Gado que ganha mais peso no cocho, mas que come menos é o desejo de todo pecuarista e possivelmente seja o seu também, certo?! Mas você acredita que isso seja possível? Pensando na possibilidade de ter um animal que consome menos comida e apresenta maior ganho de peso, pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) estão realizando diversos estudos a respeito disso.

Uma destas pesquisas visa utilizar uma estrutura computadorizada, formada por cochos eletrônicos e estações de pesagem. Com essa tecnologia será possível identificar quais animais possuem melhor conversão alimentar, ou seja, comem menos e engordam mais.

Entendendo o conceito de eficiência alimentar (maior ganho de peso com menos comida)

Antes de mostrarmos a tecnologia que auxiliará o pecuarista a ter maior ganho de peso de seus animais, mesmo com eles comendo menos, devemos entender o conceito de eficiência alimentar. A eficiência é a relação entre o que o indivíduo consome e o seu ganho de peso posterior. Para isso, é preciso medir quanto do alimento que o animal comeu foi convertido em carne (em ganho de peso).

Com isso é gerado um índice de conversão alimentar, onde quanto maior o valor, melhor é o índice de cada animal. Para que essa medição seja eficaz, é requerido investimento, gestão, recursos humanos especializados e principalmente equipamentos. Daí a ideia do cocho eletrônico, que pode fazer toda essa medição diariamente, auxiliando no exato índice de conversão alimentar de cada animal.

Tecnologia de cochos eletrônicos: Como funciona?

Para conseguir medir a eficiência alimentar do gado, a Embrapa vem desenvolvendo a tecnologia dos cochos eletrônicos. Segundo o nutricionista animal e pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Rodrigo da Costa Gomes, estes cochos são dispostos de forma que apenas um animal de cada vez se alimente em cada módulo do cocho. O pesquisador comenta como isso funciona:

O animal é equipado com um chip eletrônico na orelha, que é lido por uma antena instalada no cocho que o reconhece quando o animal começa a se alimentar. Neste momento, balanças dispostas embaixo do cocho são ligadas e medem imediatamente a quantidade de ração disposta ali”.

Gomes explica ainda que quando o animal termina de se alimentar e sai do cocho, a antena novamente faz a identificação do chip daquele animal e liga à balança que pesa o conteúdo final do cocho.

A diferença entre o peso do cocho antes e depois do animal se alimentar representa o que o animal consumiu naquela visita”, explica o pesquisador.

Ao longo do dia, o sistema soma as quantidades consumidas durante todas as visitas daquele animal ao cocho, permitindo uma medição automática do consumo diário de alimentos.

Melhoramento genético: Principal benefício com os cochos eletrônicos

Os estudiosos da pecuária de corte sempre buscaram selecionar um gado que apresente maior ganho de peso, mesmo comendo menos comida. Acontece que a seleção para esta característica não é algo tão simples quanto se pensava, pois precisa de uma correta medição de quanto o gado come e quanto de peso ganha – e isso está sujeito a muitos erros.

Por isso, segundo Gomes, esta tecnologia foi criada para ser utilizada principalmente em instituições e criatórios que possuem algum trabalho de melhoramento genético, independente da raça bovina utilizada.

Candidatos a reprodutores e matrizes podem ser avaliados em instalações que possuem tal cocho para determinar o consumo médio de alimentos e também a conversão alimentar. A partir destas informações, o criador pode escolher reprodutores e matrizes melhorados para estas características, se for o caso”, explica.

Ademais, com os cochos eletrônicos haverá diminuição da mão-de-obra, com consequente redução dos custos para tal avaliação. “Isso permite que um maior número de animais seja avaliado, gerando uma quantidade maior de informações que poderão, então, ser utilizadas pelos programas de melhoramento genético, contribuindo para a evolução das raças de gado de corte no Brasil”.

Treinamento e acompanhamento profissional são importantes

Gomes explica que, independente do uso ou não do cocho eletrônico, é fundamental a orientação de um nutricionista animal para a formulação da ração a ser utilizada e para a definição dos procedimentos de alimentação, tais como forma de mistura, quantidades fornecidas, horário de alimentação, etc.

Quando o sistema de cochos eletrônicos for utilizado para auxiliar na avaliação de desempenho de candidatos a reprodutores e matrizes, o pesquisador diz ser importante ter o acompanhamento de um profissional da área para tratar e analisar os dados e entregar as informações finais do consumo de alimentos e da conversão alimentar de cada animal.

Outra dificuldade que o pecuarista pode achar que ocorre neste sistema é a capacidade dos animais em utilizar o cocho eletrônico. Porém, Gomes diz que normalmente os animais aprendem muito rapidamente a utilizar esse sistema, sendo raro o caso de indivíduos que precisam ser retirados da instalação por não se acostumarem a ela.

Pecuária intensiva