O Brasil precisa inserir os jovens no agronegócio, pôr em prática projetos de agricultura de precisão, além de repensar seu papel de líder, tudo isso em meio a atual crise econômico-política. Esses foram alguns dos desafios identificados durante o 15º Congresso Brasileiro do Agronegócio da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) “Liderança e protagonismo”.

Segundo o presidente do conselho diretor da Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal), Eduardo Leduc, um dos principais problemas do País é ser considerado líder apenas pelo volume produzido ou exportado ou ainda pelo tamanho da área utilizada. Por sermos percebidos pelo mundo devido ao quanto produzimos, países como Alemanha, França e Suíça lideram mercados de produtos industrializados derivados de ingredientes brasileiros.

É o caso do chocolate, produzido a partir do cacau plantado e colhido em fazendas na Bahia e Pará, mas comercializado como 100% belga. “Isso é inaceitável”, enfatiza Leduc. Outros mercados que apresentam dificuldades, na opinião dele, são os de carne bovina, suína e de frangos. Isso porque somos o maior exportador, mas as empresas apresentam por anos consecutivos prejuízos pesados e mais de um terço das fábricas estão ociosas, reduzindo a capacidade de inovação e de investimentos.

 “Liderar é conquistar”, considera Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG

Enquanto o Brasil abate animais com idade variando entre 30 e 36 meses, obtendo 250 quilos de carne, os Estados Unidos conseguem 300 quilos, de bois entre 18 e 20 meses. Há ainda a questão de que se mesmo se tivéssemos mais clientes, e consequente aumento na demanda, não teríamos bois para abater.  “Os norte-americanos têm o dobro de eficiência, produzem mais com metade de cabeças de gados e ditam regras para serem aceitos lá e fora de lá”. Quanto ao segmento de suínos e frango, também somos líderes, mas estamos fechando fábricas, parte delas porque falta milho para a alimentação dos animais.

Ainda de acordo com Leduc, para sermos líderes devemos ser a preferência do consumidor final, que é cliente dos clientes dos empresários do agronegócio. “Líder influencia e define preços”, afirma. Além disso, para quem busca investidores, o conselheiro alerta que eles olham para faturamento e resultados das empresas, não somente para volume produzido.

“Quem é líder tem senso de prioridade”, diz a senadora Ana Amélia Lemos (PP/RS)

O grande gargalo agro no Brasil para o presidente do conselho diretor da Andef, porém, é a falta de estratégia política voltada para a cadeia produtiva. Opinião compartilhada com o economista e sócio da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros. “A pauta da reforma agrária não é a mesma do País há muito tempo. Além disso, devemos acabar com a dicotomia de que grande produtor e pequeno produtor são inimigos”, aponta Barros. Para o diplomata brasileiro Marcos Azambuja, embaixador do Brasil na Argentina (1992-1997) e na França (1997-2003), nosso País está excessivamente diagnosticado. “O que falta – e é necessário – é uma ação contínua e sistemática”, pondera Azambuja.