenosos.
5 – Muito cuidado com pragas e ervas daninhas
Assim como qualquer cultura agrícola, o algodão também está sujeito à ação de pragas e presença de plantas daninhas que devem ser combatidas.
No caso das pragas, a lagarta Helicoverpa armigera e o bicudo do algodoeiro representam grandes desafios.
Para combater essas pragas, o cotonicultor deve adotar práticas comuns, como manejo integrado, uso de inseticidas biológicos e químicos e adoção de cultivares geneticamente modificados, entre outros.
Já para evitar a presença de ervas daninhas, o plantio em área limpa é essencial, principalmente durante a fase de crescimento.
Assim, durante os primeiros 80 dias, é preciso redobrar a atenção para que plantas invasoras não comprometam o desenvolvimento das plumas.
O correto planejamento é também essencial!
Além das boas práticas apresentadas anteriormente, investir em um correto planejamento é essencial para alcançar o sucesso com a nova safra.
Ao planejar todas as atividades, será possível conhecer todos os detalhes e necessidades da cultura. Isso faz com que a tomada de decisão seja mais efetiva, do pré-plantio à comercialização.
Dessa forma, o sucesso da lavoura depende do registro e planejamento de todas as informações da nova lavoura de algodão.
Por fim, vale salientar que o algodão é uma cultura que depende de alto investimento, consequentemente qualquer detalhe ou boa prática pode fazer muita diferença para a rentabilidade da atividade!
Você tem dificuldades para vender? Então confira este artigo de Rodrigo Capella e veja algumas dicas.