O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira. Porém, quando o assunto são as exportações, o Brasil concentra suas exportações na produção primária, enviando ao exterior matérias-primas, como grãos, ou produtos pouco elaborados, como carnes, de alto conteúdo doméstico; enquanto o normal é que, numa economia de mercado, os países recorram cada vez mais à especialização e à exportação.

De acordo com o presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Maurício Antônio Lopes, a maioria dos países busca aprimorar sua capacidade de produção em um conjunto limitado de atividades, para as quais tenham vantagens comparativas ou competitivas. Afinal, em um mundo tão dinâmico e mutável, é importante que os países estejam atentos às necessidades de infraestrutura e capital humano, criando um ambiente de negócios que habilite seus setores exportadores a promoverem ajustes e reconversões que os mantenham competitivos.

“E este é um enorme desafio para o Brasil, que continua sendo uma das economias mais fechadas do mundo, quando se avalia participação das exportações e importações no PIB (Produto Interno Bruto) ”, afirma Lopes.  Ainda de acordo com o presidente da Embrapa, nosso modelo industrial com alto nível de protecionismo, originado na lógica da substituição de importações, nos exclui dos processos de produção que evoluem ao longo de cadeias de valor transfronteiriças, parte muito importante da globalização.

Um produto que deveria ser melhor aproveitado é o café, produto simbólico do Brasil. Ele é exemplo clássico da nossa desconexão das cadeias de valor de grande sofisticação e rentabilidade, como os cafés gourmet e em cápsulas, que ganham o mundo com rótulos americanos, europeus e asiáticos.

Na opinião do presidente da Embrapa, o Brasil precisará se abrir para a importação de produtos que possam favorecer processamento para exportação, elevar a competitividade de produtos com baixa participação de mercado, investir mais na negociação de acordos comerciais e na abertura de novos mercados, e atrair investimentos e empresas inovadoras para o País.

Pecuária intensiva